O Bonsai de amora
Recentemente, enquanto passeava pelo Parque do Japão em Maringá, me deparei com um bonsai de amora em uma lojinha do parque. Algo naquela pequena árvore me hipnotizou, e mesmo sem saber nada sobre plantas e apesar do vendedor tentar desanimar, dizendo que “dá trabalho, precisa de paciência e muito cuidado”, eu o comprei. A ideia de ter uma árvore grandiosa em um pequeno vaso e nas minhas mãos me encantava.
Levei o bonsai para casa, sem saber bem o que fazer com ele. Naquele momento, minha vida estava cheia de frustrações. Havia me mudado para uma pequena cidade do interior em busca de um novo projeto, mas me vi cercado por valores e situações que, apesar do meu esforço, só me deixavam mais frustrado e triste. O bonsai passou a ser uma metáfora silenciosa do que eu vivia: sentia-me pequeno, mas com potencial, precisando de cuidados e paciência.
Todos os dias eu o observava. Regava, mudava-o de lugar, tentava entender as folhas que às vezes murchavam. Aos poucos, percebi que cuidar do bonsai era mais desafiador do que eu imaginava. O vendedor tinha razão. Mas o bonsai me ensinou, silenciosamente, que a vida não se resolve com pressa. Era preciso prestar atenção nas sutilezas – algo que eu estava perdendo.
Em um dia particularmente difícil, sentei-me em frente ao bonsai e, em vez de regá-lo apressadamente, apenas o observei. Ele estava firme, apesar dos meus erros de jardineiro amador. Então, eu vi: uma pequena amora, quase imperceptível, surgia entre as folhas. Esse pequeno fruto me emocionou, não pelo que era, mas pelo que simbolizava. O bonsai me mostrou que, mesmo nos momentos mais complicados, a vida encontra um jeito de florescer.
Aquela amora me ensinou que nem sempre a vida acontece como esperamos. Às vezes, tudo parece estagnado e cercado de negatividade, até que algo pequeno e inesperado aparece, mostrando que o crescimento está acontecendo o tempo todo, mesmo que de maneira invisível.
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Cuidar do bonsai me ajudou a recuperar a confiança em mim mesmo e a reconhecer meu verdadeiro potencial. Aprendi que a paciência é mais valiosa do que parece e que o verdadeiro florescer – seja de uma pessoa ou de uma planta – leva tempo e nasce de dentro. O que importa não é o tamanho do fruto (que hoje são vários), mas as lições que ele traz.
No final, voltei a acreditar no meu potencial e recebi a oportunidade que tanto almejava em um ambiente mais fértil.
Eu também floresci, junto ao bonsai de amora nesse processo.
Gerente Comercial Material Construção, Professor de História
3 mMuito boa reflexão, nós fez refletir tbm.
Professora de Inglês, mestra e doutoranda em Semiótica e Linguística aplicada em narrativas de língua inglesa. Especialista em comunicação e atendimento
3 mIncrível reflexão ! Ótimo texto!
Assistente de Expedição na Saint-Gobain
3 mPerfeito 😍