Mulheres na Tecnologia: Faz Tempo que São Elas
Por Pamela Tabak, Desenvolvedora BigData Corp.
Quando se fala em grandes nomes da tecnologia, quais vêm à cabeça? Bill Gates, Larry Page, Steve Jobs, Mark Zuckerberg, entre outras figuras masculinas. Dificilmente alguém citaria Marissa Mayer e Meg Whitman, líderes do Yahoo! e da HP, por exemplo. Esse cenário, infelizmente, é semelhante em outros setores: as mulheres são minoria em cargos de chefia e presidência nas empresas. Esse pequeno exercício de gênero é apenas uma amostra da distância entre homens e mulheres. Por mais que muitas das grandes invenções de TI tenham surgido de mãos e mentes femininas, elas ainda são subjugadas em equipes de desenvolvedores em todo o mundo.
De acordo com o último Censo do IBGE, realizado em 2010, apenas 20% dos empregos em tecnologia da informação no Brasil são ocupados por mulheres. Além disso, essa desigualdade começa a aparecer já no período escolar. Segundo um estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômic0), o número de meninos que sonham em seguir uma carreira em engenharia ou informática é quatro vezes maior que o de meninas.
A questão é que não faltam exemplos para ilustrar a contribuição feminina para a tecnologia. No século 19, a matemática britânica Ada Lovelace ficou conhecida por ter escrito o primeiro algoritmo processado por uma máquina. Grace Hopper, almirante e analista de sistemas norte-americana, criou a linguagem flow-matic, que serviu como base para o COBOL (linguagem comum orientada para os negócios). Já a atriz austríaca Hedy Lamarr patenteou a ideia de um sistema de frequências múltiplas aleatórias – o que levou ao wi-fi nos dias atuais. No Brasil, as mulheres eram 70% da primeira turma de Ciências da Computação do IME (Instituto de Matemática e Estatística), na USP.
Portanto, o que aconteceu para reduzir a participação feminina na tecnologia – justamente na época em que a área se transformou em um negócio bilionário?
Três fatores podem ser apontados para isso. O primeiro, evidentemente, trata da construção social dos gêneros ainda na infância, separando o que seria “coisas de menino” do que era “mais apropriado” para as meninas. Depois, há a própria barreira do estereótipo dos profissionais de TI: na maioria das vezes uma representação masculina, ainda que jocosa. Por fim, a jornada extensa que os colaboradores enfrentam atualmente diminui o contato com a família e atrapalha o planejamento das mulheres que desejam ser mães.
A solução é simples e a luta é antiga: é preciso redefinir o conceito de gênero e exigir equidade entre homens e mulheres. Para realizar esta mudança só com o engajamento de pessoas e empresas. Em um período em que o debate por igualdade está mais vivo do que nunca, não faz mais sentido as mulheres ainda terem que brigar pelo mesmo reconhecimento, espaço e rendimento registrado pelos homens. Até porque elas já mostram, há 150 anos, que o talento, habilidade e criatividade femininos são capazes de fazer pelo avanço da tecnologia.