Não se trata de ser bom ou ruim, apenas deixa-se de ser suficiente.
Marcos Paulo Del Passo

Não se trata de ser bom ou ruim, apenas deixa-se de ser suficiente.

“Uma agulha de ouro nas mãos não faz de alguém um bom alfaite.” – Proverbio Chinês


“Simplesmente você deixa de ser suficiente.

Aprendi de um grande líder que tive, e se tornou um grande amigo (não são estes os melhores e mais elevados relacionamentos?!?) que ninguém é ruim, mal avaliado, “peba” na linguagem de chão de fábrica, apenas deixa de ser suficiente...e isso em um momento específico da jornada corporativa, apenas uma janela de “desoportunidades” (sic. afim de honrar a “culta” imprensa brasileira).

O deixar de ser suficiente é uma abordagem, simples e plenamente verdadeira. Duas décadas atrás, abracei o modelo Lean de liderança, onde a transformação da mentalidade é inevitável. Compreendi que:

“Ninguém sai de casa para fazer seu pior.

As pessoas tem suas contas a pagar, seus entes queridos por vezes enfrentando problemas, várias dificuldades inerentes da vida, que acometem os de classes abastadas ou os mais humildes, tenho amigos que herdaram excelente qualidade de vida, mas faltam-lhes um filho, a saúde é comprometida, outros que lutaram bravamente para financiar seu imóvel e que vivem da “mão para boca”, enfim viver não é fácil, e aos bons, aos honestos, a estes não compete fazer o pior.

Com essa simples premissa, crendo que os bons são a maioria, dispostos a diariamente acordar cedo, trabalhar duro, deixar suas casas, suas famílias (lit. “pelo suor do seu rosto, comerás teu pão”) para fazer seu melhor e garantir o sustento. Cabe ao líder garantir que todas a pessoas atinjam seus respectivos potenciais estabelecendo processos robustos para que então a “mágica” ocorra.

“Tal qual um relógio devem ser os processos organizacionais.

Os processos devem ser realizados com pessoas, sem pessoas ou independentemente de pessoas (1). Quando garantimos processos robustos, garantimos o sentimento de pertencimento, de equipe e realização das pessoas, pois onde existe clareza, o propósito está estabelecido.

“Não se trata de Mudança de Cultura, mas de uma Cultura de Mudança.

Somos por natureza exploradores, atravessamos oceanos, geleiras, desertos, florestas...quem nunca se encantou com a pequena criança na sua saga de aprender e conhecer? Quem tem filhos entende plenamente que o conselho sobre o fogo somente chega ao coração após a mão queimada. Amamos a estabilidade, a previsibilidade, na mesma proporção que somos desejosos de explora, inovar...criar. A robustez de processos jamais deve ser confundida com estagnação, mas deve respeitar as pessoas, suas características, habilidades e capacidades. Todo àquele que desejoso em reverter cenários, se esquece das pessoas, julgando-as, rotulando-as, como ruins, sem ao menos ter paciência e conceder o tempo necessário (os dois maiores guerreiros conforme Liev Tolstói), passa ao largo de ser um líder, um título despótico seria o melhor adjetivo para estes.

No sistema clássico de gestão entendemos que os acionistas não podem esperar dez anos para colher resultados, e profundamente entendo a lógica, se fosse uma pessoa que investi minhas reservas após anos de trabalho, restando-me poucos anos de expectativa de vida estaria ansioso pelos dividendos, mas empresas feitas para durar, que atravessam séculos ou as que anseiam por fazerem isso devem cuidar das pessoas, prover processos robustos, padronizar afim de extrair o máximo de suas equipes, oferecer propósito e colher os saltos quânticos de suas próprias equipes, não existe o “Santo Graal”, a “Eldorado” lá fora de seus muros...uma consultoria pode ajudar a enxergar o caminho com maior clareza, mas a resposta está na organização, no pensamento e trabalho conjunto de seus membros.

A oxigenação é boa? Sim, mas jamais em detrimento daqueles que vieram pavimentando a estrada.

“Respeito pelas Pessoas.

O Sr. Edwards Deming cunhou uma frase que se tornou icônica:

“Um sistema ruim sempre vencerá boas pessoas”.

