A nova “Guerra Fria” entre China x EUA – Espionagem e Contraespionagem em busca da dominação no campo da tecnologia.
A China, nas últimas décadas, vem apresentando um avanço tecnológico e científico sem precedentes, colocando em xeque a hegemonia de muitos países que se encontram em posição competitivas nessas áreas.
Esses avanços tiveram início com Deng Xiaoping que introduziu reformas profundas, sendo que na década de setenta a China introduziu uma nova política abrindo espaço para investimentos estrangeiros em seu território.
A visita de Henry Kissinger ocorrida em 1972, facilitada por Zhon Enlai, marcaram uma grande aproximação das autoridades chinesas com o governo americano, resultando no fortalecimento dos laços comerciais e diplomáticos entre os EUA e a China.
Daí, tal qual um foguete Starship de Elon Musk, a China acelerou o seu desenvolvimento industrial, tornando-se praticamente a “fábrica do mundo”, especialmente da construção de uma inteligente infraestrutura voltada para a exportação. Assim como os baixos custos da mão-de-obra chinesa, onde zonas especiais foram criadas como Shenzhen.
Catapultando-se tecnologicamente, a China emergiu como um líder no campo da tecnologia, com avanços consideráveis no campo da inteligência artificial, robótica, exploração espacial e redes de comunicação, além é claro de seu ambicioso projeto, lançado em 2013, denominado de a Nova Rota da Seda (Bell and Road Iniciative), com objetivo de promover conexões logística e comerciais com a Ásia, Europa e África através de uma poderosa infraestrutura que inclui ferrovias, portos, rodovias e rotas marítimas que, em grande medida, proporcionará, além do fortalecimento de suas relações comerciais, uma elevada influência geopolítica nessas regiões.
Todo esse processo desenvolvimentista da China, evidentemente, não passou despercebido das potências ocidentais, onde seus dirigentes e estrategistas, manifestaram severas preocupações especialmente na sua dominância tecnológica que se expandia, como também nos aspectos de suas articulações geopolíticas!
Observando essa escalada, o governo americano, em colaboração com a CIA, desenvolveu uma estratégia denominada de Projeto China, com o objetivo de monitorar e em alguns casos interferir no desenvolvimento tecnológico chinês, como por exemplo as restrições impostas para exportação de chips de Taiwan para China, assim como das máquinas de litografia ultravioleta extrema (EUV) de origem holandesa e destinada a produção de circuitos eletrônicos.
Esse projeto, erigido na denominada Guerra Fria Tecnológica, pretende conter a espionagem industrial bem conhecida, mediante ataques cibernéticos como através da infiltração de elementos chineses nas empresas e centros de pesquisas, especialmente nos programas de pós-graduação. onde diversos pesquisadores de várias parte do mundo se deslocam para os EUA.
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O projeto também tem como, através da contenção da ciberespionagem, mitigar ataques cibernéticos as infraestruturas básicas americanas, assim como da espionagem mediante o furto de propriedade industrial, como temos observado, especialmente no campo da robótica e exploração espacial. Basta comparar, por exemplo o Spot (um robô com característica de um cachorro capaz de realizar diversas tarefas incluindo inspeção e vigilância de ambientes) desenvolvido pela Boston Dynamics, assim com o Space Shutle (um ônibus espacial destinado ao transporte de astronautas até a Estação Espacial internacional) e mesmo os Rovers, como o Spirit e o Opportunity e suas semelhanças com os modelos idênticos “projetados” pelos engenheiros e cientistas chineses, assim como a mais recente tecnologia desenvolvida pela Space X para o pouso suave de seus foguetes, após retorno de uma missão!
Além desse elenco de objetivos, o projeto envolve o uso de satélites para monitorar instalações e atividades tecnológicas, a exemplo do que ocorre com todas as nações desenvolvidas. Afinal, deixando a hipocrisia de lado, é evidente que os países realizam atividades de espionagem entre si, como bem retratado no escândalo do vazamento de informações confidenciais promovidas por Edward Snowden!
A estratégia do projeto que também inclui a colaboração do FBI e NSA, para rastrear e desmantelar redes de espionagem chinesa que atuam nos EUA, contam com especialistas em operações secretas que operam em sintomia com as agências de inteligência americanas. Ele inclui o uso de inteligência artificial para monitorar comunicações, assim com o fluxo de dados suspeitos, além do desenvolvimento de tecnologias avançadas para proteger sistemas sensíveis como redes de telecomunicação e até mesmo a proteção de dispositivos utilizados por agências governamentais e empresas privadas.
Nesse sentido, vale registrar o famoso caso dos roteadores chineses adquiridos por agências governamentais e empresas americanas que possuiam portas secretas, denominas de “backdoors”, programadas para permitir o acesso remoto não autorizado. Muitos especialistas em segurança cibernética afirmaram que essas portas de espionagem poderiam ser utilizadas para obter informações estratégicas, principalmente relacionadas as capacidades militares americanas e projetos de alta tecnologia desenvolvido nos EUA.
De fato, essa nova Guerra Fria Tecnológica entre os EUA e a China representa uma nova era de espionagem e contraespionagem, onde a tecnologia de ponta é o real campo de batalha. A rivalidade entre essas duas potências é marcada por espionagem, disputas comerciais e corridas tecnológicas, especialmente intensificada pela digitalização e eletrônica avançada, tendo como especial campo de batalha, a inteligência artificial e a computação quântica.
Esse embate não é apenas relacionado ao poder militar, mas sobre quem vai controlará as ferramentas do futuro em um cenário onde a guerra digital tornou-se tão ou mais importante do que a guerra convencional!
“Conheça o inimigo e conheça a si mesmo; em cem batalhas, nunca será derrotado”. Sun Tzun in A Arte da Guerra.