O adblocking não é o problema principal. Quem controla a mídia?

O adblocking não é o problema principal. Quem controla a mídia?

Aqueles que vivem de fazer jornalismo não devem aprovar sofwares de ad blocking. Então, deve ter agradado a notícia de que John Whittingdale, secretário de cultura, anunciou  acreditar que o problema do ad blocking mereça atenção.

John Whittingdale, secretário de cultura do governo de David Cameron.

No entanto, há controvérsias sobre essa “luz no fim do túnel”. Primeiro de tudo, Whittingdale faz campanha contra uma das maiores soluções para o adblocking: a Europa, onde já existem leis que garantem proteção à neutralidade da rede. Segundo, o adblocking prospera devido a uma falha em relação aos consumidores. Forçar as pessoas a consumir publicidade que arranca seus dados e lhes custa dinheiro não é uma boa estratégia. E, finalmente, ações governamentais tentaram minar e desmantelar a única instituição midiática Britânica que não pode ser enfraquecida pelo ad blocking.

Através de um grande discurso político para levantar a questão, Whittingdale abordou algumas questões críticas e não discutidas anteriormente a respeito do futuro da indústria britânica de mídia. Como se resolver tais aspectos revelasse muito sobre a real intenção do governo em proteger os interesses de uma mídia forte e independente.

O Adblocking é alarmante para publicitários, cujo modelo de negócio é excessivamente dependente de publicidade invasiva que irrita os usuários e, pior ainda, custa-lhes dinheiro (dados móveis). Ver anúncios é irritante, mas suportável; mas ter de pagar por algo que você não solicitou é o suficiente para fazer com que as pessoas baixem sofware de adblocking.

O direito dos consumidores em não olhar para propaganda vai de encontro ao direito das empresas em anunciar e ao dos publicitários em ganhar dinheiro. Whittingdale disse que deseja convocar um grupo que inclui empresas de telecomunicação e plataformas de mídia social, bem como publicitários e anunciantes. Se conseguir, será uma oportunidade de fazer grandes perguntas a respeito de controle e acesso midiático.

Nos Estados Unidos, determinadas Publishers, como a Washington Post, têm lidado com o uso de adblockers por todo seu site. Outras opções para evitar isso incluem colocar suas páginas de propaganda em plataformas maiores como a Instant Articles do Facebook.

O recurso Facabook Instant Articles garante uma experiência mais fluida para ler notícias na rede social.

O adblocking pode ser uma questão premente para Publishers, mas é apenas uma pequena parte do enorme quebra cabeça de quem controla notícias, informação e acesso à web móvel – e, portanto, toda publicidade, receita e audiência nas plataformas móveis. Numa palestra em Cambridge, Emily Bell, colunista do The Guardian e autora desse post, falou sobre o porquê de o crescimento no uso móvel demandar uma revisão de todo o ambiente regulatório de mídia.

A garantia de termos uma democracia bem informada sempre esquivou o enquadramento da imprensa como um objetivo político na reformulação da política de mídia. Não é realmente possível ter uma visão coerente sobre o adblocking sem examinar, como um todo, a dinâmica de informações da web móvel.

E uma questão para os publicitários se lembrarem poderia ser essa: se seu modelo de negócio é totalmente dependente de algo que seus leitores abominam, talvez seja a hora de pensar no fim disso, ao invés de deixar que John Whittingdale garanta sua proteção.

Fonte: The Guardian

Sobre o autor
Billy D. Aldea-Martinez é consultor de Estratégia Digital e Monetização. Atualmente, é Chefe Comercial no Brasil pela  Piano, e ajuda Publishers a lançarem novos produtos e modelos de negócios para aumentar sua renda digital. Também atua como Board Advisor & Angel Investor para startups adtech & marketech dentro do mercado publicitário, auxiliando-as a se lançarem em novos mercados pela America Latina.

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