O bombardeio vai começar, e precisamos focar no COVID-19
O fato do próprio Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus insistir reiteradamente em uma ação articulada dos países para evitar uma catástrofe, mostra como as nações tem encarado de forma desuniforme o embate ao COVID-19. A questão cultural dos povos tem relação forte com isso.
Não cabe aqui analisar a China, cujos aspectos de organização do Estado imprimem distorções à analise cultural. Mas ao analisarmos os países da Europa e os maiores países da América percebemos diferenças culturais abissais entre eles. Diferença ainda mais gritante entre a Europa e o Brasil.
A Europa, além dos séculos de história (e aprendizado) que detém a mais que a América, é formada por países que já foram palco de guerras desoladoras dentro da própria casa. E não uma apenas, mas várias - por vezes mais de uma por século. Este já não é o caso dos EUA por exemplo, e muito menos do Brasil que nunca participou como protagonista principal em disputas intercontinentais.
Porque regatar esse conceito? Porque culturalmente isso influencia no comportamento da população, em relação à questões como a que enfrentamos atualmente.
Numa guerra “em casa”, em países que já passaram por isso, o governo tem a iniciativa imediata de definir diretrizes de proteção, por vezes radicais. A população por sua vez, permanece alinhada, seja por obediência ou por sentimento de autopreservação. Quando soam as sirenes, anunciando bombardeiros se aproximando, a população não espera até enxergar os aviões. Ela larga tudo que está fazendo e se protege, e assim permanece seguindo as orientações, até que o perigo tenha passado.
Nessa hora, todos estão cientes que terão prejuízos materiais. Por vezes, sequer há um lar para voltar pois nem os prédios ficam de pé. Mas a população sabe também que terá de reconstruir tudo depois, com a vida e as pessoas que preservaram.
As consequências da epidemia atual não são nada fáceis - os prejuízos de ordem econômica são enormes. Obviamente que aquilo que é REALMENTE ESSENCIAL precisa ficar funcionando – mesmo numa guerra, algumas atividades precisam manter a população, tanto no campo quanto na cidade. Mas a maioria das atividades realmente sofrem restrições.
Perdas, além das que já estão ocorrendo, vão ocorrer ainda mais. Não há maneira simpática de dizer isso: esse ano, a tendência é que vamos perder dinheiro, independente das pessoas ficarem em casa ou não. Sem mascarar ou negar a realidade, é preciso ter consciência que sonhos serão adiados.
Mas essa preocupação não pode nos imobilizar.
Agora, neste momento, as sirenes estão tocando. A "ficha precisa cair", pois como numa guerra, o bombardeio já vai começar. Ficar parado para discutir qual a sirene que toca mais alto não agrega em nada; mas seguir procedimentos planejados sim. Alinhamento nas ações, embasadas na realidade e não em suposições, ajudam a colocar foco na solução.
Se além disso, estivermos também dispostos a abrir mão de algo pelo bem comum; superaremos a tudo com sequelas menores. Lembrando que há sequelas que são superadas com o tempo; e outras que o arrependimento nunca deixa apagar.
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4 aFalo tudo!
CMO on demand | Estrategista de negócios, marcas e cultura organizacional.
4 aExatamente, ótima crônica sobre o que estamos vivendo.