Nutrientes essenciais

Nutrientes essenciais

"Você tem fome de quê?" era a pergunta que a célebre canção nos fazia no final dos anos 90. Um questionamento aparentemente básico, mas se você parar para pensar, totalmente fundamental. Quantas vezes no moedor do dia a dia esquecemos do que nos move?

Do meu lado, tenho tentado não perder isso de vista e recentemente fui alimentada lá bem no fundo com lauta refeição. Explico.

Durante anos e anos, fui ao cinema mais de uma vez na semana, mas acho que desde a pandemia me acostumei a ver tudo no sofá, numa preguiça difícil de vencer. Mas achei que o último filme em cartaz de Wim Wenders merecia a viagem até a telona.

"Dias Perfeitos" (Wim Wenders, 2023) é muito mais que um filmaço, é o testemunho de um diretor em transcendência, que alcançou um patamar só seu de cinema-humanidade, apresentando uma singeleza tocante e de certa forma alienígena no mundo de excessos de hoje. 

O filme conta a história de um homem sozinho, mas não solitário. Um faxineiro de banheiros públicos em Tóquio que realiza seu ofício com a mesma dedicação, esmero e cuidado que se espera de um neurocirurgião numa operação. Sua poesia, suas cores e delicadeza, me transpassaram por completo e saí da sala como o personagem Hirayama na última cena (que por si só já valia a Palma de Ouro para Koji Yakusho).

Mas por que estou falando de cinema e experiências pessoais numa plataforma profissional? Porque acredito que nos alimentar do que nos move e faz sentido nos transforma, sim, em profissionais melhores. Principalmente quem trabalha com criatividade.

No caso da propaganda, se alimentar apenas da publicidade premiada alheia pode acabar virando um processo de autofagocitose empobrecedor. Para além da sacadinha, do trocadilho, do conceito, tem o mundo e as pessoas. Aliás, como disse Hirayama, "o mundo é feito de muitos mundos; alguns são conectados, outros, não." 

Não há fórmulas para a criatividade, mas há alguns caminhos mais férteis do que outros. Então, se conecte com o que pode reverberar algo dentro de você. Seja um filme, uma pedalada, um trabalho manual, uma playlist, uma receita nova, o que for. Simplesmente, conecte-se. Pode até não render a elusiva "big idea", mas vai fazer você se lembrar que quem é e a que veio. Afinal, "a gente quer inteiro e não pela metade". 

Vanessa Jansen

Senior Bilingual Copywriter | Creative Director | Freelancer

7 m

sábias palavras

Fernando Penteado

Creative Director | Copywriter | Marketing and Advertising Executive | People Manager

7 m

Demais, Gabriela Santos. Obrigado pela leveza com que vc trouxe essa (sempre necessária) lembrança. E valeu pela dica do filme tb.

Camila Lima

Brand Experience - Gerente de Produção

7 m

Que texto delicado, Gabi! ✨🫶🏻 Precisamos sempre tentar um exercício diário de nutrir a alma pelo menos 10 minutos no dia, apesar de muitas vezes parecer impossível.

Daiana Rodríguez 🏳️🌈

Gerente de Comunicação @GrupoInPress | Social Media | Marketing de Influência | Relações Públicas

7 m

É isso. É vez ou outra colocar a cabeça pra fora do atoleiro e procurar enxergar além das 6172738 tarefas que nos consome e muitas vezes nos coloca em piloto automático. E a partir daí tentar se aproximar sempre mais e mais daquilo que nos move. Ah! E o filme é lindo e inspirador mesmo.

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