O adeus de Pedro Parente à vida executiva
O executivo Pedro Parente (foto, crédito para Fabiano Accorsi) foi anunciado como o novo presidente da Petrobras. Eu o entrevistei em 2014 na época em que ele se preparava para deixar a presidência da multinacional Bunge. Naquele momento, voltar à vida pública não estava nos seus planos e o que ele pretendia era participar de conselhos empresariais, entrar mais na administração da Prada, gestora de fortunas em que é sócio com sua esposa, e aprender a pilotar aviões -- um sonho antigo.
Mas, segundo uma reportagem da Folha de São Paulo publicada hoje, ele é conhecido por gostar de desafios e seus amigos são frequentemente surpreendidos por suas reviravoltas de carreira -- como a atual. E ele até me deu uma pista disso na entrevista que fizemos em fevereiro de 2014, em uma sala de reuniões da Bunge, quando me disse que "nunca sabemos quando chegaremos ao auge das nossas vidas e é isso que nos mantém vivos".
A seguir, você lê um trecho dessa conversa publicada na VOCÊ S/A - www.vocesa.uol.com.br
Por que o senhor decidiu deixar o cargo de presidente da Bunge no Brasil?
A decisão aconteceu porque, chegando aos 60 anos, cada ano da vida se torna mais importante. Quero ser o senhor do meu tempo, o que é impossível quando se é um CEO.
A função de executivo toma muito tempo. Tirando o pouco tempo que você dedica à sua família, se for cuidadoso, não há tempo para se dedicar a atividades que podem ser muito importantes para você. Eu quero viajar mais, me dedicar a iniciativas de contribuição social e fazer coisas que nunca fiz. Sempre sonhei em pilotar aviões e acho que agora vou tentar aprender.
O cansaço da rotina da carreira executiva influenciou a decisão?
Um pouco. Eu estava cansado de não ter total controle sobre a minha agenda. Mas a minha disposição aos 60 é a mesma dos meus 40 anos. Por isso não vou parar de trabalhar, apenas mudar o foco da minha atuação para ter mais qualidade de vida. .
Como foi a negociação de sua saída?
Foi muito tranquila. Eu conversei, em junho de 2013, com o CEO global da Bunge e disse que gostaria de parar mesmo em 2014, como definia o meu contrato. Esse período poderia ser estendido se nós concordássemos, mas eu teria que ficar por um ciclo de mais quatro anos e achei que era o momento certo de parar.
A única coisa difícil foi não poder falar com os funcionários da Bunge sobre o assunto até o início desse ano – foi um pedido da direção mundial que guardássemos segredo. Isso foi complicado para mim, pois sou muito transparente.
E como está sendo o processo de sucessão?
A empresa está entrevistando candidatos internos e externos para a vaga. Eu participo, mas a decisão final não é minha, é do CEO global.
Quais são seus planos concretos para o pós-carreira?
Pretendo dividir meu tempo entre algumas atividades. Devo me dedicar mais à administração da Prada Assessoria, empresa da minha esposa da qual também faço parte, e que cuida de fortunas de 20 famílias. Também quero participar de conselhos empresariais, mas no máximo cinco.
Já participo de três hoje e iria para mais dos — gosto do mundo corporativo e quero contribuir com as empresas de alguma maneira. Por ter sido ministro da Casa Civil [durante o governo Fernando Henrique Cardoso], eu tenho vontade de atuar socialmente, só que não quero voltar para a vida pública, por isso estou montando um projeto de inovação na área educacional junto com meu filho.
O senhor acredita que atingiu o auge do sucesso?
Eu entendo que, para muitos, ocupar uma posição máxima de executivo em uma grande empresa é o ápice do sucesso. Mas eu não acredito que tenha chegado ao auge da minha vida. Existe uma história que é muito emblemática e explica bem a busca pelo sucesso.
Certa vez, o embaixador Marcos Azambuja estava conversando com Camilo Penna [ex-ministro da Indústria e Comércio durante o governo de João Figueiredo]. Azambuja disse que se mataria quando chegasse ao auge do sucesso e perguntou o que Penna faria. Ele disse que ia pensar sobre o assunto.
Alguns dias depois, perguntou ao Azambuja: “Como é que você vai saber que chegou mesmo ao auge para tomar a decisão de se suicidar sem arrependimento?”. Azambuja respondeu que, de fato, não tem como saber se já alcançamos o sucesso — e, ainda bem, porque ele já estava arrependido dessa história de suicídio.
Essa é uma anedota, mas que me ajudou a pensar que nunca sabemos quando chegaremos ao auge das nossas vidas e é isso que nos mantém vivos.
CREATOR OF THE BITCOIN CONCEPT IN 1.989 - MASTER DEGREE THESIS - FINANCIAL & STRATEGIC ADVISOR
8 aUm excelente profissional que se soma para ajudar a transformar o Brasil numa real economia de mercado.
Diretor executivo at Colinas Inteligência Contábil.
8 aEstou muito satisfeito com esta escolha, é um executivo extremamente focado e o mais importante: tem grande reputação. Quero acompanhar o crescimento de nossa grande Petrobrás.
Advogado na {:company_name}
8 aNa PETROBRAS terá o melhor de dois mundos que lhe encantam, o mundo corporativo e o da "aviação" , mas um "avião" em pane para pilotar. Desafio que o Brasil agradece e cujo pouso acredito venha a ser seguro.