Cobrir Gaps de operações com pessoas, somente te transforma numa Torre de Babel, pode funcionar, mas o desgaste é incomensurável, a desmotivação e falta de propósito se tornam uma crescente...somos exploradores, aventureiros? Sim, mas ninguém confia uma cavalaria a quem não sabe montar a cavalo. A equipe percebe a falta de norte, de direção, de processos. Respeito pelas pessoas é estabelecer processos pelos quais elas possam entregar sua potencialidade, reconhece-las, usar suas capacidades intelectuais para promover a mudança, apreciá-las como pessoas, como outro ser humano. Afinal se cremos nas pessoas, elas não deixaram de ser suficientes.

Certa vez ouvi de um líder executivo, o famoso “professor de Deus” que ele venceria o “sistema ruim” que afeta as pessoas com a Tecnologia...Ah!!! a deliciosa falácia desta e de meados da última década: “Pensar fora da caixa”. Acreditava piamente que novos sistemas tecnológicos impulsionariam as pessoas a entregar suas potencialidades... dizia ele “faremos as coisas melhor com a tecnologia”. Muita gente tem tentado fazer algo especial, através de experimentação, aprendizado, de desafios em desafios, com técnicas de “pensar” diferente, e assim criar “O SISTEMA” que leva as pessoas para o sucesso, e falham miseravelmente pois se esquecem das pessoas, uma “boataria” em sua operação derruba seus resultados por meses, um “facão” desproposital quebra a confiança...e mesmo os que são suficientes naquele momento irão florir em outro jardim em breve, acredite!

“Boas pessoas vencem sistemas ruins, com frequência.

Criar, fomentar e incentivar constantemente a participação das pessoas, a alma da Melhoria Continua, faz com que saíamos da Melhoria Continuada para a Melhoria Contínua de fato. Sabemos que a princípio muitas soluções podem não ser as melhores ideias, ninguém disse que é fácil, podem ser duras de implementação e até com aparência de ineficiência, mas se mantivermos a constância de propósito os resultados são impressionantes e mais importante a baixos custos de implementação...

“As pessoas são boas.

Poucos lideres abraçam uma mentalidade de liderança Lean, ousam dar o “SALTO”.

Pois suas mentes e corações estão enraizadas em conceitos de liderança estabelecidos séculos atrás, fazendo do estilo Clássico de Gerenciamento, baseado em comando, controle e punição sempre mais atrativo.

Desviar radicalmente do sistema clássico de gestão as vezes geram incompreensão e contestação. Mas somos exploradores e aventureiros como espécie, e a “sorte favorece os ousados”.

Sabemos que muito do que é falado de Lean está em alguns níveis de abstração difíceis de serem verificados, mas exemplos que partem da Toyota para o mundo estão em frente aos nossos olhos tais como “Cisnes Negros”, a nos julgar e desafiar...basta a audácia para dar o salto.


(1) Processos são executados por pessoas, mas não devem estar sujeitos aos indivíduos. Devem ser robustos para serem executados por qualquer membro de uma equipe, respeitando a ausência de uma pessoa e a intercambialidade entre as pessoas.

Que orgulho ler esse texto e saber que foi você quem escreveu. Uma linguagem prazerosa e com muita riqueza de informações. Não poderia ser outra pessoa em falar algo com tanta sabedoria e conhecimento. Lendo aqui, me lembrei dos estudos "essa questão ficará pendurada no varal"! Você irá muito mais longe!! Parabéns!!

Renato D.

Gerente de Engenharia | Gerente de Projetos, Programas e Portfólio | PMO | Desenvolvimento de Negócios e Pessoas | Product Owner

2 a

Excelente reflexão, meu amigo! Artigo de quem, além de profundo conhecedor da teoria, tem também ampla vivência prática dela. Parabéns!

Parabéns pelo artigo!

Leonel Croce

If it wears, think Tungsten Products : Rock Drills,Carbide Rolls, Mining Wear Parts, Cutting Tools

2 a
Rubens Michel Del Passo

Gestor de Projetos | Logística | Manutenção |Operações | Lean Manufacturing | Especialista em Gestão de Pessoas | Black Belt

2 a

"Boas pessoas vencem processos ruins com frequência." Amém

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