Nova F1 repete receita “da pista para a estrada”
💡 Análise, por Luis Ferrari , jornalista, sócio-fundador da Ferrari Promo, além de ser empresário de relações públicas e diretor de marketing e comunicação do Club Athletico Paulistano.
Nesta quinta-feira (6), foi anunciado, com a promessa de corridas mais movimentadas e uma montanha de dados técnicos, o novo pacote técnico da Fórmula 1, com estreia marcada para a temporada 2026.
As principais mudanças são nas unidades de potência, componentes aerodinâmicos e nas dimensões dos carros, mais curtos e estreitos, definidos como “mais ágeis” no anúncio.
O regulamento dos motores atinge em cheio uma demanda do mercado por sistemas de propulsão mais sustentáveis. A F1 reafirma seu compromisso em ser carbono zero até 2030, aumentando a relevância dos mecanismos elétricos e de regeneração de energia, bem como a regra dos biocombustíveis.
Não é por acaso que o novo pacote tem o endosso de seis fabricantes de unidades de potência, um recorde na longa história da categoria: Ferrari, Mercedes, Renault, Honda, Audi e Ford.
Este, me parece, é o maior mérito do pacote anunciado pela F1. Retornou, com roupagem moderna, ao princípio fundador do automobilismo: “from track to road” (“da pista para a estrada”, em tradução livre).
Diz a lenda que nosso esporte começou assim que foi fabricado o segundo automóvel da história, nascido com o objetivo imediato de ser mais rápido que o primeiro. E assim, com a meta de ser mais veloz que os pares, a indústria automotiva despejou bilhões nas pistas durante mais de um século.
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Mas isso seria um desperdício tremendo se fosse apenas pelos bonitos troféus conquistados pelos pilotos e pelo “bragging right” (“direito de se gabar”, em tradução livre), a possibilidade de tripudiar sobre a concorrência derrotada. O principal uso prático do automobilismo é testar, em condições extremas, conceitos e soluções que um dia podem ser transferidos para os produtos da linha comercial das montadoras. É o famoso “from track to road”, no qual as corridas são o maior laboratório da indústria automotiva.
Aqui basta avaliar o impacto da mudança climática nas legislações sobre veículos nos países desenvolvidos e fica claro que a F1, a partir de 2026, ficará ainda mais alinhada com a demanda do mercado.
Mas e os fãs? E as corridas? Serão mesmo melhores, conforme prometido?
A resposta aqui, me parece, reside no impacto das novas regras de aerodinâmica, algo que será constatado somente quando os carros forem para as pistas.
Sem diploma em engenharia, este analista de mercado não arrisca cravar que as corridas serão mais movimentadas com o novo pacote.
Pelo contrário, meu palpite técnico é que não será reduzindo em 20cm a distância entre eixos dos carros e em 10cm sua largura que a F1 proporcionará ultrapassagens em Mônaco ou Ímola.
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