Não estou entendendo... Mas estou compreendendo...

Não dá para falar em comunicação sem fazer uma menção ao cinema mudo. O grande ícone deste período foi sem dúvida alguma Charles Chaplin, o qual, dotado de uma comunicação corporal grandiosa, comunicava-se perfeitamente com seus expectadores, sem a menor necessidade de acompanhar as legendas que apareciam após algumas cenas, e sem recurso algum arrancava gargalhadas fabulosas da plateia, Trazia reflexões que são mencionadas até hoje pelas grandes corporações, isso, sem falar uma única palavra.

Tenho certeza que mentalmente você deve estar questionando, mas como é possível¿

Com o processo natural da evolução humana, ficamos presos apenas aos modelos de comunicação verbal e escrita. Diga-se de passagem, são as mais usadas ao redor do mundo. Porém, vamos apimentar um pouco essa nossa relação e limitar apenas ao nosso ecossistema corporativo – comunicação escrita, nos limitaremos a e-mails, chats e aplicativos de comunicação e a comunicação verbal, vamos nos limitar ao contato via Graham Bell (telefone) e às plataformas famosinhas de vídeo chamada.

Comunicação Escrita: Existe uma premissa corporativa que devemos redigir e-mails ou mensagens de texto de forma bem clara e objetiva, demonstrando por completo que temos inteligência emocional e que não será necessário agendar aquela visitinha ao psiquiatra nos próximos dias.

Espelho, espelho meu, existe alguém que consegue redigir um e-mail sem emoção como eu¿

Às favas para quem ainda usa essa teoria nos feedbacks!

Temos que deixar a vaidade de lado e ser o mais claro nesta forma de comunicação, afinal, ainda vemos em muitas corporações o Império das Rainhas e dos Reis dos e-mails. As pessoas ainda vivem na realidade de que quanto mais e-mail eu mando é sinal que estou sendo extremamente produtivo. Quem pensa dessa forma precisa dar um passo à frente no seu processo evolutivo, temos que deixar a teoria da batata quente de lado, estamos evoluindo, ou você é o único que não percebeu.

Lembro-me que trabalhei com um Chefe que atuava dessa forma! Era bem curioso porque ele utilizava esse método de comunicação quando estava prestes a perder um determinado prazo. Ele normalmente tinha até o dia 10 de cada mês para enviar o forcast da operação e por algumas vezes estávamos no happy hour e ele corria para o banheiro para abrir o computador e enviar o e-mail com as informações, o argumento dele era sempre o melhor:

Até 23:59 é dia 10...

Ele simplesmente tirava a batata quente do colo e jogava para o outro coleguinha resolver. Esse modelo de atuação durou exatos 90 dias.

Pois bem, onde queremos chegar com isso tudo trouxemos aqui¿

A comunicação escrita deve ser leve, fluída, é preciso fazer aflorar o Deep Dive que existe dentro de você.

Comunicação Verbal: Essa sim vamos ter trabalho, pois, vamos precisar tocar no ponto mais vulnerável de muitos, a capacidade de se expressar. Isso seguindo o nosso desafio de não falarmos sobre linguagem corporal!

Grande parte das pessoas tremem dos pés à cabeça quando o assunto é falar em público, seja para uma plateia ou em uma reunião virtual. Sabemos que o maior problema de quem se dispõe em falar é a tal da linguagem prolixa, que é o fato de falar, falar e falar por um tempo estendido a mesma coisa que poderia ser dita em alguns poucos minutos.

Em alguns casos, temos também pessoas que falam até bem, porém não consegue trazer para o campo da realidade aquilo que está fervilhado em seu pensamento, ou seja, ela não consegue ser clara e transparente.

Tanto o prolixo quanto aquele interlocutor que não tem uma linguagem clara, causam naqueles que os ouvem, sentimentos de desgaste: o primeiro, por se estender demais, quebra por completo o raciocínio lógico daquele que o ouve, uma vez que, fixar a atenção depende do quão interessante está o tema apresentado; já aquele que é deficiente na linguagem clara, provoca um sentimento próximo ao da ira, por conta do retrabalho que decorre quando o assunto é sobre direcionamento de alguma atividade.

A dúvida é, existe solução para um melhor afinamento da linguagem escrita e verbal¿

Mas é claro, essa questão depende unicamente da pessoa ter ciência desta oportunidade e o desejo de querer mudar. Para isso, deixo uma dica de leitura:

“Comunicação Empresarial” – Patricia Itala Ferreira e Gustavo Malheiros

Essa leitura vai despertar em você uma visão crítica sobre a comunicação e apresentar uma oportunidade única para se tornar um Líder ainda melhor.

Todos precisamos compreender que estamos vivendo um novo processo, e novas competências precisam ser trabalhadas. Se identificou alguma característica pessoal neste texto, é sinal que você precisa praticar mais a Desaprendizagem e se abrir para novas competências de comunicação.

Gostaria de estimular em você uma reflexão – Enquanto muita gente ainda está presa no mundo VUCA e não percebeu que ele já começou a se desconstruir, Carolin Emcke (filosofa alemã) já traz essa nova visão de um mundo como sendo Frágil, Dinâmico e Assíncrono. Vale a pena refletir e buscar compreender essa mudança!

Marcelo Appolinario