A Nova Era de Estagiários
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A Nova Era de Estagiários

Até alguns anos atrás, era muito comum se iniciar a primeira experiência profissional após graduado. Trabalhar enquanto estuda se tornou muito necessário na última década, forçando os jovens a se prepararem desde o ensino médio para suportarem tal responsabilidade tão cedo.

O que talvez seja curioso é como o mundo interpreta as funções do estagiário: até então, o estágio é uma experiência profissional simples, de menor carga horária, criada para que os universitários aprendessem na prática a profissão escolhida. Ou seja, espera-se que a empresa não exija experiência prévia, e sim qualificações básicas, como inglês, boa comunicação e pró-atividade (o que, vamos combinar, é totalmente compreensível de se exigir).

O mercado, atento à procura de estágios cada vez mais cedo, ou uma maior demanda de trabalhos informais por parte do público jovem - que, devido à precificação das mensalidades escolares, busca pagar seu próprio curso universitário - se acostumou com, digamos, uma "mordomia diferente": já não se busca mais estagiários para aprender, e sim que já venham prontos. Isso vai desde jogar obrigações no colo do novo "funcionário" sem treiná-lo, até exigir uma lista de pré-requisitos que dificilmente se encontra em alguém de 30 anos em uma multinacional (imagine, então, em um jovem candidato de 18 anos que mal começou na faculdade!).

É verdade que é difícil acertar. Algumas empresas não suportam contratar estagiários, pois dificilmente se encontra um jovem tão pró-ativo quanto o desejado ou capaz de lidar com uma sobrecarga no trabalho, o que constantemente demanda mais do que o próprio pode oferecer - 6 horas de trabalho por dia.

Outras adotam a prática "vamos reduzir custos": trocam funcionários, profissionais, por estagiários. É claro que o resultado não é o mesmo: podem ter sorte de encontrar aquela pérola, que trabalha duro e para a empresa é um custo cinco vezes menor do que o funcionário anteriormente ali, mas em questão de meses se encontram em uma encruzilhada: ou perdem clientes devido à incapacidade de atendimento, tanto em volume como em qualidade, ou são forçados a crescer e trabalhar com quem realmente tem uma vasta experiência no mercado.

De qualquer forma, uma dica para quem está procurando estágio hoje é: aprenda tudo o que puder fora da universidade e antes de trabalhar. Aquele curso extra pode ser o seu diferencial entre o "não ter experiência" e o "não saber". Isso pode, sim, te custar uma vaga, uma oportunidade para ser um diferencial e efetivado posteriormente. E não - se você for preguiço, superficial, viciado em redes sociais, nada pró-ativo ou despreocupado, você não tem a menor chance de crescer lá dentro. Será apenas aquele que trabalha menos, que faz menos, apenas o "quebra galho".

Às empresas que recebem estagiários, ainda interpretando esses jovens como na fase de aprendizagem, invistam o quanto puderem em treinamento para o cargo e preparo para a sucessão. Quem sabe dez anos depois ele não seja o seu gerente: mas para o estudante trazer um retorno rentável à empresa, é preciso motivá-lo e prepará-lo.

Já às empresas que não treinam os seus estagiários - precisam que venham "prontos", digamos assim -, invistam o quanto puderem em recrutamento ou seleção. Um bate-papo não basta para definir se ele tem as qualificações que precisa. Abra a seleção com muita antecedência, mesmo que não venham vagas abertas, para quando chegar a hora meses depois já saber quem chamar: aplique dinâmicas em grupo, testes intensivos. Nada prático, afinal, querendo ou não você não pode exigir mais do que cursos extras - e sim algo diferente, que mostre a personalidade daquele candidato à vaga. Quantas vezes já não recebi estagiários em meu departamento, e fiquei desapontada com a falta de pró-atividade dos mesmos? Faltando aquele "diferencial", um ar de promissor.


Em um panorama geral, os jovens precisam se preparar para o que as empresas pedem hoje para a primeira experiência profissional: capacitação. Um currículo vazio, sem pró-atividade de um trabalho voluntário, cursos ou projetos extras, não diz nada. Até mesmo um hobbie, no qual você pratica outra língua por contra própria, é um diferencial.

Já as empresas, talvez devam rever os pré-requisitos de suas vagas. Afinal, o que querem? Alguém que nunca trabalhou antes, porém competente, é claro... Ou um profissional? Porque nem todos têm aquelas vinte qualificações que se exige, imagine alguém com duas décadas de idade!


Até a próxima,

Gabriela M F Rodrigues

Diago Savio Sucar

Agilidade | Agile Coach | Instrutor e facilitador | Scrum master | Gestão de produtos | Inovação e processos

7 a

Boa reflexão, tenho percebido o mesmo. Você ainda mostrou possíveis soluções para ambas as partes. Parabéns!

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