Mulheres, diálogo e inovação

Estamos em 2020 e, apesar de avanços consideráveis, ainda vivemos em um mundo que cria diversos estigmas em torno das mulheres e de suas capacidades. Isso acontece até mesmo em questões básicas ligadas à nossa natureza como maternidade, envelhecimento ou até mesmo a menstruação.

Qual é a mulher que nunca ouviu frases como: “Você está muito irritada hoje, deve estar menstruada”. “Chorando vendo filme? Só pode estar naqueles dias”. Essas são frases relacionadas à menstruação que costumamos ouvir no dia a dia. Há gerações, os nossos comportamentos são estigmatizados por algo natural que acontece todos os meses. Nesse sentido, há ainda a percepção deturpada de que menstruar é algo vergonhoso, limitador ou que denota fragilidade.

Como uma executiva a frente de duas marcas que falam diretamente com mulheres em diversas fases da vida – Intimus, líder na categoria de absorventes, e Plenitud, especialista em cuidados adultos – acredito muito no poder de inovação das empresas como um dos propulsores para termos um diálogo mais aberto e um mundo mais sadio. Isso se reflete desde o impacto positivo na qualidade de vida das pessoas, por meio do acesso a produtos que satisfaçam suas necessidades de forma a melhorar o conforto, a conveniência e o bem-estar, até a forma como as corporações podem liderar conversas importantes com a sociedade e que incentivem transformações positivas de mentalidade. 

Fazemos parte do portfólio da Kimberly-Clark, empresa de quase 150 anos de história que tem como visão “liderar o mundo no que é essencial para uma vida melhor” e que tem um compromisso de longa data com a higiene menstrual. Essa história começou a partir de percepções de mulheres que atuavam como enfermeiras durante a 1ª Guerra Mundial. Elas começaram a suturar compressas higiênicas feitas com as bandagens de CelluCotton da Kimberly-Clark de forma que pudessem ficar protegidas e permanecer na linha de frente durante o período menstrual.

Surgia, então, o absorvente, que passaria a ser comercializado pela marca Kotex (Intimus, fora do Brasil) em 1920. Com essa inovação, a Kimberly-Clark criava uma das categorias em que atua até hoje, contribuindo para a emancipação da mulher.

No entanto, aquele ainda era o início de uma jornada de transformação a que nos dedicamos até hoje – de propagar as conquistas das mulheres. No pós-guerra, o estigma associado à menstruação era tanto que exigia que o produto fosse vendido em uma caixa simples, sem marca, atrás de um balcão de farmácia.

Passado um século, muita coisa mudou e as embalagens são bem diferentes. Mas, infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade que carrega o estigma social de que a menstruação define a personalidade das mulheres. De fato, os sintomas no período acontecem de diferentes formas, mas o comportamento feminino associado a um ciclo natural não define como cada mulher é ou do que ela é capaz.

Foi assim que surgiu, ainda em 2018, a campanha global intitulada “Menstruada ou Não, ela pode”, que teve como mote ressaltar que as mulheres podem ser emotivas, intensas, exigentes, imprevisíveis, mas que não é o período menstrual que as define. Para a marca, o que uma mulher pode ser ou fazer depende da sua vontade, paixão, ambição e não do seu ciclo menstrual.

De lá para cá, lideramos diversas ações. Recentemente, a fim de ampliar ainda mais o debate sobre os estigmas em torno da menstruação, Intimus lançou a campanha #ChegadeEstigma, que vem acontecendo simultaneamente em diversos países das América Latina. A campanha contou com diversas etapas, indo de um “twittaço” a “Caixa do Estigma”, instalação em plena Av. Paulista (antes do início da quarentena por conta da pandemia de COVID-19) em que centenas de pessoas foram impactadas com exemplos de situações do cotidiano que definiram o que é um estigma e suas aplicações na sociedade. Além disso, como entendemos a importância da amplificação dessa mensagem para o maior número de pessoas possível, o movimento tem sido fortemente veiculado no meio digital, incluindo o nosso site (www.intimus.com.br), que busca transformar nossos consumidores em embaixadores da causa por meio de conteúdos exclusivos.

Tudo isso se conecta com metas globais da Kimberly-Clark. Inclusive, acabamos de lançar nossa estratégia de sustentabilidade para a próxima década, com metas destinadas a enfrentar os desafios sociais e ambientais até 2030. Entre os compromissos está melhorar a qualidade de vida e o bem-estar de 1 bilhão de pessoas em comunidades vulneráveis em todo o mundo.

No guarda-chuva dessa meta ambiciosa está o foco em contribuir com empoderamento de meninas e mulheres. Levar produtos de qualidade para quem precisa – em 2019 Intimus e Kotex doaram 11,8 milhões de produtos em toda América Latina – é uma das frentes de atuação. Mas, é preciso ir além: lamentavelmente, ainda vivemos em um mundo em que milhões vivem sem acesso à informação sobre como lidar com a higiene menstrual. Para somar esforços para reverter essa realidade, nos unimos a ONG Plan International, uma organização global que trabalha para promover os direitos da criança e a igualdade para as meninas. Nosso objetivo é ajudar a organização a promover iniciativas que tragam informações para pessoas de diferentes comunidades sobre o tema menstruação, com conteúdos que envolvem corpo, saúde e conceitos ligados à temática.

O posicionamento de Intimus também tem total afinidade com o compromisso da Kimberly-Clark de promover a equidade de gênero. Temos atuado para o avanço das mulheres nos cargos de gestão, com direcionamentos para recrutar, reter e desenvolver as mulheres na liderança. Para se ter uma ideia, atualmente, na Kimberly-Clark Brasil, 39% das posições de liderança são ocupadas por mulheres. Quando falamos especificamente de posições de diretoria, temos 42% de presença feminina. Esse movimento reforça o quanto acreditamos que, com mulheres por trás de nossas marcas, elas podem desafiar os estereótipos, contribuindo para construção de representações mais positivas para futuras gerações de mulheres.

Como representante dessa liderança feminina, eu tenho orgulho de liderar marcas que têm a coragem de iniciar conversas que mudam padrões e que se dedicam a fomentar discussões que visam erradicar tabus da nossa sociedade. Acredito que nós, mulheres, podemos sim fazer o que quisermos e que, juntas, precisamos nos libertar de crenças que podem ser limitantes.