NETWORKING: ACREDITE, VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO ERRADO - e uma grande lição na Índia em 2012 (foto)

Precisamos de networking…conexões….capital social. Concordo inclusive com a visão de que este ativo é análogo em importância à eficiência industrial no século XIX, o problema é o como isso é feito de forma desastrada em uma mistura de despreparo, falta de conteúdo e puro egoísmo.
EGOÍSMO - A LEI DE GÉRSON DOS INTERESSEIROS
Considero o pior dos erros para quem acha que está fazendo networking. O egoísmo se manifesta de várias formas: a primeira é achar que networking é sobre o que você vai conseguir das pessoas. Networking é sobre o que você já possui para oferecer e ajudar, para eventualmente se converter em uma troca e com sorte receber algo de volta por isso (lembre-se: não há qualquer obrigatoriedade nisso, apenas educação e elegância). É como aprendi com meu orientador e amigo - Yann Duzert, é um elegante ''altruísmo interesseiro''.
A maioria participa de eventos, agenda reuniões exclusivamente pensando nos seus interesses pessoais diretos, espera resultados imediatos. Este contato é potencialmente seu último com esta pessoa, ela rapidamente fará a leitura de sua postura e passará a te evitar sistematicamente. Quanto mais importante e bem sucedida a pessoa, pior o cenário.
Minha preparação pessoal é pautada em - o que possuo em conhecimento/contatos/negócios que pode ajudar esta pessoa?
Lembre-se que ela está doando algo caro e raríssimo: tempo. A metáfora aqui é: pense antes de entrar em contato com alguém como se estivesse indo fazer uma visita e levasse consigo um presente. Não tem o presente pra levar? Não vá. Chama-se Lei de Gérson este espírito celebrado no comercial estrelado em 76 onde ficou eternizada a máxima ‘'Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também!’’.
Outras formas de egoísmo que presencio são: ocupar o já escasso tempo da pessoa relatando histórias pessoais ao invés de indagá-la para aprender ou ainda tentando extrair ajuda gratuita para problemas de cunho pessoal.
DESPREPARO - O ÓBVIO ABORRECE
Isso vale para os que conseguem de alguma forma um contato com um profissional de referência ou celebridade e na hora do tão sonhado encontro pouco sabem sobre o background, os projetos em que ela atua ou contatos em comum. Não simularam mentalmente esta conversa, não tem perguntas inteligentes a fazer. São os que tentam fazer networking de ''peito aberto'', acham que simplesmente conhecer alguém e apertar sua mão e adicionar no Facebook/LinkedIn é suficiente para gerar frutos futuros.
Acabam por fazer perguntar abertas, triviais ou requisitando informações que são amplamente disponíveis na internet, por exemplo. O despreparo desmascara rapidamente a superficialidade do interlocutor, trata-se de outra faceta do egoísmo pois toma tempo e nada agrega. O auge é se a conversa rapidamente converge para um selfie.
FALTA DE CONTEÚDO - NÃO HÁ FÓRMULA DE LANÇAMENTO QUE O SUBSTITUA
Conteúdo, conhecimento, inteligência e experiência. Acredite…isso ainda te faz ser relevante e atrair pessoas, por mais jurássico que possa soar. Apesar de incontáveis tentativas de convencimento acéfalo de que no mundo digital a forma é mais importante do que o conteúdo, de que existem fórmulas mágicas e atalhos para superar quem muito trabalha e pouco dorme, sem estes ingredientes, você não terá networking sustentável, simples assim. O máximo que pode acontecer é como uma bela embalagem com um produto ruim, ele é consumido apenas uma vez. O escritor grego Esopo afirmou que ‘'ninguém é tão pequeno que não possa ensinar’’, não confunda isso com despreparo.
REDES SOCIAIS DO DESESPERO - GROUPIES DIGITAIS
Outro comportamento abominável é dos que tentam criar relacionamento sem relacionamento. Acreditam que se tornar uma espécie de groupie virtual é networking. Elegem um alvo, passam a curtir toda e qualquer publicação, comentam tudo como se fossem amigos inseparáveis, tudo…prontamente, instantaneamente, compartilham freneticamente. Você não está fazendo networking ou criando relacionamento. Você é um ‘'stalker'' interesseiro.
INDICAÇÕES
Com frequência recebo mensagens do tipo: “Você conhece aquela pessoa?! Pode me apresentar??”, ''Como faço pra também fazer negócios com ela??’’. O próprio tom já demonstra o interesse no curto prazo, a resposta neste caso é ‘'Caso fizer sentido para ambos, certamente ficarei mais do que feliz em apresentá-los’’. Lembrete: a indicação (pessoal ou profissional) gera uma adicional responsabilidade puramente baseada em confiança.
Aqui o auge do mal comportamento é cobrar pela não geração de resultados depois de apresentações/indicações.
RESUMO
O aumento de foco no networking é natural em nosso contexto de inovação colaborativa. O acesso a pessoas com conteúdo e influência certamente encurta caminhos. Reflita sobre os pontos acima, os resultados são consequência natural do cultivo de sólidos relacionamentos, isso é networking.

A foto que ilustra este texto é de 2012 quando estive em Vadodara na Índia. Após muito trabalho com a equipe local, eles prepararam uma emocionante cerimônia antes de minha despedida para que fosse plantada esta pequena árvore com meu nome. Durante esta cerimônia explicaram que na tradição local cultiva-se o ‘'jardim dos amigos’' como uma forma de reconhecer as pessoas queridas, lembrar delas mesmo quando distantes diariamente e para marcar que assim como a amizade, a árvore apenas sobreviverá se for cuidada sempre.