A Natureza das Coisas
Gratidão!

A Natureza das Coisas

Muito se fala na atualidade que não devemos enxergar o dinheiro como uma coisa ruim, de fato, que é errado refutar o dinheiro, que o dinheiro é um instrumento para se fazer coisas boas. Dizem que o dinheiro é necessário para sobrevivência e com a ausência de dinheiro não podemos obter felicidade plena. Essa forma de pensar tem sido inclusive abordada por novas religiões e gurus de auto-ajuda que têm propagado receitas de sucesso e felicidade na vida. Em resumo, observa-se a difusão da ideia de que não se pode ser plenamente feliz sem dinheiro, que para de fato se gozar de  plena ordem harmônica e equilíbrio, é preciso ter dinheiro.  Sem dinheiro, não podemos ser, de fato, plenos de felicidade. Pois a elevada relatividade dessas escalas de valores é que me fazem pensar... 

Vivi algum período da minha insignificante existência de acordo com essa opinião. Acreditei ser o dinheiro, apenas um "recurso", um meio, uma ferramenta para que se possa executar, fazer coisas. Se a pessoa for boa, tiver boas intenções, em tese, fará muitas coisas boas com o dinheiro (pelo menos esse seria seu desejo) e irá propagar grande onda benéfica para outras pessoas, caso contrário, se a pessoa tiver má índole, poderá causar grandes males ao seu derredor. E se a pessoa for de ótimas intenções e incompetente?? Se, ao tentar fazer uma coisa boa,  mesmo sem querer, causar um enorme estrago, por incompetência, prejudicando milhares de seres?? Ou seja, o dinheiro traz,  em si, um tipo de poder inerente: o poder de executar coisas e, desse poder, resultam outras variáveis e formas de poder. Mas também pode se tornar uma arma de poder altamente destrutivo. Não é à toa que existe o ditado que diz que: " ...de boas intenções o inferno está cheio."

Vamos tentar expandir mais essa reflexão, abrindo mais nossas mentes, ampliando a abrangência do nosso pensamento e tentando enxergar um pouco mais além. Primeiramente, precisamos rever essa questão do poder relativo que o dinheiro nos traz. Esse "poder" , por assim dizer, se estruturou ao longo da história humana através do processo de construção do capitalismo, mas esse não é o nosso foco, alavancar uma polêmica já bastante desgastada sobre as desgraças e injustiças desse processo histórico. A questão principal, que queremos destacar aqui, é apenas que esse poder de dominação forçada, subjugação violenta e exploração desmedida dos seres vivos e da natureza ficou mascarado, disfarçado, diluído e suavizado no mundo moderno, pela linguagem incorporada e aceita pela população geral comum, do uso e acúmulo da moeda. Ou seja, acredita-se que, se alguém acumular dinheiro, acumulará poder e, se essa pessoa for, digamos, "do bem" , fará coisas boas. Acontece, porém, que a distribuição do dinheiro é controlada por uma seleta minoria que transferiu todo seu poder de controle dos meios da civilização, todo seu poder de dominação e subjugação, para o dinheiro. Dessa forma, seja em que escala for, quanto mais as pessoas se utilizam e se conformam com a linguagem do dinheiro como forma de medir valores e como forma de se relacionar e interagir com o mundo físico-material, mais essa subjugação e dominação violenta se afirma, se fortalece e se propaga. É uma espécie de hipnose generalizada e estruturada em um círculo vicioso decadente, em que todos (quase todos) acreditam. Os que não acreditam, são forçados violentamente a se comportar conforme as regras ditadas por esse "sutil poder". Talvez o filme "Matrix" já tenha esgotado esse assunto...

Cuidando para não perder o rumo do assunto, vamos voltar ao pensamento do início, sobre a natureza das coisas. Fico matutando alguns valores em que acreditei durante algum  tempo e chego a conclusão de que, o mais comum e fácil é aceitarmos regras, dogmas, conceitos e idéias muitas vezes impostas de forma brutal e intermitentemente, que acabam engessando nossas mentes, nos amedrontando, fechando as possibilidades para novas idéias e atitudes perante a vida. Fico refletindo que talvez todas as instâncias existentes no Universo, possuam uma natureza básica, uma essência própria. Existem coisas que, por natureza, por nascimento, já trazem em si a índole, o princípio ativo do bem ou do mal (embora o que é bom ou mau, certo ou errado, seja relativo). Simplificando: as coisas, em geral, possuem uma natureza boa ou má em sua essência. Assim como algumas pessoas já nascem com alguma aptidão, com algum tipo de caráter, com uma índole, independente das influências do meio e da educação, elas têm uma predominância natural de seguir a sua natureza primaria essencial. Não que essa natureza seja imutável, incorrigível, não atenuável, mas é uma forte tendência.  

