Não há jeito certo de fazer a coisa errada

Não há jeito certo de fazer a coisa errada

É comum a gente ver muitos gestores (executivos, líderes, empreendedores) dedicando tempo e energia a fim de encontrar soluções “inovadoras” para problemas que enfrentam no dia-a-dia. Ainda mais quando estamos em épocas de crise política e econômica, dias em que o empreendedor se vê diariamente diante de questões como: o que fazer para se manter competitivo? O que fazer para reduzir custos? O que fazer para ser mais produtivo? Enfim, o que fazer para continuar sobrevivendo?

Essas dúvidas representam os desafios diários e contínuos que o empresariado enfrenta. Só que essas questões - que ganham força por causa da precariedade da gestão política e econômica do país - acabam levando a outro tipo de crise: uma crise moral. Essa crise moral faz com que o gestor comece a se fazer perguntas do tipo: o que fazer para burlar o fisco? O que fazer para pagar menos para os funcionários sem que haja prejuízo à produtividade? Onde encontrar fornecedores mais baratos ainda que isso prejudique a qualidade do produto?

Essas e outras questões acabam ganhando força no momento atual e grande parte da explicação está no fato de que a acabou a paciência do empresariado para com a corrupção, a crise e a impunidade no Brasil. Explica, mas não justifica, pois infelizmente isso acaba servindo como uma desculpa para aquele gestor cuja má índole independe de crises econômicas e políticas.

Por isso que eu acredito que não há um jeito certo de fazer a coisa errada – errada do ponto de vista moral ou ético. Soluções erradas, que eventualmente acabam por vitimizar funcionários, fornecedores, governo, etc., acabam por ferir a sociedade e contribuem em nada para resolver a crise do país e da própria empresa. Por vezes pode até ser que este tipo de solução seja a mais adequada e venha a salvar a situação no momento atual. No entanto, é quase certo afirmar que com o tempo o castelo desmorone porque foi construído sobre areia movediça. Isso quer dizer que com o tempo poderá haver o troco, o retorno.

Será que vale a pena correr o risco?

Recentemente conversava com o executivo de uma empresa que estava explicando todas as manobras e soluções mirabolantes que a empresa em que trabalha estava procurando para solucionar alguns aspectos derivados da crise. A teia que se fazia necessário construir para encontrar a melhor solução era tão complexa que quando ficou claro para o gestor que se a energia e o tempo que estavam gastando para encontrar a tal solução mágica fosse destinada para produzir, vender e enfrentar a crise de frente, provavelmente seus resultados seriam bem melhores. Foi ele, inclusive, que falou que “não há jeito certo de fazer a coisa errada!”. E ao falar isso para seus colegas ficou muito claro qual a decisão a ser tomada e o que precisava ser feito.

No entanto, infelizmente é comum o gestor optar pela solução que dá resultado em curto prazo. Ele opta por aquilo que acha justo – para si. Muitas vezes acaba ignorando o fato de que a crise passará e todas as decisões que foram tomadas no momento da crise serão cobradas dele posteriormente. Aliás, isso vale não só para o empreendedorismo. Vale para a vida, afinal de contas cada um de nós irá arcar com as consequências futuras das ações feitas no presente.

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