🗳️ Mulheres na Política e no Poder
Reprodução

🗳️ Mulheres na Política e no Poder

Sociedades que apresentam altos índices de desigualdades econômicas, culturais, raciais, sociais e políticas afastam eleitores do debate público e não permitem que todas cidadãs tenham direito a imaginação política, quem dirá pensar em ocupar estes espaços públicos (e isso num país onde existem mais mulheres, em suas totalidades e corpos.) Só quando entendermos que somos parte deste problema- e também solução- começaremos a avançar rumo à cidadania plena. Importante ressaltar que a igualdade social tem como uma de suas diretrizes erradicar as desigualdades impostas às mulheres e a outras minorias políticas, e isso reluz na saúde democrática.

Muitas mulheres são exemplos de luta e superação. Mulheres como Tereza de Benguela, mulher negra à frente do Quilombo de Quariterê( mais conhecido como Quilombo do Piolho). Tereza dedicou sua vida à luta pela emancipação do povo negro e estabeleceu em seu quilombo uma forma de governar semelhante a um parlamento, com deputados, um conselheiro, reuniões e uma sede. (Dia 25 de Julho comemora-se o Dia da Mulher Negra, e Tereza é símbolo desta data e luta.)

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A Luta no Mundo

Há também pensadoras de vanguarda do século 18: Mary Wollstonecraft (1759 - 1797), que começou a se reunir com outras mulheres para reivindicar mais direitos impulsionadas pelas ideias de liberdade individual do Iluminismo.

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No Brasil, seu livro Reivindicação dos Direitos da Mulher só seria publicado em tradução livre em 1832, pela professora e ativista Nísia Floresta (1810-1885), uma das pioneiras brasileiras do movimento pelos direitos das mulheres. Nísia é considerada a primeira educadora feminista no Brasil.

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A Luta da Mulher Negra nos EUA

Alguns anos depois, em 1851, a primeira Convenção Nacional pelos Direitos das Mulheres dos Estados Unidos seria marcada pela fala “Não sou eu uma mulher?”, de Sojourner Truth, mulher negra, abolicionista e ativista dos direitos da mulher. Em seu discurso, Sojourner fez uma reflexão sobre as diferentes realidades e pontos de partida das mulheres. O fato de sua raça e de sua situação econômica serem diferentes das mulheres brancas não anulava sua condição de mulher. E, como mulher negra, sua reivindicação por direitos iguais era tão legítima quanto a das mulheres brancas que começavam a se organizar nos movimentos feministas. 

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Um Símbolo Anual da Luta Feminista

Sobre o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, remonta a uma marcha de mulheres que ocorreu em Nova Iorque, no ano de 1908, que pedia por pagamentos justos e pelo direito ao voto, demanda que só ganha força no Brasil com as sufragistas, nos anos 1930. Depois do voto, viria a demanda pelos direitos sexuais e reprodutivos. No final dos anos 1940, Simone de Beauvoir publicou O Segundo Sexo, influenciando as gerações seguintes, como as que começaram a sair às ruas em 1968 nos Estados Unidos e na Europa.

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Em Terras Tupiniquins

No Brasil, como em muitos países latino-americanos, o movimento de mulheres que correu o mundo nos anos 1970 e 1980 também lutava contra a opressão das ditaduras militares. Com a redemocratização, esse movimento de mulheres foi a base de apoio popular para o “lobby do batom”, como ficaram conhecidas as 26 deputadas da Assembleia Nacional Constituinte que batalharam por uma constituição mais igualitária. 

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Representantes de partidos de diferentes vertentes, da direita à esquerda, as deputadas federais votaram em bloco e deram o tom da Constituição Cidadã. O texto final, promulgado em 8 de outubro daquele ano, consolidou o processo de democratização do País. As parlamentares eram apenas 26 entre 559 políticos no total, mas com grande capacidade de persuasão.

“Éramos poucas, mas convencemos a maioria da Câmara, que era de homens, a votar conosco. Votamos até questões que diziam que não eram matéria da Constituição, em relação aos trabalhadores”, lembra Benedita da Silva, deputada constituinte e atual deputada federal Partido dos Trabalhadores (PT). “O Brasil se encontrou com o Brasil. Tínhamos todos os segmentos, de todas as classes sociais e etnias.”