Vamos tomar uma instância qualquer para tentar exemplificar de maneira simples: o açúcar branco!  O açúcar branco refinado é uma instância processada pelo homem, não natural (aí entraria outra questão vasta a ser discutida, que é a indústria e seus produtos do mal, só que isso é tema para outra publicação), mas é de natureza má. Sua tendência mais forte, sua essência verdadeira é fazer o mal, ele irá te fazer algum mal: cáries, diabetes, roubo de energia, depressão, obesidade, cansaço físico, entre outros problemas que um médico ou estudante honesto e competente poderia se aprofundar... mas é uma instância de natureza essencialmente má (isso sem falar nas reverberações e implicações do processo histórico com o qual o açúcar branco está fortemente amarrado...). Mesmo que se consuma ele muito moderadamente, sutilmente, ele irá roubar, fazer algum tipo de mal. Sua natureza intrínseca e essência visceral é ser do mal, trabalhar para o mal. Não há como te fazer algum bem sem te cobrar depois em dobro. Já o chá de boldo, ao contrário, é uma planta medicinal que tem a natureza de fazer o bem: é uma planta medicinal. Não tem como tomar um chá de boldo e sofrer algum tipo de mal. Pode ser que o gosto seja horrível para quem não está acostumado (sem açúcar...é claro!), mas é só uma breve sensação incômoda de segundos e passa. Assim também acontece com café, que, se tomado sem açúcar, também é uma instância de natureza boa. 

Dados esses exemplos, confesso que tenho feito profundas reformulações e reavaliações significativas no que se refere ao meu posicionamento quanto ao objeto "dinheiro". Modestamente falando, hoje revendo meus valores e conceitos, cada vez mais me convenço de que o dinheiro, em si, é uma instância que pertence a natureza das coisas más, ele faz o mal para as pessoas, mesmo que a intenção inicial seja sua utilização para fazer o bem, mais cedo ou mais tarde revela suas verdadeiras intenções, escraviza, cobra desmedidamente, corrompe, engana, rouba e destrói. O poder que ele oferece é tentador ...difícil de resistir, mas é um poder, de certa forma, ilusório...como todas as coisas de natureza má, vem disfarçado com uma bela roupa, com uma aparência externa atraente e sedutora. Depois de nos atrair e nos envolver, mostrará seu verdadeiro rosto, sua verdadeira intenção de nos enganar, roubar e escravizar. Ele opera, como todas as instâncias de sua natureza, no âmbito dos sentidos, dos prazeres e das paixões.

A cada novo dia, vamos aprendendo novas coisas, trocando experiências e compartilhando conhecimentos, descobrindo que possivelmente existam novos caminhos e possibilidades, vamos encontrando novas e sutis formas de força, energia e poder, valores que nos trazem benefícios reais, valores que conseguimos sentir como bençãos em nossas vidas práticas, valores que são libertadores, que fazem o bem real e de fato, valores que nos trazem compaixão e compreensão e não nos escravizam nem geram destruição e violência. Vamos percebendo que existem centenas, talvez milhares de pessoas no mundo que já descobriram esses verdadeiros tesouros ocultos na mais pura simplicidade, bem debaixo dos nossos narizes, e que já vivem alinhadas seguindo esses novos valores e princípios do bem e esses caminhos de liberdade. Talvez seja só uma questão de abrir a mente e acreditar em algo tão simples que nem dê pra acreditar. Mas "simples" , não quer dizer "fácil" . Talvez seja preciso um pouco de coragem, pra agir, pra falar a verdade...talvez uma pequena dose de honestidade e humildade pra escutar a voz que vem de dentro dos nossos corações.  Mas que tesouros seriam esses?? Cabe a cada um pensar e, se achar conveniente, procurar...

Então é isso...como dizia um cidadão comum anônimo que considero um Grande Mestre:

"Não importa a velocidade, o importante e você sentir que está indo na direção certa!"

abraços, espero que tenham gostado dessa publicação!

Ângelo Eduardo

 

 

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