Nossa grande depressão

O sonho do crescimento neste ano acabou. O mundo entrou em recessão. Nunca antes as revisões das estimativas para o crescimento da economia global haviam mudado tão rapidamente em tão pouco tempo. Tendo uma avaliação mais abrangente da pandemia mundo afora, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que esta será a pior recessão desde a Grande Depressão de 1929.  

Não havendo vacina ou tratamento seguro para controlar a pandemia, a medida disponível é o isolamento social, em suas diferentes versões, desde o “lockdown” total até o confinamento seletivo. Um de seus efeitos colaterais é a paralização da economia, em consequência da interrupção de atividades produtivas e da imobilidade das pessoas. Não se produz e não se consome. O desemprego cresce. O inimigo do todos é o coronavírus, potente e invisível.

A guerra contra o coronavírus é mundial e está em curso. O FMI estima retração na economia global, neste ano, em -3%, maior do que a recessão de 2008-2009. Nesse cenário, que é o mais benigno, considerando a manutenção do isolamento social, a economia global deverá voltar a crescer em 2021. No caso do Brasil, o impacto negativo será mais severo do que na média mundial. Depois de três anos de pífio crescimento (1,0%), o PIB se retrairá 5.3% e a renda per capita, 5,9%!  Queda maior do que na recessão 2015-2016. O FMI estima que, aqui, a recuperação ficará para meados de 2021.

As incertezas são grandes. O novo vírus já contaminou e matou centenas de milhares pessoas e atingiu profundamente a economia. Sem eliminar a progressão da contaminação, não haverá crescimento.

Em seu relatório o FMI orienta os países enfrentarem essa guerra em três fronts. O primeiro, no combate ao vírus com as armas disponíveis que são os diferentes graus de isolamento, considerando a expansão da epidemia local e a disponibilidade de atendimento do sistema de saúde. No segundo front, garantir meios de subsistências às famílias e aos negócios mais vulneráveis, enquanto perdurar a batalha, utilizando as políticas públicas para a transferência de renda e a oferta de crédito; e, finalmente, conceber e preparar um plano de recuperação econômica para ser executado quando a epidemia estiver controlada. O futuro se escreve no presente.

No Brasil, não há consenso dentro do próprio governo sobre as melhores estratégias para enfrentar o inimigo comum – o covid-19. Não é uma “gripezinha” causando uma “marolinha” qualquer na economia. É um choque como não se via há mais de um século. Não se tem ainda noção da intensidade e da extensão da crise. 

Para o êxito das ações são necessários alguns pré-requisitos, como liderança, conhecimento científico, solidariedade, humildade e cooperação. Não é hora para disputas mesquinhas, diversionismo ou divisões. A união é a chave do sucesso. O insucesso será a depressão.


Depois dos últimos acontecimentos, os gastos extraordinários sendo financiados por LTN’s, estou mto temeroso com o financiamento da dívida e, o compasso de espera que entraremos.

Fred Albuquerque

Professor Associado FDC | OT PAEX FDC |Conselheiro certificado no PDC da FDC | Planejador estratégico | Empreendedor | Publicitário | Sonhador - não necessariamente nessa ordem...

4 a

Muito bom professor Paulo Paiva. E acredito que a melhor maneira de transpor essa grande recessão será a cooperação, local, regional, nacional e internacional. Caminhemos com fé.

Nairo Alméri

TEMPO LIVRE PARA ESCREVER TEXTOS: RELATÓRIOS DE ECONOMIA E ARTIGOS PARA PUBLICAÇÃO

4 a

Caro ministro Paulo Paiva, bom dia! Também aos seus leitores. Me preocupa, neste momento, e comentei no Painel Alvorada (comercial!...), o seguinte: a) o Tesouro tem agido na velocidade da caneta que libera recursos e ordena gastos; b) grandes corporações da iniciativa privada (os bancos vão cobrar, lá na frente) estão presentes... Está faltando, desde já, a outra face: a) começar a calçar a retomada de uma economia profissional, não mais aquela eternamente sustentada nas tetas fiscais e do BNDES ; b) fiscalizar a qualidade dos gastos (não digo a compra de bandaid...).   Abs

Ronaldo Gusmão

Conselheiro Consultivo | Advisor | Engenharia | Educação| Gestão de Negócios | Startups | PMEs | CEO |Diretor Executivo | Sustentabilidade |

4 a

Muito bem colocado ministro, só faço uma ressalva quanto aos governos locais (estadual e municipal), o que fazer?

Cristina Monteiro

Aposentada em Técnico Fazendário na Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais

4 a

Concordo plenamente, não é hora para disputas. Infelizmente o Brasil parece ainda não ter acordado para a realidade, nossos governantes se recusam a buscar soluções e mirar no exemplo daqueles que já conseguiram passar a primeira fase dessa catástrofe mundial.

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