NBR5410 e iluminação: já é hora de atualizar!
Stephen S. M. Uso livre.

NBR5410 e iluminação: já é hora de atualizar!

Se tem uma coisa que em dezessete anos mudou consideravelmente nas instalações elétricas foi a iluminação. Se voltarmos lá em 2004, ano da última revisão da NBR5410, era comum ainda encontrarmos lâmpadas incandescentes à venda. Já tínhamos à disposição as fluorescentes eletrônicas, o que já trazia uma economia e tanta de energia elétrica, mas foi a chegada das lâmpadas de LED anos mais tarde e a queda do seu custo que, diríamos, revolucionou a iluminação. Fitas de LEDs, spots, lâmpadas inteligentes. Temos LED pra quase tudo que você pensar dentro de casa. Mas uma coisa não mudou: a norma, e isso me incomoda profundamente.

Dado o mesmo nível de tensão, obviamente, com lâmpadas de LED, a corrente demandada por um circuito de iluminação, para a mesma quantidade de luz emitida, é muito menor do que em 2004. Continuar preso à tecnologia daquela época na hora de dimensionar condutores e proteção de circuitos em instalações elétricas representa um gasto financeiro maior do que o necessário e um consumo desnecessário de matéria prima (cobre, polímeros, plástico da embalagem do rolo de cabos, frete e assim por diante).

Vamos usar um exemplo rápido e prático, mas antes, uma ressalva: não estou nem irei entrar em aspectos luminotécnicos, de como dimensionar precisamente o fluxo luminoso requerido, pois não é assunto de meu domínio, e o foco é confrontar as instruções da NBR5410:2004. Considerando apenas a iluminação principal (spots não são levados em conta) do apartamento tipo da imagem a seguir, temos cerca de 1160 W de iluminação, considerando a área de cada cômodo e separação virtual de ambientes (sala de estar e jantar possuem iluminação independente embora não haja separação física entre os ambientes).

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Considerando que para cada lâmpada incandescente de 100 W, uma de 12 W de LED é equivalente, teríamos uma carga de cerca de 140 W. Porém, temos que lembrar que as lâmpadas de LED, diferente das incandescentes, não possuem fator de potência unitário. Se pegarmos o pior F.P. encontrado para lâmpadas menores, que é de 0,3, teremos então 467 VA, 40% da potência com incandescentes!

No pior caso, que seria a alimentação em 127 V, teríamos a corrente total, com todas as lâmpadas acesas no mesmo circuito, de 3,7 A. Pelo critério de ampacidade, método B1 de instalação, um cabo de 0,5 mm² seria mais do que suficiente. Verificando pelo critério da queda de tensão, para um trecho compatível com uma residência, fixada em 1% máximo, temos que o cabo mais adequado seria de 1 mm² (ignorando os fatores de correção para não levar em conta particularidades de cada instalação).

Onde quero chegar não é dizer que devemos passar a usar condutores com seção menor do que a especificada pela norma, mas chamar a atenção para pressionarmos que as normas sejam atualizadas e se adequem à realidade, afinal, as normas não são gratuitas, e se pagamos por algo, que pelo menos tenha qualidade e seja relevante no cenário atual. A potência necessária em circuitos de iluminação sem dúvida reduziu, e quem sabe, possamos economizar recursos nas futuras instalações, além de facilitar a vida do eletricista instalador.

Por fim, fica como sugestão de TCC uma pesquisa mais extensa sobre o assunto, sobre dimensionamento de condutores, não apenas por parâmetros elétricos, mas também econômicos e ambientais.

Vamos criar um debate saudável e proveitoso? Qual a sua opinião sobre esse assunto e o mercado de normas no Brasil? Sejamos respeitosos, profissionais e produtivos.



Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Stephen da Silva Madeira

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos