Não seja verdadeiro. Seja autêntico!
Procurando no dicionário a diferença entre "autêntico" e "verdadeiro", me deparei com um fato curioso: autêntico é sinônimo de verdadeiro, mas o contrário não acontece.
Qual é a primeira situação, frase ou imagem que lhe vem à cabeça quando você pensa em algo autêntico? Para mim, totalmente imersa no meio digital, aparece o selo de verificação em uma conta no instagram. E quais os critérios para aquela conta que entrega o MESMO conteúdo (sejamos sinceros) que 99% de outras do mesmo segmento seja considerada genuína? Se você souber, eu imploro, compartilhe conosco.
Sempre que falo com alguém sobre mídias digitais, e esse é até o tema principal da minha palestra que aborda o assunto, eu falo sobre autenticidade. É difícil conseguir ser único em uma rede que clama por novidade a cada momento, mas te obriga a encaixar a sua própria verdade em um frame de 3 fotos por linha. É difícil ser legítimo em algo que não leva a sua assinatura, no qual as ideias sempre partem não sei de onde e não sei pra quem. De repente todos já estão postando as mesmas perguntas nos stories, os mesmos desafios no feed, o mesmo layout pra vídeo, o mesmo preset pra foto. E quem teve aquela ideia primeiro, que cabeça abençoada teve a epifania que viralizou? Nunca saberemos e aparentemente pouco importa.
Você sabe me dizer se você gostaria de cuidar mais da sua saúde, corpo e alma porque de repente a maioria das pessoas que você segue decidiu fazer isso ou porque você sempre quis? Sabe me dizer também se você compraria aquele livro se tivesse visto na livraria e lido somente a contracapa? Olha, eu sinceramente não sei responder e somos verdadeiros porque realmente podemos até gostar de tudo aquilo que estamos fazendo, consumindo e postando. O que é praticamente impossível é ter a certeza de que são partes genuínas do nosso ser.
"Eles não se envergonharam da ousadia de serem quem são. [...] Eles foram autênticos. Até deixarem de ser."
Ao ler a trajetória de qualquer nome de sucesso, incluindo os influenciadores digitais, é repetido em uníssono que a chave do sucesso foi simplesmente ser quem eles eram. É tão simples, tão óbvio. Eles não se envergonharam da ousadia de serem quem são. Não omitiram seus sotaques, não começaram com a melhor câmera, não fizeram curso para ganhar seguidores, não copiaram ninguém. Eles foram autênticos. Até deixarem de ser.
O marketing cria e se beneficia com os efeitos de massa. Primeiro porque sobrevive de criar virais, segundo porque lucra ao vender os produtos/pessoas viralizados. E nós, que condenávamos a influência da televisão, agora construímos uma personalidade inteira ao abrir os olhos de manhã e conferir as últimas notificações. E pior, acreditamos que estamos sendo verdadeiramente sinceros.
Esse artigo é uma proposta de reflexão para você, eu e qualquer um que tenha um smartphone em mãos. Quem nós seríamos sem a fusão entre os mundos on e offline é uma pergunta sem resposta. No entanto, ainda podemos descobrir o que há de original em nós (além de nossas próprias digitais) e sermos honestos o suficiente para assumir.
O único jeito de ser alguém é sendo exatamente quem você é .
Jornalista | Assessora de Imprensa
5 aMuito bom!