Não às flores, mas sim a Igualdade

A simbologia da flor é tratada em diversas culturas. Em sua maioria simboliza a beleza, o amor, a perfeição, alegria. Também tratada com um símbolo feminino por se tratar da fertilidade, do nascimento, a criação. Freud associava as flores com a sexualidade e que o ato de presentear alguém com elas, indicava que havia intenções libidinosas subconscientemente.

Foi então, que um habito cultural de presentear outrem com flores surgiu. Principalmente casais apaixonados, com intuito de demonstrar carinho. Atitude que se perpetuou em sua maioria pelos homens, como uma forma de conquistar a sua amada.

Conquista. Esta, que não parou nos sentimentos calorosos. Historicamente se perpetuou na opressão física, intelectual e social. Transbordando um sentimento de gênero sobre o outro, uma dominação pré-histórica. Mulheres não poderiam frequentar escolas (em alguns lugares até hoje), não poderiam ler, não poderiam falar sem permissão, votar, ser livre. As que ousavam dar um passo a mais, eram chamadas de bruxas, hereges. Estupradas, mortas e caladas.

Um pensamento que foi se perpetuando na sociedade e sobrevivendo década após década. Porém todo império um dia perde seu imperador.

Foi com o surgimento dos movimentos feministas no século XX que a história começou a mudar. Movimentos que começaram a se reconhecer e ver como mulheres, mães, humanas. Humanas que mereciam ter direitos como cidadãs. Suas lutas foram percussoras para o surgimento de direitos como o voto, por exemplo.

Depois de tantas lutas, em 1975 a ONU (Organização das Nações Unidas) oficializou o dia 8 de março como o Dia Internacional das Mulheres. Uma forma de sempre lembrar a luta das mulheres, a reivindicação da igualdade de gênero e a cada dia buscar ainda mais respeito na sociedade.

Respeito que deveria ser inerente a todo ser humano, porém no Brasil é diferente. Segundo as estatísticas, uma mulher é morta a cada duas horas vítima de feminicídio. Mesmo existindo leis para punição, muitas vezes não são respeitadas. As mulheres tem medo de denunciar pois a justiça é morosa e a vida não espera. Agressões físicas, assédios, pressões. Tudo isso não é apagado com um ramalhete. A ferida se perpetua na alma. Julgadas por serem quem são. Julgadas pelo prazer da dominação.

Portanto, nesta data que se aproxima, não lembre apenas de entregar flores e desejar ‘’feliz dia’’, um dia é apenas para recordar séculos de luta e lembrar que ainda faltam décadas para alcançar vitorias.  Estas que mesmo sendo conquistadas, devem ser vigiadas para não retroagirem e se perderem. No dia 8 de março e ao longo dos outros dias, empodere uma mulher. Respeite. Lute. Apoie.

AUTORIA: MATHEUS LUCCA