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Curiosidade:

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O então presidente da Fundação já havia excluído da galeria da Fundação Palmares heróis como Zumbi dos Palmares e Nelson Mandela.

Atualmente, na América Latina, alguns países têm os piores índices de feminicídio e desigualdade social do mundo: segundo a ONU, é o território mais perigoso para mulheres que estão fora de zonas de guerras/ conflitos. Curiosamente, a América Latina também é a região que mais teve mulheres na chefia de seus países: Dilma Rousseff (Brasil), Mireya Moscoso (Panamá), Violeta Chamorro (Nicarágua), Cristina Kirchner (Argentina), Michelle Bachelet (Chile) e Laura Chinchilla (Costa Rica). Também saíram dessas leis de vanguarda para a equidade de gênero na política e para o combate à violência política de gênero contra mulheres e pessoas LGBT+.

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Uma Rápida Linha do Tempo:

Início da Década de 80: Brasil ratifica a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW) aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1979 e assume o compromisso de tomar medidas para eliminar a discriminação contra a mulher na vida política e pública do país.

1995: Após a IV Conferência Mundial das Mulheres, a Plataforma de Ação de Pequim prevê a necessidade de medidas para combater as desigualdades em relação à participação das mulheres no poder político e nas instâncias decisórias. No Brasil, promulga-se a Lei nº 9.100 de 29 de setembro de 1995 que determina aos partidos políticos a reserva de 20% de vagas para mulheres candidatas.

1997: Cada partido ou coligação deve a reservar o mínimo de 30% das vagas para candidaturas de cada sexo, conforme disposto na lei nº 9.504 de 30 de setembro de 1997. Mas ocorrem poucos avanços, já que predomina entre os partidos políticos a conveniente interpretação de que seria suficiente reservar as vagas para as mulheres, mas não haveria a obrigatoriedade de preenchê-las.

2009: A norma é modificada doze anos depois e os partidos passam a ser obrigados a preencher o mínimo de 30% de candidaturas com pessoas de cada sexo, não bastando apenas reservar as vagas, conforme lei nº 12.034 de 29 de setembro de 2009.

2015: Minirreforma eleitoral estabelece um piso de 5% e um teto máximo de 15% do montante do Fundo Partidário para as campanhas femininas, conforme lei nº 13.165 de 29 de setembro de 2015. Ou seja, as mulheres deveriam corresponder a, no mínimo, 30% do total de candidaturas, mas poderiam ter acesso a, no máximo, 15% dos recursos do Fundo Partidário.

2018, 15 de março: O TSE decide que pelo menos 30% dos recursos para campanha do Fundo Partidário deveria ser destinado às candidaturas de cada sexo durante votação da ADI 5617.Fica estabelecido também que esse percentual mínimo seria válido inclusive para o tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.

2018, 24 de maio: A justiça eleitoral determina que pelo menos 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) também sejam distribuídos para as mulheres, seguindo a mesma lógica do Fundo Partidário. Esse novo regramento é aplicado pela primeira vez nas eleições de 2018, por meio da Resolução TSE nº 23.568, de 24 de maio de 2018.

2020: No mês de agosto, a partir de uma consulta feita pela Deputada Benedita da Silva, o TSE decidiu que a distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão deve ser proporcional ao total de candidaturas negras que cada partido apresentar para a disputa eleitoral. Em seguida, o STF determinou a imediata aplicação da decisão do TSE em favor das candidaturas negras já nas eleições de 2020, conforme ADPF nº 738.

O Que Esperar de 2022?

A Secretaria da Mulher da Câmara enviou para o TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, várias sugestões que podem melhorar a participação feminina na política. Nas eleições gerais de 2018, apenas 15% dos cargos foram preenchidos por mulheres.

