Novo jeito de viver
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Novo jeito de viver

Quando tudo está meio que em paz, a gente coloca a vida em Modo Piloto Automático. Acorda, toma café da manhã, vai pro trabalho, etc. e tal. Os dias vão passando e vamos ficando meio relaxados, talvez, relaxados até demais. Parece aquela música: "está tudo muito bem, está muito bom, mas realmente... Até que algo vem transformar e faz cair por terra todas as nossas seguranças. Acontece com todo mundo. Vários podem ser os gatilhos para provocar esta mudanças e, então, passamos a viver num estado de plena atenção. É desafiador. Conforme o tamanho da "tragédia", a gente perde o chão e, num repente, se vê questionando a sua vida e o seu futuro. Só que, ao contrário do que possa parecer, isso não é ruim, é quando iniciamos um processo de autoconhecimento, porque deixamos a de lado vida do faz de conta, que acontece fora da gente, e passamos, nas horas de solidão que esses dramas sempre nos trazem, a ter mais contato com nosso ser interior. Passando a estar mais atentos ao que se passa em nosso intimo, descobrimos mais sobre quem somos.

É um processo dolorido, porque vem sempre cheio de incertezas e de medos pois, durante toda a nossa vida, somos inclinados a viver permanentemente atentos muito mais ao que acontece no mundo exterior do que no nosso interior. Então, vem a dor e ela nos conecta com o que somos e não com o que aparentamos ser. Sai de cena o sujeito sereno, ponderado, e sobe ao palco o inseguro, o temeroso e o preocupado. Nesta hora, já não nos preocupam mais os fenômenos ao nosso derredor e, principalmente, pouco nos lixamos com o comportamento alheio, comportamento que costuma direcionar a maioria de nossas atitudes quando estamos de boa. A gente começa a se preocupar com a gente mesmo, como sou, como estou e como quero ser.

Nada como um estado de alta tensão emocional ou de uma fragilidade enfermiça para que o ser humano aprenda a observar a si mesmo, seja com seu corpo físico, mas principalmente no sentido psicológico. Mudam-se conceitos, quebram-se paradigmas, e, em meio ao caos das dores, das incertezas, damos, incontinenti, o primeiro passo para que começar a viver de modo mais consciente. Amadurecimento tem tudo a ver com autoconhecimento. Durante a vida comum, rotineira, nossos atos são tão robotizados, que acabamos retirando de nós a oportunidade de nos tornarmos plenamente vivos, reagir a cada situação, de acordo com nossa própria natureza e não dentro dos padrões sociais. Ficar enfermo de uma hora para outra, perder alguém precioso, viver uma situação de estresse, aumentam a nossa capacidade de observar sentimentos e experimentar emoções que já aconteciam, mas que não percebíamos pois não havíamos adentrado em nossa verdadeira essência. E, na medida em que saramos da enfermidade, superamos os maus momentos, vamos substituindo a ansiedade, a angústia e o medo por uma nova realidade, em que o silêncio, a paz e a serenidade definirão nosso novo jeito de viver.

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