A necessidade de se viver mais a tecnologia - aprendizados de um projeto de hacking
A cada ano que passa, conteúdos que falem de alguma forma sobre o tema de tecnologia chegam de forma mais intensa para um número maior de pessoas. Empresas, dos mais variados setores, que estão se transformando digitalmente a partir do uso maior de ferramentas. Processos dentro do setor público no Brasil sendo pensados de forma automatizada. Até mesmo um documentário da Netflix ("O Dilema das Redes Sociais") falando sobre o poder que os algoritmos que ficam por trás de uma rede social têm na vida das pessoas.
Eu faço parte do grupo que consome esse tipo de conteúdo. Ultimamente tenho lido, com maior frequência, artigos que falam sobre os diversos "como" e "por onde" fazer, ou ao menos iniciar, uma mínima transformação digital que seja. São informações que acabam se repetindo ao longo dos materiais publicados e que não se tornam tão práticas para quem as lê, a menos que se tenha tido alguma experiência com tecnologia. E essa vivência não precisa ter sido como desenvolvedor de ferramenta, porque o mundo que envolve tecnologia cada vez mais tem a ver com pessoas e a interação entre elas. É aí que eu chego no ponto desse texto.
Recentemente, pude finalizar um projeto de hacking para uma operadora de plano de saúde no qual o nosso time Fourge se propôs a transformar o modelo de fazer auditoria da empresa. Em resumo, a auditoria é o setor que acompanha o beneficiário do plano desde o momento da solicitação de um exame/procedimento até a sua realização. Ao longo do projeto, pude participar de um grupo que foi formado para focar e fomentar discussões sobre um tema. Qual? Tecnologia.
Vão aqui alguns dos aprendizados que esse projeto me proporcionou:
É muito importante que um grupo criado para pautar assuntos de tecnologia tenha como principal objetivo entender as ferramentas de uma forma diferente e assim poder levar o pensamento para toda a área. E que forma diferente é essa? É compreender a tecnologia como o motor propulsor para que os processos mudem e não o contrário, isto é, processos que se mantêm estáticos e demandam que a tecnologia se adapte. E por mudança de processo leia-se melhoria. Processos melhores acabam por humanizar o trabalho das pessoas, permitindo com que elas usem mais aquilo que é do ser humano, como criatividade e sensibilidade, e deixem as tecnologias fazerem o que é manual e repetitivo. Dessa forma, é possível que se direcione o foco na tão falada experiência do cliente, colocando-o no centro do processo/área/empresa.
Envolver pessoas de áreas de negócio diferentes traz resultado. No caso desse grupo de tecnologia, fez sentido estarem presentes pessoas de TI e da própria auditoria. Essa diversidade de conhecimentos e de perspectivas permite com que desafios, sejam eles novos ou não, que se apresentem no horizonte possam ser resolvidos de uma forma mais rápida e eficaz. A organização das entregas aumenta também quando se envolvem pessoas de áreas distintas. Isso é especialmente importante quando se tem a implementação de mais de uma tecnologia ao mesmo tempo, já que o desenvolvimento de uma pode influenciar no das demais. Entender como as entregas se conectam é fundamental.
A relação entre a TI e a área de negócio deve ser ressignificada. Não é incomum encontrarmos empresas nas quais essa interação se dê na lógica de fornecedor (TI) e cliente (área de negócio que demanda soluções tecnológicas). Da mesma forma não é difícil perceber que se criam "dois lados" entre as pessoas, com falas como: "Eles lá da TI não entregam" ou "A área só manda chamado faltando informações, aí não temos o que fazer". Sobra estresse e faltam comunicação mais frequente e trabalho colaborativo. Na experiência desse projeto que participei, uma relação de maior responsabilização entre área de negócio e TI sobre as entregas finais já existia e foi aprofundada. Isso proporciona um ambiente mais colaborativo, mais empático e no qual as pessoas podem ser mais protagonistas.
Empoderar as pessoas de todos os times é essencial e deve ser uma atividade constante. É importante ter o cuidado de entender que um grupo focado em assuntos de tecnologia tem o papel de provocar e pautar conversas com outros times e não de centralizar as informações e excluir as demais equipes das construções. Assim, pode-se dizer que as pessoas desse grupo de tecnologia atuam como embaixadoras, levando informações importantes para todos e fazendo com que mais pessoas sejam protagonistas e participem do desenvolvimento de novas ferramentas tecnológicas. Tudo isso gera conexão, engajamento e faz com que as pessoas entendam o impacto que a tecnologia tem no seu dia a dia. Afinal de contas, quem entende com clareza qualquer mudança que seja quando não é envolvido em nenhum momento? É importante que se desmistifique inteligência artificial, automação robótica por processos, Internet das coisas, etc. Igualmente importante é fazer isso aos poucos e respeitando o tempo interno de cada um.
Poder viver essa experiência junto com os times com os quais trabalhei me deu uma boa dose de realidade sobre tecnologia. Tenho certeza de que vou levar tudo que aprendi para as próximas experiências!
E espero que tenha feito sentido para ti!
Hacker de modelos de negócios e gestão, multiempreendedor, entusiasta da inovação e de negócios exponenciais
4 aQue demais Giordano Mergen Flores! Linguagem, conexões e ponto de partida ficaram perfeitos. Concordo muito com essa visão. Abraco6