Nova Política

Entrei na prefeitura de Curitiba em 1984, naquela época o prefeito era Maurício Fruet, excelente pessoa, amado pelos servidores até hoje, muito depois de sua morte. Na sequencia tivemos Roberto Requião, do “emedebe” velho de guerra, não foi um bom administrador, ao contrário de seu antecessor, perseguiu os contrários, aparelhou a estrutura do município e encheu de cargos em comissão e patrulhinhas ideológicas, foi um mal momento de minha carreira, na verdade quase fui demitido por uma fofoca, e fui salvo por um vizinho, a quem devo até hoje, Nizan Pereira de Almeida, que se responsabilizou por mim e me deu a chance de ingressar na área de segurança do trabalho.

Em 1988, depois de todas as consequências da má gestão, a população elegeu o contrário, Jaime Lerner, que tinha perdido a eleição de Requião, e agora voltava justamente conduzido ao cargo que lhe era de direito. Foi uma gestão sem igual, participei da execução da Ópera de Arame, e de tantas outras obras grandiosas do prefeito, a exemplo do Jardim Botânico. Sequência: Rafael Greca, bom administrador, um pouco pomposo demais, gostos exagerados, família de imigrantes italianos e de herdeiros de capitania hereditária, os Greca e os Macedo. Veio então o mentor das obras de Jaime Lerner: Cassio Taniguchi, que com a graça dos ventos favoráveis me oportunizou um destaque importante na administração: Secretário de Saneamento, depois Secretário de Obras, fizemos mil quilômetros de pavimentação urbana, talvez a maior quantidade de pavimentação desta natureza em um município ou capital, na história do Brasil. Fizemos o Plano de Combate a Enchentes, dragamos todas as principais bacias de Curitiba, trouxemos recursos a fundo perdido de Brasília, com ajuda do falecido deputado federal Luciano Pizzatto, fizemos na época a maior ponte de Curitiba, ligando ao município de Pinhais, com “record” de economia, R$ 350.000,00 uma ponte de 56 metros de vão; com recursos a fundo perdido do ministério de infraestrutura. Foi um show de obras, e mesmo assim, quase perdemos a eleição para o PT de Ângelo Vanhoni.

Aprendi algo nestes muitos anos de mudanças de partido e de correntes ideológicas, principalmente que nada se ganha quando se procede a perseguições ideológicas, como as executadas pelo Requião, e mais tarde pelo retorno do moribundo Rafael Greca; ao contrário, perde-se tempo e energia que estão cronometradas pelo relógio do mandato, deixando de fazer boas coisas pelo povo que o elegeu. Vejo isso novamente no governo federal, a caça às bruxas não termina nunca, é todo o dia desculpas de falta de liderança ou de proposituras, comparando a um governo que já se foi há anos. Perde-se o capital político do primeiro ano, perde-se a oportunidade, a economia continua estagnada. São 20 trimestres de recessão! As empresas demitiram seus hábeis funcionários, desativaram linhas inteiras de produção, suas máquinas seguem debaixo de lonas, enferrujando sem manutenção, um desgaste nunca recuperado, e que vai requerer um imenso reinvestimento. E o nosso líder preocupado em bajular os EUA e saber se pode ou não nomear seu filho embaixador, se pode conseguir diminuir o desgaste com seu eleitorado fiel os militares e policiais, se pode nomear um ministro evangélico etc. Em resumo, parece um deslumbrado que esquece que o cronômetro está correndo, e que a população continua sem postos de saúde funcionais, sem escolas, sem estradas decentes. Por sinal o Brasil necessitando alargamento em estradas super congestionadas – vide Itajaí- SC a Florianópolis, e o nosso governo anuncia o desastre que acabou com a ditadura militar, a volta da Transamazônica!


JOSÉ EDUARDO LIMA CONTER

Engenheiro.


Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de José Eduardo Lima Conter

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos