Mulher Desnuda - Autoimagem e Autoestima

Tornamo-nos profissionalmente poderosas, ocupando posições corporativas antes estritamente masculinas. Somo belas, inteligentes e financeiramente independentes. Mas “a fachada de força que exibimos para o mundo esconde a angústia por trás de fórmulas mágicas”, “que não funcionam e ainda nos sobrecarregam com modelos de comportamento que não permitem que sejamos imperfeitas” (Mulheres às Avessas; Lígia Guerra). Bancamos as heroínas, mas será que nos sentimos verdadeiramente fortes e felizes?

Passamos o dia no trabalho; e que papel desempenhamos ao retornarmos aos nossos lares? Parece o máximo dizer que alguns homens ajudam nas tarefas domésticas; entretanto, o verbo ajudar aqui utilizado não descreve por si só que, ao menos em princípio, esses afazeres seriam nossos?

Infelizmente fazemos parte de uma estatística que aponta um caso de denúncia por agressão a cada 7 (sete) minutos (O Estadão; 07 de março de 2016); porém em nosso meio há diversas mulheres sendo agredidas fisicamente e mantendo-se caladas por dependência financeira e, em larga escala, por dependência emocional, por vergonha ou por se sentirem culpadas pela agressão sofrida.  Isso pra não falar das agressões verbais que tanta humilhação provocam e que aniquilam com a autoestima de qualquer ser humano.

Dove Real Beleza, “Vídeo publicitário mais assistido da história do YouTube e grande vencedor de Cannes”(25 de junho de 2013, exame.com) nos revela como a nossa autocrítica interfere negativamente em nossa autoimagem e, consequentemente, em nossa autoestima. Prendemo-nos a detalhes que consideramos negativos e deixamos de lado todo o resto, encobrindo nossa verdadeira beleza e dando ênfase às imperfeições que somente nós enxergamos.

Muitas de nós ainda esperam o príncipe encantado, enquanto há as que rejeitam um gesto de abrir a porta do carro ou puxar a cadeira como sendo uma demonstração de poder masculino. Se, por um lado, príncipes não existem, será que não havemos de considerar que as rosas e gentilezas ofertadas por um homem possam ser apenas demonstrações carinhosas?

Ao defender a necessidade de mudanças, significativamente passamos a educar nossos filhos de outra forma ou continuamos a repetir padrões machistas de comportamentos? Estamos buscando o outro extremo precisando provar uma “liberdade” e “igualdade” que talvez nos pareçam, por fim, vazias?

Estaríamos usando maquiagem para encobrir fragilidades interiores ou, por outro lado, apenas tentando nos desnudar para descobrir simplesmente e verdadeiramente quem somos nós? A opção é de cada uma e ao seu tempo! Nossa beleza e nossos encantos vão além do que nos mostra o espelho ou nos exibem algumas revistas femininas!

Que desenvolvendo nosso autoconhecimento consigamos identificar o que sonhamos para nós mesmas, nos posicionando de forma livre, por realmente nos sentirmos assim. Como nos vemos e nos sentimos determina quem somos. E o que impede que as diferenças entre os universos masculino e feminino sejam encaradas como complementares e não como competitivas?

Feliz Dia Internacional da Mulher!