Negócios e Biodiversidade: relatório do WWF revela dados que são alerta ao Setor Privado
Por Daniela Teston – Diretora de Relações Corporativas no WWF-Brasil e Helga Correa – Especialista de Conservação no WWF-Brasil
O Relatório Planeta Vivo 2024, lançado pelo WWF em parceria com a ZSL (Sociedade Zoológica de Londres), traz um alerta: a natureza está em declínio. A partir do monitoramento de 35 mil populações de 5.495 espécies, o estudo aponta uma redução média de 73% nas populações de vida selvagem desde 1970. América Latina, Caribe, África e Ásia-Pacífico testemunharam declínios extremos, com quedas de até 95%. Estes números não são apenas estatísticas, se juntam a outros indicadores que apontam para a mesma direção: um sistema em perigo. O que está em jogo são os sistemas de suporte à vida na Terra, essenciais para a estabilidade ecossistêmica e a segurança humana.
Temos cinco anos para evitar pontos de não retorno – mudanças ecológicas irreversíveis que podem levar a colapsos de ecossistemas cruciais, como a Floresta Amazônica e os recifes de corais. A recente alta nos incêndios amazônicos e o quarto evento global de branqueamento em massa de corais são sinais claros de que estamos ultrapassando limites críticos. No entanto, ainda há esperança. A natureza já provou sua capacidade de regeneração onde recebe apoio.
Setor Privado: precisamos da sua ação incisiva e decisiva
Ao setor privado, o apelo é claro: o planeta e a sociedade precisam de um compromisso ampliado e de uma ação consistente. O setor possui uma posição privilegiada para liderar soluções. É hora de enxergar os recursos naturais como patrimônio essencial para o futuro da vida e dos negócios no planeta.
Com uma ação bem direcionada, o setor privado pode ser um motor de transformação. Desde a revisão de cadeias produtivas para reduzir emissões e minimizar a perda de biodiversidade até o financiamento de soluções baseadas na natureza e a adoção de práticas regenerativas. Para isso, as empresas devem desbloquear mais financiamentos que permitam ações em grande escala para que o Brasil cumpra compromissos globais, como o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal e o Acordo de Paris. Precisamos de que o setor busque ativamente reverter a perda da natureza até 2030.
Da responsabilidade à liderança transformadora
No Brasil, ecossistemas saudáveis são vitais para a produção de água, o equilíbrio climático e hidrológico e a conservação dos polinizadores, impactando desde pequenos agricultores até grandes centros urbanos. Aqui, o setor privado pode se tornar líder em soluções baseadas na natureza, fomentando, por exemplo, a sociobiodiversidade e a restauração, demonstrando que prosperidade econômica e preservação ambiental são forças complementares.
A resposta dos líderes empresariais após conferências, como a COP16 de Biodiversidade e a COP29 de Clima, será crucial. Precisamos de uma resposta ambiciosa, com planos sólidos para reverter a perda da biodiversidade e mitigar as mudanças climáticas. Mais financiamento privado e a revisão de práticas com efeitos negativos sobre o meio ambiente são urgentes.
O futuro que queremos
As pessoas e a natureza estão interligadas. Empresas que hoje investem em práticas sustentáveis, contribuindo para a conservação, estarão mais preparadas para um futuro em que ecossistemas saudáveis são a base do bem-estar global. O setor privado precisa assumir o seu papel nessa jornada de transformação.
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