O Brasil 4.0
Tenho ouvido, há algum tempo, falarmos sobre indústria 4.0. Particularmente, depois de mais de 10 anos de consultoria em inovação e gestão dentro de indústrias de norte a sul do nosso país, acho que a discussão - para muitas delas - seja 2.0 ou no máximo 3.0.
Para relembrar: A primeira revolução industrial (indústria 1.0) passou pela evolução mecânica e do vapor. A segunda (indústria 2.0), introduziu a produção em massa e a eletricidade. A terceira (indústria 3.0) incorpora computadores e automação. E a tão falada indústria 4.0 fala de internet das coisas, big data e inovação tecnológica de ponta na indústria.
Vamos aos fatos: As grandes já falam dessas tecnologias de vanguarda, com certeza. Mas e as médias e pequenas? Vejo muitas delas ainda lutando para introduzir computadores em suas rotinas. SÉRIO!
Mas esse não é o caso. Para falar de um país, não podemos reduzir a análise a produção industrial. Teríamos que falar de Educação 4.0, Política 4.0, Cultura 4.0, Economia 4.0, Esporte 4.0, Mobilidade Urbana 4.0, Serviços 4.0, Comunicação 4.0 e lá se vai uma lista enorme!
Tudo interligado. Tudo evoluindo de forma consistente.
Também tenho ouvido que a inovação - e seus derivados - são a solução para o país. Estamos numa era de heróis salvadores da pátria, não?
Também tenho ouvido que a inovação - e seus derivados - são a solução para o país. Estamos numa era de heróis salvadores da pátria, não?
Mas a grande verdade é que a salvação virá de uma série de avanços pequenos em muitas - muitas, mas muitas mesmo! - áreas. Um país 4.0 será construído a base de planos complexos e completos para a sociedade. E não de inovações disruptivas em poucas áreas.
Eu não creio que a inovação seja a salvação do país. Hoje, ela é a sobrevivência. Inovar deixou de ser diferencial. O grande diferencial é realmente a construção de uma sociedade mais evoluída.
Nós, que passamos a vida falando de inovação, poderíamos gastar um pouco do nosso tempo falando de evolução. Será que estamos utilizando a inovação para evolução - especialmente como sociedade - ou estamos usando a inovação para involuir como sociedade?
Eu não sei quanto a vocês, mas gostaria muito de ver uma Educação 4.0 nesse Brasil, que mal saiu da sua versão Beta, quanto mais uma versão 4.0.
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5 aDiscuti isso com Roabison Lima umas semanas atrás. O seu texto vai de fato a alguns núcleos da questão. Sou da área de indústria metalúrgica/metal mecânica, e tenho caso de empresa na família, e não posso concordar mais com a parte do texto que diz que ainda temos dificuldade em introduzir o computador em rotinas elementares. Nas que já utilizam, não vemos integração entre redes (sim há empresas com várias redes internas, atendendo certos departamentos) ou entre dados, sistemas, softwares, processos... Sonho futurista. Gestão correta dos dados, padronização, dados mestres: coisa de super multinacionais. Big data, BI, processos automatizados, coleta de informações em tempo real, decisões automatizadas: nem pensar. Na conversa que tive com meu amigo fui mais fundo: nossa indústria ainda carece de coisas mais elementares e mais eficazes, como um gestão organizada com "papel de pão". Adoção de práticas de manufatura enxuta, controles de qualidade, desenho e padronização de processos, entre várias coisas que não depedem do computador. E que trazem mais resultado que a adoção de computadores, sistemas, tecnologias do ano, apenas digitalizando a "bagunça" e ineficiência. Esse último parágrafo que escrevi tem ganho na parte do texto que diz que a inovação tem que vir para a evolução. Não inovação pela inovação.
MSc. | Pesquisador Acadêmico | Mentor | Consultor
5 aParabéns pelo texto. Simples e direto. Tenho exatamente a mesma percepção. Muito se fala de inovação, mas pouco se faz de inovador. Para alguns existe uma demanda reprimida que será solucionada pela inovação, mas esquecem do fator humano que forma nossa sociedade. Novamente parabéns pelo texto.