nov/24 | Expectativas do aço no mercado brasileiro após eleição de Donald Trump
Após a eleição de Donald Trump a Casa Branca, nosso pensamento se volta para os impactos no mercado de aço brasileiro, e as expectativas não são as das melhores:
1) Expectativas de alta do dólar
Segundo a BBC, se o republicano conseguir implantar as promessas de campanhas no que tangem, em especial as tarifas de importação e aumento de subsídios, espera-se o impacto negativo para o mercado brasileiro já no curto prazo. Ademais, os investidores deverão concentrar os recursos em mercados mais seguros, como o norte-americano, porém mais que isso, para o economista Hugo Garbe "Grande parte do dólar tem o efeito da política fiscal do governo Lula, que tem tido um déficit brutal nos últimos meses. Outro fator importante tem sido também a expectativa da reforma fiscal que ainda não saiu." (fonte BBC).
2) Expectativa de enxurrada de importação de aço chinês nos demais mercados mundiais
Já se é esperado que a China busque ampliar as exportações, assim como vêm fazendo nos últimos anos, segundo estudos da Valor Econômico (link) a China exportou 1,2 milhão de toneladas de aço para os EUA em 2018. Já em 2023, elas caíram para 815 mil toneladas, queda de 32%. Dessa forma, o aço chinês barato está sendo despejado em outras regiões, pressionando os produtos em países como Brasil, Vietnã, Índia, Reino Unido, Filipinas e Turquia.
Já é esperado que Trump desenvolva novas barreiras comerciais para protecionismo dos mercados de aço e alumínio de origem tanto chinesa quanto europeia, assim como fez em seu primeiro mandato (fonte UOL).
Ok, então temos uma pressão para a alta de preços a curto prazo devido ao dólar já elevado e outra pressão, desta vez para médio prazo talvez, para a queda de preços do aço no Brasil devido a possível maior presença do aço chinês que muitas vezes são ofertados abaixo do custo de produção. Daí vem o terceiro fator de destaque:
3) Pressão para o Governo aumentar o Imposto de Importação para 35%
O mercado brasileiro já sofreu com a enxurrada de aço chinês nos últimos anos impactando nos empregos locais e queda abrupta de qualidade dos produtos, ainda estamos em vertente de alta de importações do insumo, segundo a Aço Brasil, em 2023 houve a entrada de 451,1 mil toneladas durante todo o ano - entretanto entre janeiro e agosto de 2024, já chegamos ao patamar de 450,7 mil toneladas, mesmo com as ações protecionista que vimos ao longo deste ano.
Em entrevista, a Investnews (fonte) o presidente global da Gerdau, Gustavo Werneck, alertou: “À medida que outros países coloquem mais proteção, o aço da China vai buscar os países que estiverem sem proteção (...) é uma escolha sobre onde vai estar o emprego: no Brasil ou na China.”.
Além da ampliação do imposto de importação de 25% para 35%, Werneck apoia que a taxação deve seguir para todas as linhas de produtos, indo além dos 12 tipos de produtos.
Costumo falar que o mais difícil neste mercado é ter a previsibilidade da oscilação do preço do aço para as próximas semanas ou meses, adoraria ter uma bola de cristal nestes momentos de incertezas rsrs. Mas se eu puder recomendar aos empresários: No curto prazo, mantenha um estoque relativamente robusto, planeje bem suas compras e aproveite as oportunidades, particularmente não consigo ver tendência de queda de preços para os próximos meses. Referente a possibilidade de aumento ainda maior da presença do aço chinês no mercado brasileiro, há uma forte probabilidade de, de fato, ocorrer - entretanto, não deve ter o pico ainda neste último trimestre de 2024, o mais esperado é que ocorra durante 2025, porém há muitas variáveis que devem inferir até lá, estes serão cenas para os próximos capítulos (e talvez, artigos do LinkedIn rs).