Multitarefa ou monotarefa? Descubra a melhor forma de trabalhar
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Multitarefa ou monotarefa? Descubra a melhor forma de trabalhar

Desde muito tempo na minha vida ouço as pessoas se vangloriando por serem multitarefas, ou seja, ter a habilidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Na verdade, isso aparenta até hoje ser uma qualidade incrível e até mesmo desejável no mundo tão atarefado que vivemos. De fato, são tantas coisas para dar atenção que é presumível que a galera que não se encaixa ficará pelo caminho.

Até o mercado de trabalho valoriza essa característica, inclusive pedindo-a de maneira direta nos anúncios de vaga, na área do perfil de candidato. Mas, será que isso é realmente uma qualidade?

Essa é uma dúvida que sempre percorreu minha mente, porque eu não tenho o perfil multitarefa. Ler e escutar uma música que não seja instrumental para mim é estressante. Cozinhar falando com alguém é um perigo pessoal. E até mesmo cortar a unha assistindo TV se torna uma tarefa infinita. Portanto, ficava me perguntando como era possível prestar atenção em duas coisas ao mesmo tempo. Como ser assim? Então, descobri que isso é impossível.

Ninguém é multitarefa de fato

A verdade é que cientificamente falando não existe ninguém multitarefa. No livro “O Poder do Hábito”, Chales Duhigg demonstra que já está comprovado que o cérebro não consegue processar duas coisas ao mesmo tempo. Não tem como você desempenhar duas tarefas de maneira consciente simultaneamente, a não ser que uma delas esteja no modo automático, ou seja, um hábito.

É possível amarrar o cadarço, enquanto se ouve uma notícia na rádio, porque calçar um tênis já é um hábito estabelecido. Porém, não é possível falar no telefone com alguém e assistir TV ao mesmo tempo. Algum dos dois você estará ignorando.

Na realidade, o que se chama de multitarefa é a pessoa que costuma passear com o seu foco de atenção entre vários assuntos em um mesmo momento. Algo cada vez mais normal em um mundo em que o celular virou o principal companheiro de qualquer ação. Mas, será que isso é bom? Estudos da Universidade de Stanford provaram que não.

Multitarefa X Monotarefa

Muitos pesquisadores acreditavam, assim como eu, que os multitarefas possuíam um controle esplêndido da sua atenção, uma espécie de dom. Porém, ao realizar alguns testes envolvendo pessoas multitarefas e monotarefas, os que faziam apenas uma coisa de cada vez se saíram muito melhor do que os outros. Foram feitos três experimentos com dois grupos representando cada característica. Confira como foi cada uma dessas experiências.

Em um primeiro experimento, era necessário que as pessoas observassem imagens com dois retângulos vermelhos, sozinhos ou cercados por uma série de retângulos azuis. Duas dessas imagens apareciam de maneira rápida e consecutiva, e o participante deveria dizer se os retângulos vermelhos mudaram ou não de posição.

Era para ignorar os azuis e prestar atenção apenas nos vermelhos, mas os multitarefas constantemente se distraíam por eles. Assim, eles se saíram bem pior que os monotarefas, o que demonstra uma capacidade maior de concentração do grupo vencedor.

Por conta disso, os pesquisadores resolveram então testar a memória de cada grupo. De repente, era isso que fazia os multitarefas mais especiais. Porém, também não foi dessa vez. O teste consistia em apresentar uma sequência de letras alfabéticas para as pessoas e elas deveriam dizer quando alguma delas se repetia, pela primeira vez. Mais uma vez, os monotarefas se saíram melhor também.

Por fim, os pesquisadores pensaram que se os multitarefas não são tão bons em se concentrar ou organizar suas memórias, pelo menos é provável que eles sejam capazes de mudar de uma tarefa para outra com mais destreza e velocidade. O resultado surpreendentemente mostrou que não.

O teste consistia em mostrar imagens com números e letras juntos e o participante deveria focar apenas em uma delas por vez. Quando fosse para prestar atenção nos números, deveria dizer se era par ou ímpar. Já se fosse para olhar para as letras, deveria dizer se era vogal ou consoante. A qualquer momento era solicitado para que o participante mudasse o foco de um para outro e continuasse o exercício.

Os monotarefas mais uma vez se deram melhor. Os seus adversários aparentemente têm mais dificuldade em ignorar algumas informações a sua frente e não conseguiam pensar nos números e letras de maneira separadas.

Assim, deu para perceber que ser multitarefa nem deveria ser um título a ser ostentado, mas sim algo a ser combatido. Eu não vou comprar essa briga com ninguém, mas estou plenamente satisfeito por ser reconhecido. Obrigado, Stanford!

E você, como se considera: multi ou mono? Acha que a pesquisa está certa? Adoraria saber a sua opinião sobre o assunto para enriquecermos esse debate. Conta aqui embaixo nos comentários!

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