As nossas ansiedades e suas (ou nossas?) consequências

As nossas ansiedades e suas (ou nossas?) consequências

Todos temos ansiedade em algum grau. E a ansiedade pode ser positiva. Como assim? Dá-se o nome de ansiedade a um conjunto de sintomas físicos e psicológicos mais nomeadamente como taquicardia, sudorese, pensamentos intrusivos sobre o futuro. Popularmente, conhece-se como “nervosismo”. Em que ponto ela pode ser positiva? Esses sintomas têm uma função: prepará-lo para o que vem a seguir ou para o que pode acontecer. Então é a ansiedade que nos faz ficar mais atentos e não nos deixa esquecer de pequenos detalhes.

E quando a ansiedade pode ser negativa? Já diziam minha mãe e minha avó: tudo demais é veneno. Ou ainda: a diferença entre remédio e veneno está apenas na dose. Assim, compreende-se que os sintomas relacionados acima em excesso podem causar diversos transtornos. Os mais comuns recebem nomes e códigos em Manuais de Saúde e já são popularmente conhecidos: Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Transtornos de Pânico e Agorafobia.

Esses são os transtornos mais conhecidos da ansiedade. Mas existem outras formas que a ansiedade pode dar sinais de que está em alta sem ser tão notada. Como? Bem… às vezes o nosso corpo pode “pedir as contas” pelo que estamos fazendo com ele. Sabe aquela doença estranha que te faz ficar de cama, mas você tinha várias coisas por fazer? Ou aquela não tão estranha mas que às vezes os sintomas vêm mesmo a calhar porque ficas impedido de fazer algo que te estava consumindo?

Na verdade, pela visão monista do homem na Análise do Comportamento não há uma divisão entre mente e corpo, o que nos diz que somos um só e não dá para falar em uma doença puramente física ou transtornos puramente psicológicos, como se um apenas influenciasse o outro. Somos um só e as nossas doenças têm sintomas físicos e psicológicos e origens físicas e psicológicas. Afinal de contas, o aumento do nível de cortisol – conhecido como hormônio do estresse – pode provocar a diminuição de células como os linfócitos no nosso sangue e diminuir a nossa imunidade. Em doses normais, esse hormônio é responsável pela manutenção de níveis constantes de açúcar no sangue, a pressão arterial e o nosso sistema imunológico, porém a sua alteração pode ser responsável por fraqueza, fadiga, menor poder de defesa imunológica, depressão e outras doenças graves.

Recentemente tive uma infecção urinária que veio “do nada”, mesmo estando em um momento de alimentação saudável, bastante água, exercícios físicos e etc. Entretanto, na semana anterior tinha tido uma semana lotada de afazeres e sentimentos de ansiedade na entrega de uma das etapas da tese de doutoramento. E em psicoterapia recebi o “tapa em luva de pelica” do meu psicólogo que disse: “mas e então essa infecção logo depois que entregaste os dados e andava a se perguntar constantemente se estava tudo certo?” A infecção, no entanto, não passou tão rapidamente como deveria e acabei por descobrir outras coisas que contribuíram para o quadro geral – o que me levou a parar de produzir qualquer coisa relacionada ao doutoramento por pouco mais de uma semana. Agora está tudo bem e já estou de volta ao computador e à “ansiogênica” tela do word, mesmo que em um texto não voltado para a tese, mas os retornos também começam devagar. No começo entrei em parafuso, mas depois eu comecei a exercitar comigo o que sempre digo aos outros e acolhi as possíveis funções do que aquela parada podia significar: descanso, água, séries e sono em dia podem nos ajudar até a ver de longe o tema que está em desenvolvimento. Acolhimento de si, dos sentimentos, das confusões podem ser um abraço apertado em si mesmo e é o melhor remédio para acertar as contas consigo própria!


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