Nuvem ou tempestade? A falta do básico em tempos de infraestrutura dedicada.
Por mais de uma década, o desenvolvimento web se debruçou nas hospedagens compartilhadas de custos fixos, negligenciando aspectos fundamentais. Códigos estruturados, frameworks não otimizados e cronogramas apertados deram luz a produtos extremamente pesados. Apesar da baixa performance, muitos desses desenvolvimentos deficientes se tornaram soluções adequadas aos olhos dos clientes, pela baixa taxa de acessos, e a falta de conhecimento do público condenou os navegadores pelo consumo dos recursos do computador.
Um dos maiores impactos negativos desse modelo de mercado web foi na formação dos profissionais, que parecem ter relegado a importância de conceitos como otimização, disponibilidade e escalabilidade. Não é raro encontrar referências ao meme "a documentação sou eu", evidenciando uma cultura problemática de soluções improvisadas nas software houses.
Sistemas legados numerosos, requisitos de emprego extremamente específicos e altos custos para a inovação digital são apenas alguns dos problemas frequentemente citados por profissionais da área, recrutadores e gestores. A ascensão do low-code ou no-code, em certa medida, reflete a insatisfação generalizada com o engodo que se tornou a manutenibilidade dos sistemas. A culpa é de todos nós, que permitimos que a qualidade fosse submissa ao cronograma, sem prever que o atalho de hoje é o bug de amanhã.
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Mas a era da computação em nuvem trouxe uma nova oportunidade, destacando para a cultura do desenvolvimento a preocupação com os custos variáveis da infraestrutura. Talvez estejamos à beira de reconhecer o merecido valor da qualidade de software e de mudar o paradigma do desenvolvimento para os próximos anos.
É crucial que os profissionais atuais não tenham esquecido por completo dos conhecimentos de disciplinas fundamentais como análise e síntese de algoritmos e teoria da computação. Os cursos de engenharia de software e áreas relacionadas precisam reforçar a importância desses conhecimentos na era dos recursos sob demanda. Caso contrário, corremos o risco de repetir os mesmos erros, onde as nuvens tranquilas da computação se transformam em tempestades que devoram os recursos de servidores e clientes.
Frontend Developer | Vue.JS | Typescript | Javascript | ES6 | HTML | CSS
5 mNa ânsia de entregar sua parte na velocidade ditada pelo cliente, encontramos realmente muitos devs indo para um caminho insustentável... E o pior é ver bons devs sendo por vezes corrompidos para esse caminho... Caminho esse que se torna um hábito por vezes muito difícil de ser vencido!
Senior Software Engineer
5 mDe fato antigamente havia uma enorme preocupação na contenção de custos, e também ter seu próprio servidor não era nada barato. Não se falava muito de Agile, tão pouco de testes automatizados, pois o foco era entregar algo funcionando no menor tempo possível. Trabalhei muito em projetos onde o padrão e o design do software eram únicos e o conhecimento também, ou seja, apenas quem havia criado é que saberia explicar bem, porque as coisas haviam sido feitas daquela forma que estava implementada no código.