O Brasil é um jovem que está fora-de-si
Se a república do Brasil fosse uma pessoa, seria um jovem e já teria passado por incontáveis dificuldades na vida. Nasceu em uma terra maravilhosa, privilegiada em recursos naturais; mas já em seu berço nativo foi colonizado por um povo que estava em busca de riquezas e seus pais não tiveram a liberdade de repassar sua cultura e sua religião, mas teve de absorver oque o estrangeiro lhe impôs. Reduziu seu quintal a áreas restritas que ainda contavam com floresta. Foi escravizado quando muito criança, trazido à força pra esta terra. Sua infância foi roubada e foi tratado como mercadoria. Durante a fase de imigração dos povos em guerra, sentiu na pele ser colocado à prova, vivendo o duro recomeço nestas terras distantes. Em 1822, atingiu a Independência e ficou orgulhoso do feito, mas mal sabia do que viria depois. Em 1889, passou a viver em república, e pensava aliviado que a vida melhoraria, mas, como nunca, os recursos da terra mãe foram saqueados pelo estrangeiro. Passou então pela ditadura militar, agora um jovenzinho, e experimentou torturas, tema doído de comentar. Celebrou a democracia, foi manifestar-se nas ruas contra a corrupção, mas apesar disto, tornou-se um jovem ainda mais assolado pelos governantes que desde a colonização se enfronham no empoderamento cruel e na corrupção que o saqueia a todo o instante e de todas as formas. Está doente, desempregado, mal governado, mal educado, sem educação, revoltado, violento, machucado, magoado, preconceituoso - sem esperança. Está tão fora-de-si que nem sabe como lutar contra este sistema, e apesar de estar revoltado com a corrupção embrenhada entre os políticos, não consegue se livrar dos pequenos desvios diários de sua própria conduta que instalam a cultura do "jeitinho", que ele próprio assimilou. Sem cuidados mínimos, cultura e história estão começando a extinguir-se a cada ano. Se eu fosse este jovem - este gigante - eu me ajoelharia, com esperança e fé, e pediria a Deus pra me socorrer, a me ensinar a ser melhor e a saber educar meus filhos e netos pra consolidarem a mudança transformadora, e tomaria atitudes pra melhorar a partir de agora. Porém, ele sequer tem forças pra isto. Quem vai tomar atitudes de mudança por ele? Quem vai ainda acreditar no potencial do chamado celeiro do mundo? Quem vai pedir socorro a Deus em seu lugar?
Elaborado por Cláudia Klava em 06/09/2017, editado em 06/09/2018