Não seja de direita. Nem de esquerda. Nem isentão.

Você quer ir à Salvador - BA. Você pegaria um vôo cujo destino fosse "Nordeste"? Você pode acabar em São Luis do Maranhão a quase 1.600km de distância do seu destino pretendido.

Por isso, para algumas situações, ser subjetivo não compensa. E esse movimento de "direta, esquerda e isentão"- principalmente do Facebook - é tão subjetivo quanto querer ir pra Salvador e pegar um avião pro Nordeste.

Ser de direita hoje é delegar o seu pensamento a um petit comite que vai decidir, por você, qual político é bom e qual não é, quais medidas econômicas são boas, posicionamento quanto ao aborto, Lava Jato, feminismo e sei lá o que mais. O mesmo vale para ser de esquerda. E o pior caso é o ser isentão.

Ser de direita ou de esquerda - de carteirinha - daqueles que ficam compartilhando textão no Facebook é delegar como você pensa à outrem. E delegar pensamento é uma maneira muito básica de ser um burro. Dizem que o argumento de burro é coice. E faz sentido.

Campanha de 1984 da Apple. "Think Different". Vale a pena assistir ao video . É épico.

Enfim, não existe uma definição clara/acadêmica/exata sobre o que é ser de direita. Nem de esquerda. Hoje, usando os corajosos e destemidos militantes de Facebook como base, você conclui que ser de direita é muito confuso, pois:

• O Olavo de Carvalho é de direita, contra o casamento gay e a favor do Bolsonaro.
• O Reinaldo Azevedo é contra o Olavo de Carvalho e contra o Bolsonaro. A favor do casamento gay.
• O Antagonista não gosta do Reinaldo Azevedo e nem do Presidente Trump.
• Rodrigo Constantino já brigou e fez as pazes com Olavo de Carvalho. Hoje são inimigos. Ambos gostam do Trump.

Todos de "direita".

Daria para falar ainda do emergente canal "Mamãefalei" (aquele que um sujeito vai nas manifestações esquerdistas expor suas contradições). Ele é de direita, mas é a favor do aborto e contra as vaquejadas, uma postura - vamos dizer assim - mais esquerdista.

E sobre ser esquerdista? Bom, hoje ser esquerdista implica uma porção de coisas. Escolheram, para você e por você, uma agenda de coisas que, para mim, não tem muita lógica.

A esquerda militante nervosa de Facebook hoje envolve: chamar de fascismo tudo aquilo que eles não gostam. Aí tem uma relação meio maluca com feminismo, vegetarianismo, adoração à Michelle Obama, cotas raciais, aquecimento global, identificação com o movimento LGBT, aborto e uma contestação constante dos padrões de beleza gerais, sejam eles de roupas, índice de massa corporal e até mesmo de obras de arte.

Pelo que entendi também, posso estar errado, mas me parece que - para ser de esquerda - a nova moda, since 2017, é apoiar pichadores.

Cláudio, você é então um isentão? Não, isso para mim é insulto. Mas não sou de direita, porque ser de direita é subjetivo e também delegar meu jeito de pensar ao Diogo Mainardi ou ao Reinaldo Azevedo. E eu quero pensar por contra própria, mesmo que eu pondere minha opinião usando a opinião deles.

Não sou de esquerda, pois é muito difícil defender Nicolas Maduro relativizando toda a história da humanidade e das atrocidades cometidas em nome do comunismo e/ou socialismo.

Não sou isentão, pois ser isento de opinião em nome de agradar a todos acaba sendo um delito contra você, seu intelecto e contra o mundo. É preciso ter opinião, posição e convicções sobre as coisas, mas tenha isso sem delegar, pense por si mesmo.

Decida se o Bolsonaro, Freixo ou Dória são bons ou maus políticos pesquisando. Decida se você é contra ou a favor de vaquejada não porque a turma da direita ou da esquerda já se posicionou. Não! Você tem o poder de escolher!

Não comemore a morte da Dona Marisa (que Deus a tenha) e também não chame metade da população americana de fascista, por terem votado no Trump.

Seja dono do seu pensamento. Seja o Rei da sua cabeça. Você merece.