NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO.
Crédito: JNemchinova/iStock

NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO.


Prof. Douglas Menezes(1)


A neurociência é uma disciplina que tem ganhado cada vez mais destaque na educação, e com razão. Ao entendermos o funcionamento do cérebro, somos capazes de desenvolver estratégias de ensino mais eficazes e adaptadas às necessidades individuais dos estudantes.

O cérebro humano é verdadeiramente notável. Apesar de representar apenas 2% do peso corporal, consome uma quantidade significativa de recursos, utilizando cerca de 20% do oxigênio que respiramos e 25% da energia disponível. Essa demanda energética intensa reflete a complexidade e a importância desse órgão para todas as funções cognitivas e comportamentais. (2) Reunindo bilhões de neurônios e mais de 100 trilhões de conexões (3), o cérebro é capaz de processar uma enorme quantidade de informações em tempo real. Esse processamento é fundamental para a aprendizagem, pois permite que os estudantes absorvam, processem e retenham conhecimento de forma eficaz. (4)

A compreensão da neurociência na educação nos permite desenvolver métodos de ensino que estão alinhados com os processos cognitivos naturais do cérebro. Atentando para a compreensão das diferenças individuais no funcionamento do cérebro, mostrando que cada pessoa possui um perfil cognitivo único, com diferentes pontos fortes e áreas de melhoria. Ao reconhecerem-se essas diferenças, os educadores podem pensar suas práticas de ensino para atender às necessidades específicas de cada aluno, promovendo assim uma educação mais inclusiva e eficaz.

A aprendizagem não é um evento isolado no cérebro; é um processo complexo que envolve a reorganização de sinapses, circuitos e redes de neurônios. Esses elementos estão interconectados e distribuídos por todo o cérebro, formando uma intrincada teia neural que é constantemente modificada durante o processo de aprendizagem. (5)

Outro relevante acréscimo da neurociência para os processos de aprendizagem é o fato de que esta ciência ajuda a entender como diferentes funções mentais estão interligadas e como podem influenciar o processo de aprendizagem. Além de importantes reflexões sobre a linguagem e o raciocínio lógico-matemático. Estudos neurocientíficos demonstram como essas habilidades são fundamentais para o sucesso acadêmico e profissional, e como podemos estimular seu desenvolvimento de maneira eficaz.

A intersecção entre neurociência e educação apresenta-se como uma notável via para aprimorar os métodos de ensino e maximizar o potencial de aprendizagem dos estudantes. Diariamente, pais e professores desempenham um papel crucial como agentes nas mudanças cerebrais que ocorrem durante o processo de aprendizagem. Eles fornecem o ambiente físico, os estímulos, as interações sociais, os modelos e valores que moldam a experiência educacional do aprendiz. No entanto, é preocupante que, em geral, esses educadores tenham um conhecimento limitado sobre o funcionamento do cérebro. (6)

Esse diálogo (entre neurociência e educação) se torna, portanto, essencial. O tema central da conversa é a aprendizagem, e compreender como o cérebro processa informações e se adapta ao ambiente de aprendizagem é fundamental para aprimorar as práticas educacionais. Além disso, a neurociência também nos ajuda a entender como fatores como emoção, motivação e atenção afetam o processo de aprendizagem.

(1) Licenciado em Ciências Biológicas; Especialista em Docência do Ensino Superior, Neuroaprendizagem e Neuropsicopedagogia; Mestrando em Tecnologias Emergentes na Educação; Neuropsicopedagogo (SBNPp-14412); Docente supervisor do centro de ciências Sesc Ciência - Sala de Ciências (Fortaleza/CE); Divulgador científico; Docente do ensino superior; E-mail: nppdouglasmenezes@gmai.com 

(2)  Watts, M. E. et al. (2018). Brain energy and oxygen metabolism: Emerging role in normal function and disease.

(3) Herculano-Houzel, S. (2012). The remarkable, yet not extraordinary, human brain as a scaled-up primate brain and its associated cost.

(4)  Bartol Jr, T. M. et al. (2015). Nanoconnectomic upper bound on the variability of synaptic plasticity.

(5)  Lent, R. (2019). O cérebro aprendiz: Neuroplasticidade e educação.

(6) Herculano-Houzel, S. (2002). Do you know your brain? A survey on public neuroscience literacy at the closing of the decade of the brain.

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