Mesmo sendo mais da metade da população e do eleitorado, as mulheres brasileiras governam somente 12% das Prefeituras, ocupam apenas 13% das cadeiras existentes nas Câmaras de Vereadores e 15% dos assentos disponíveis nas Assembleias Legislativas Estaduais, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Apenas em 2010 que uma mulher passou a ocupar a presidência da República pela primeira vez na nossa história. Dilma Rousseff governou por quatro anos e foi reeleita, mas teve seu segundo mandato interrompido por um controverso processo de impeachment, cujos contornos machistas e misóginos evidenciaram como a política pode ser hostil às mulheres.

Poucos anos depois, o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, reafirmou a urgência de mecanismos para garantir não apenas o acesso, mas também a permanência de mulheres nos principais postos de poder e de tomada de decisão política do país, de forma que elas possam exercer seus mandatos plenamente, em condição de igualdade com os homens, livres de violência e discriminação.

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Mesmo diante de tantas barreiras, as mulheres brasileiras vêm desempenhando um papel fundamental para o fortalecimento da democracia, para a promoção da igualdade e para a ressignificação de muitos direitos em nosso país, apesar de serem historicamente minorias nos espaços de poder político. No atual contexto de pandemia, elas assumiram a linha de frente, tanto em âmbito público - já que os serviços essenciais de atenção básica à saúde e à proteção social contam com uma força de trabalho majoritariamente feminina – quanto em âmbito privado.

Foram as mulheres que acabaram se ocupando ainda mais das tarefas domésticas e de cuidados com crianças, idosos e parentes doentes perante o fechamento das escolas e a sobrecarga do sistema de saúde. Se, de um lado, o isolamento social evidencia a centralidade do papel das mulheres para a organização da vida em sociedade, de outro ele reforça a necessidade de avançarmos rumo a uma democracia paritária, onde as mulheres possam participar mais ativamente da construção de soluções para os problemas públicos. Para isso, é fundamental que valores como a igualdade de gênero, de raça e de classe social estejam mais presentes em nosso cotidiano e em nossas instituições.

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Bibliografia e Fontes:

Maite Schneider

Consultora Inclusão e Diversidade/ 1ª profissional trans Linkedin Top Voice/ TOP 20 IBEST / 50+ /Cofundadora TransEmpregos / Treinamentos DEI / Palestrante / TEDx Speaker / Embaixadora RME / Escritora / Professora / ESG

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Guedes ☕ que potencia de artigo querido..... .. importantissimo recortes e aberturas de horizontes... gratidao por tanto

Dirlene Silva

Economista | Board Member | CEO | TEDx Speaker | Palestrante | Professora | Consultora | Colunista | Escritora | Conselheira | Curadora | Entre 10+ mulheres de finanças | 50+criativas do Brasil | Influencer Ibest20+

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Guedes ☕ Obrigada pela menção 🥰 Que artigo INCRÍVEL!! Parabéns! 👏🏽👏🏽 Mescla o momento atual com ótimos recortes da história da luta por direitos das mulheres que é o que trata o feminismo que ainda é tabu. No entanto, como diz Joanna Burigo especialista em gênero, o único radicalismo que existe no feminino "é a ideia radical de que mulheres são gente".

Stephanye Hoelbriegel

Jr Analyst at Avanade Brazil | AZ-900 ✅ | PL-100 ✅ | Rio de Janeiro | Dev C# Java Node React TS | Graduated Sistemas para Internet (Internet Systems)

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Precisamos relembrar sempre para não esquecer de toda a luta que tivemos e teremos daqui para frente! Se ninguém falar, vai chegar um momento em que cairá no esquecimento e então voltaremos a estaca 0, precisando correr todo o caminho novamente.

Stephanye Hoelbriegel

Jr Analyst at Avanade Brazil | AZ-900 ✅ | PL-100 ✅ | Rio de Janeiro | Dev C# Java Node React TS | Graduated Sistemas para Internet (Internet Systems)

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Um recorte da história feito com muito carinho! Obrigada por engrandecer meu dia Guedes ☕!!!

Luiza Costa 🏳️🌈

Gerente de Sucesso de Carreira Tech Desenvolvimento de Pessoas | Especialista em Transição de Carreira | Fundadora Esse tal de Mindset

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Caramba!!! Que honra estar nessa lista! Obrigada pelo carinho! Você é sensacional!s2

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