Ninguém ensina ninguém

Primeiro, permitam-me revelar um pouco mais sobre mim, algo que certamente não estará em meu currículo, ou mesmo no resumo profissional de minha conta do LinkedIn.

“Sou apaixonado por educação, acredito que pessoas podem ajudar pessoas a aprender, também respeito o momento e decisão de cada um, não há aprendizado quando não estamos abertos à novos conhecimentos.

Logo no início de carreira, enquanto lecionava em escola de cursos profissionalizantes, descobri minha PAIXÃO por ajudar e desenvolver pessoas.

Com carreira sólida, desenvolvida em processos de melhorias, inteligência de mercado e franchising, encontrei nas palestras e artigos uma forma de exercer essa PAIXÃO compartilhando e incentivando através das experiências profissionais vividas.

Acredito cegamente que qualquer pessoa pode ser/exercer o que desejar desde que esteja motivada e consiga enxergar o caminho.”

A importância do contato com o desconhecido

Ninguém ensina ninguém, é isso mesmo. Você não aprendeu nada com os seus pais, professores ou gestores, talvez seja mais adequado afirmar que pessoas que tiveram passagens impactantes em nossas vidas foram capazes de nos inspirar através de exemplos e incentivar com a sua sincera atenção. Mas a decisão de aprender foi sua e de mais ninguém, uma decisão íntima e única.

Durante qualquer contato com outras pessoas, e neste caso, qualquer pessoa, se direcionar a tua atenção, perceberá o quanto àquela pessoa conhece sobre determinado assunto, e dependendo de sua habilidade de narrativa, essa pessoa será capaz de promover ansiedade, àquele friozinho na barriga que se instala, e é nesse momento que você percebe o quanto ainda tem aprender.

Nesta situação há dois prováveis caminhos que nas próximas linhas pretendo clareá-los para que possamos juntos entender a complexidade dos ciclos de aprendizagem humana.

Rebaixado

Nas nossas relações, quando em contato com indivíduos brilhantes é natural nos fecharmos, sentindo-se de alguma forma inferior àquela pessoa. Isso muitas vezes é atribuído ao tom e forma como o outro se expressa, porém, gosto de pensar que o impacto das palavras em nossos sentimentos está diretamente relacionado ao nosso momento de vida, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. Neste caso, transfiro toda a responsabilidade ao receptor da mensagem e não ao entregador, claro, é muito mais fácil quando você consegue vislumbrar alguém que acima de tudo sabe ser simpático e cuidadoso com suas palavras, mas isso não quer dizer que pessoas opostas não podem te oferecer o novo.

Se você está em período de turbulência na organização de suas contas pessoais e/ou problemas no relacionamento conjugal ou familiar, naturalmente o contato com o desconhecido te provocará sentimentos negativos, e é nesse momento que você deixará de aproveitar um rico conteúdo, que talvez fosse capaz até mesmo de solucionar os seus problemas. O mesmo ocorre para um funcionário que não vem performando conforme o esperado, que naquela mesma semana tenha recebido um feedback não muito positivo de seu chefe, que por mera rotina, decidiu cobrar por desempenho.

Neste momento nos fechamos ao mundo, buscamos o conhecido onde é mais seguro, porém as oportunidades e sacadas para o real aprendizado está justamente no oposto.

Se autoconhecer e fortalecer seus pontos fortes pode ser uma ótima saída desse limbo de negativismo, esse assunto por si só, renderia longas linhas deste artigo, deixemos esse tema reservado para o próximo.

Incentivado

Nada como um conteúdo interessante, vindo de referências interessantes para nos empolgar, estimular e incentivar a curiosidade de saber mais. Também é interessante saber que podemos causar isso nas pessoas quando abordamos assuntos que outro desconhece. Esse contato com o desconhecido, pode ser muito rico, ou pode passar desapercebido, depende unicamente de como você o recebe. Muitas vezes ao conversar com profissionais com atividades diferentes às suas, se conseguir prestar atenção ao conteúdo, perceberá que existe uma outra vida do outro lado, cheia de experiências e problemas novos a serem solucionados, se estás em um momento de carreira que seja capaz de perceber e se empolgar com problemas, certamente evoluirá de forma natural, pois, o primeiro passo para se desenvolver é perceber o quanto ainda não sabe. Neste caso, a curiosidade ocorre de forma natural, e quando você se percebe já é "especialista" em determinado assunto, pois dedicou horas pesquisando a fundo diversas fontes de informações sobre àquele tema que despertou a tua atenção.

Não importa em qual momento ou com quem, você está em constante aprendizado, simplesmente por ser exposto ao desconhecido todos os dias. O que diferencia a velocidade que essa evolução ocorre é o quanto está atento aos insights que lhe são oferecidos, e esses vêm de forma gratuita. Para ilustrar bem esse tema, redigito abaixo trecho de uma história em tradução livre da poeta Ruth Stone que li em um trecho de um excelente Best-Seller:

“E ela sentia sua chegada, porque a terra tremia sob seus pés. Ela sabia que só lhe restava uma coisa a fazer, que era, em suas palavras, correr feito louca. E ela corria feito louca até sua casa, era perseguida pelo poema, e a questão é que ela precisava pegar um papel e um lápis rápido. Assim, quando ele trovejasse através Ruth ela poderá pegá-lo e aprisioná-lo na página”

O que quero mostra-lhes com essa história é que a qualquer momento, seja oriundos de uma conversa ou algo que leu em alguma propaganda em um outdoor, pode ampliar seu contato com o desconhecido, gerando incentivo para aprofundar o assunto. Quanto mais se conhece e busca novos conteúdos, maior será seu contato com o desconhecido, e esse é o delicioso ciclo de aprendizagem.

Peterson Arruda