Mulheres na educação

Quantas escolas você conhece que tenham professores ou auxiliares homens na Educação Infantil e mulheres na direção? Infelizmente ainda são poucas, pois a escola é um reflexo da sociedade, que associa os cuidados das crianças às mulheres e os cargos de alta gestão, aos homens. 

Quando paramos para pensar que quase todo o corpo docente da Educação Infantil e do Ensino Fundamental – Anos Iniciais é composto de mulheres, percebemos como o cuidado das crianças, principalmente das muito pequenas, ainda é atrelado à figura feminina. A presença de homens na escola começa a ocorrer no Ensino Fundamental – Anos Finais e no Ensino Médio, fase em que a educação passa a ficar a cargo de especialistas. 

De acordo com Jo Boaler, autora e pesquisadora do ensino da Matemática pela Universidade de Stanford (EUA), as disparidades de gênero persistem nas Ciências Exatas e desencorajam muitas meninas a desenvolver suas habilidades matemáticas.

No livro Mentalidades Matemáticas: Estimulando o Potencial dos Estudantes por Meio da Matemática Criativa, das Mensagens Inspiradoras e do Ensino Inovador, Boaler diz que “o conjunto de trabalhos sobre ‘ameaça do estereótipo’, liderado por Claude Steele, mostra claramente o dano causado por ideias estereotipadas. Steele et al. (2011) mostraram que, quando meninas receberam a mensagem de que um teste de matemática resultava em diferenças de gênero, elas tinham desempenho inferior, ao passo que meninas que não recebiam tal mensagem apresentavam o mesmo desempenho que os meninos no mesmo teste.” 

Essa divisão de gênero também pode ser observada nos cargos de alta gestão dentro das escolas. É comum ver a presença de coordenadoras mulheres na Educação Infantil e no Ensino Fundamental – Anos Iniciais e de coordenadores homens no Ensino Fundamental – Anos Finais, no Ensino Médio e até mesmo na direção das escolas.

Quando não for mais estranho aos olhos da sociedade o envolvimento da figura masculina no cuidado das crianças, especialmente das muito pequenas, talvez comecemos a enxergar com outra perspectiva a presença de homens na linha de frente da Educação Infantil. Da mesma maneira, quando as mulheres puderem dividir as tarefas domésticas com os homens e, assim, dedicar-se em pé de igualdade ao trabalho, talvez passemos a ver com mais naturalidade a atribuição de cargos de alta gestão, inclusive nas escolas, às mulheres. Até lá, seguiremos convivendo com essa divisão de gênero dentro das instituições escolares.