Navegando entre Desafios: Uma Jornada Pessoal na Tecnologia, Equidade Social e Realização Profissional

Nos últimos meses, finalizei meu curso de educador social e dei início ao programa de formação de educadoras tech da {reprograma} , o EducaDevas. Essa jornada inteira me deixou reflexiva e me levou a revisitar toda minha história e as motivações por trás dessa jornada pelo mundo da educação. E é sobre isso que quero falar aqui, compartilhando um pouquinho da minha trajetória. Sei que dizem por aí que 'nenhuma experiência é individual quando a compartilhamos', e acredito que isso pode ser algo positivo.

Desafios Iniciais e Reflexões

Desde os meus primeiros anos, sempre me senti atraída pela nobreza das profissões ligadas ao ensino e à ciência, motivada pela pergunta clássica: “O que você quer ser quando crescer?”. Para mim, a resposta sempre esteve relacionada a esses temas. Era fascinante ver nos filmes e desenhos animados, mas à medida que crescia, começava a duvidar se esse era realmente o meu caminho. O que moldou essa dúvida foi o que eu chamo de “mito do homem nerd”.

O mito do homem nerd é o termo que uso, com um toque de humor (ou talvez sarcasmo), para descrever o viés inconsciente e machista que permeia nossa sociedade quando se trata de ciência e tecnologia. Apesar dos esforços para romper com essas barreiras, ainda persiste em nosso imaginário a associação de ciência e tecnologia com uma figura predominantemente masculina.

Desafios Familiares e Superando Obstáculos

Embora sempre tenha recebido um encorajamento positivo da minha família - especialmente do meu pai - para estudar e seguir o meu próprio caminho, independentemente desses fatores, reconheço que o mundo ao nosso redor, especialmente nesses aspectos, pode ser esmagador. Na verdade, o sistema como um todo pode ser avassalador.

Cresci em uma família comum, mas de recursos limitados. Enfrentei algumas dificuldades, sim. A falta de acesso a muitas coisas devido às limitações econômicas era uma realidade constante. Sempre dependíamos de bolsas de estudo e recursos similares para conseguir avançar, sabe? Na verdade, as coisas não mudaram muito até hoje. A diferença é que agora, através do meu trabalho, consigo ajudar minha família a ter um pouco mais de qualidade de vida.

Desconstruindo Mitos na Tecnologia

Porém, isso me leva a confrontar outro mito que também me incomoda profundamente no mundo da tecnologia: o mito de que ser um desenvolvedor automaticamente garante uma ascensão social rápida e soluciona todos os problemas. Essa propaganda exagerada e irreal cria expectativas injustas e coloca uma pressão desnecessária sobre aqueles que estão na área. Mas, talvez seja melhor deixarmos para aprofundar essa discussão em outro momento.

Compromisso Social e Familiar

O fato é que cresci questionando as estruturas de poder e as desigualdades que testemunhei ao meu redor, muitas vezes as vivenciando pessoalmente. No entanto, reconheço que a presença ativa da minha família como rede de apoio fez toda a diferença nesse processo. Ao meu lado, vi muitos amigos e colegas queridos desistindo de seus sonhos devido à falta desse suporte fundamental (porque ter pai e mãe presentes realmente faz diferença). Essa constatação reforçou ainda mais a importância do apoio familiar na jornada de qualquer indivíduo.

Desde o tempo de escola, sempre gostei da ideia de ajudar as pessoas, especialmente em questões internas. Essa inclinação me levou a refletir sobre as motivações humanas e a desejar uma compreensão mais profunda da psicologia. No entanto, meu desejo não se limitava apenas a entender, mas também a contribuir. Sempre acreditei na construção de algo significativo para a sociedade, algo que não apenas beneficiasse a mim, mas também ajudasse os outros de maneira solidária. Essa aspiração por impacto social positivo sempre foi o motor que impulsionou minhas escolhas e direcionou minha jornada.

Descoberta na Tecnologia

Em 2017, decidi 'cair de cabeça' na área tech. Nos primeiros meses do curso técnico, comecei a enxergar meu futuro totalmente construído em cima disso. Nessa mesma época, no final do ensino médio, me deparei com a área de Tecnologia da Informação. Lembro-me de ter me interessado, mas novamente vi a disseminação do velho mito do homem nerd diante de mim. Na época, motivada por um recente término (sim, eu me aprofundei nos estudos para superar um término hahahaha mas esse não é o foco aqui, beleza?), pensei: 'Bom, se eu não gostar, pelo menos fiz algo que me ocupou.' Às vezes, sentia-me insegura com minha escolha de carreira, com medo não apenas de 'não gostar do que faço', mas também de 'não ser viável economicamente' - afinal, isso ainda era minha maior preocupação. Além disso, ainda tinha em mente a ideia de ser psicóloga. Para mim, 'humanas e exatas não se misturavam'. Uma bobagem, já que hoje vejo que o mercado de trabalho exige que você seja interdisciplinar.

Mergulhando de cabeça

Foi nesse contexto de busca por uma forma de impacto positivo que enxerguei nessa área uma oportunidade única para aplicar meu desejo intrínseco de criar algo valioso e transformador. Desde então, em cada linha de código, em cada projeto, busquei imprimir meu compromisso com a construção de soluções que não apenas resolvessem problemas, mas também trouxessem benefícios tangíveis para as pessoas. Claro que enfrentei alguns percalços e inseguranças, mas se eu fosse descrevê-los todos aqui, o texto se transformaria em um livro.

Com o passar dos anos, minha jornada me conduziu por caminhos onde pude unir a tecnologia à educação e à transformação social. Eu percebi que adoraria um dia, poder contribuir para a formação de novos talentos, e de quebra, poder oferecer um dia as mesmas oportunidades que me foram ofertadas para pessoas que não tem o mesmo acesso e privilégios.

Em 2019 quando fiz um voluntariado na faculdade como monitora de uma classe de informática básica, percebi que lecionar era muito mais que repassar conhecimento técnico. Haviam desafios diversos a serem atravessados, e que os alunos eram diversos. Até considerei me capacitar para atender melhor essas demandas. Mas, novamente abandonei a ideia e deixei a sídrome do impostor sufocar novamente essa aspiração. Com o passar do tempo, encontrei-me mergulhando em projetos que almejavam não apenas inovar, mas também democratizar o acesso ao conhecimento e empoderar comunidades marginalizadas. Cada passo dado nessa direção reforçou minha convicção de que a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa para promover a igualdade e a justiça social.

O que o futuro reserva?

Assim, minha história se entrelaça com o compromisso de construir um mundo onde o avanço tecnológico não seja apenas uma expressão de progresso, mas sim um reflexo do nosso comprometimento em construir uma sociedade mais inclusiva, justa e solidária - enquanto também consigo pagar minhas contas, é claro, porque a vida não é apenas uma jornada idealista, não é mesmo? E é nesse propósito multifacetado que encontro minha maior motivação e realização. Há tanto para explorar nessa jornada de equilibrar aspirações, responsabilidades e a busca por um impacto significativo. Quem sabe o que o futuro reserva? Fique atento para mais reflexões e histórias que espero compartilhar em breve. 💡Até logo!