NBR5410 e iluminação: já é hora de atualizar!
Se tem uma coisa que em dezessete anos mudou consideravelmente nas instalações elétricas foi a iluminação. Se voltarmos lá em 2004, ano da última revisão da NBR5410, era comum ainda encontrarmos lâmpadas incandescentes à venda. Já tínhamos à disposição as fluorescentes eletrônicas, o que já trazia uma economia e tanta de energia elétrica, mas foi a chegada das lâmpadas de LED anos mais tarde e a queda do seu custo que, diríamos, revolucionou a iluminação. Fitas de LEDs, spots, lâmpadas inteligentes. Temos LED pra quase tudo que você pensar dentro de casa. Mas uma coisa não mudou: a norma, e isso me incomoda profundamente.
Dado o mesmo nível de tensão, obviamente, com lâmpadas de LED, a corrente demandada por um circuito de iluminação, para a mesma quantidade de luz emitida, é muito menor do que em 2004. Continuar preso à tecnologia daquela época na hora de dimensionar condutores e proteção de circuitos em instalações elétricas representa um gasto financeiro maior do que o necessário e um consumo desnecessário de matéria prima (cobre, polímeros, plástico da embalagem do rolo de cabos, frete e assim por diante).
Vamos usar um exemplo rápido e prático, mas antes, uma ressalva: não estou nem irei entrar em aspectos luminotécnicos, de como dimensionar precisamente o fluxo luminoso requerido, pois não é assunto de meu domínio, e o foco é confrontar as instruções da NBR5410:2004. Considerando apenas a iluminação principal (spots não são levados em conta) do apartamento tipo da imagem a seguir, temos cerca de 1160 W de iluminação, considerando a área de cada cômodo e separação virtual de ambientes (sala de estar e jantar possuem iluminação independente embora não haja separação física entre os ambientes).
Considerando que para cada lâmpada incandescente de 100 W, uma de 12 W de LED é equivalente, teríamos uma carga de cerca de 140 W. Porém, temos que lembrar que as lâmpadas de LED, diferente das incandescentes, não possuem fator de potência unitário. Se pegarmos o pior F.P. encontrado para lâmpadas menores, que é de 0,3, teremos então 467 VA, 40% da potência com incandescentes!
No pior caso, que seria a alimentação em 127 V, teríamos a corrente total, com todas as lâmpadas acesas no mesmo circuito, de 3,7 A. Pelo critério de ampacidade, método B1 de instalação, um cabo de 0,5 mm² seria mais do que suficiente. Verificando pelo critério da queda de tensão, para um trecho compatível com uma residência, fixada em 1% máximo, temos que o cabo mais adequado seria de 1 mm² (ignorando os fatores de correção para não levar em conta particularidades de cada instalação).
Onde quero chegar não é dizer que devemos passar a usar condutores com seção menor do que a especificada pela norma, mas chamar a atenção para pressionarmos que as normas sejam atualizadas e se adequem à realidade, afinal, as normas não são gratuitas, e se pagamos por algo, que pelo menos tenha qualidade e seja relevante no cenário atual. A potência necessária em circuitos de iluminação sem dúvida reduziu, e quem sabe, possamos economizar recursos nas futuras instalações, além de facilitar a vida do eletricista instalador.
Por fim, fica como sugestão de TCC uma pesquisa mais extensa sobre o assunto, sobre dimensionamento de condutores, não apenas por parâmetros elétricos, mas também econômicos e ambientais.
Vamos criar um debate saudável e proveitoso? Qual a sua opinião sobre esse assunto e o mercado de normas no Brasil? Sejamos respeitosos, profissionais e produtivos.