O Brasil aprende rápido, ao menos em relação ao DREX, o nosso Real Digital
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O Brasil aprende rápido, ao menos em relação ao DREX, o nosso Real Digital

O Brasil aprende rápido, ao menos em relação ao DREX, o nosso Real Digital.

Como qualquer grande novidade, mesmo que ainda vá ser lançada apenas no ano que vem (que está logo aí) a moeda digital oficial do país a ser emitida pelo Banco Central tem sido motivo de várias dúvidas e especulações do público. O bom é que muitas dessas dúvidas já tem respostas, tanto pela expertise dos envolvidos aqui no Brasil quanto na nossa capacidade de analisar e aprender com os erros e acertos dos outros países ao redor do globo.

Há mais de 100 países, incluindo os EUA, a Rússia, França e Israel, com projetos de estudos e testes de CBDCs (moedas digitais dos bancos centrais), versões oficiais da moeda de cada país emitidas não mais apenas em forma física, mas sim em forma digital pelo próprio banco central do respectivo país, permitindo novas conexões ágeis e modernizadas entre instituições e clientes, até de países diferentes.

Além desses países, outros já implementaram na prática suas próprias moedas digitais em circulação, incluindo as Bahamas com o Sand-Dollar, considerado o primeiro CBDC lançado oficialmente, e a China, com quem aprendemos bastante até o momento. 

A China, uma superpotência territorial e econômica, já permitiu ao Brasil diferentes aprendizados que irão impedir muitas complicações que teríamos no caso do nosso Real Digital. Muitas delas, ligadas ao planejamento das etapas de lançamento da moeda pensando em cada nicho e tipo de instituição, tanto pública quanto privada.

Tendo lançado para várias partes do país o e-yuan, o Yuan Digital, há mais de 2 anos, a China conseguiu uma base de mais de 260 milhões de carteiras de indivíduos usando a nova moeda digital para suas transações cotidianas. Isso é uma grande quantidade de pessoas, mas considerando que a China é um país continental com mais de 1 bilhão e 400 milhões de habitantes, essa quantidade não chega a ser nem 1/5 da população em um projeto que já está sendo executado há quase 3 anos por instituições que se planejaram muito para realizar isso com êxito, e que estão vendo atrasos em se chegar ao objetivo inicialmente programado, ainda mais com tantas iniciativas privadas de transação de moedas digitais, como a plataforma WeChat e a AliPay, que já faziam parte do cotidiano da população, por mais que haja sim um sucesso parcial progressivo na iniciativa pública com seu CBDC.

E o Brasil aprendeu com isso para evitar ter a mesma dificuldade. Enquanto a China enfrenta o desafio de ter o valor da mudança com essa nova moeda digital percebido na prática pelos usuários finais, pelo fato de ter deixado as maiores entidades públicas e de grande comércio privado para serem contempladas apenas nas etapas posteriores ao lançamento inicial, o Brasil tem no seu planejamento feito pelo Banco Central, o lançamento da nova moeda digital de forma segmentada para o público, e incluindo logo no início a contemplação dessas grandes instituições.

O atendimento logo nas primeiras etapas foca em grandes depósitos de instituições de varejo e da própria Secretaria do Tesouro Nacional, responsável pela negociação prática de títulos públicos federais, como o Tesouro Direto que conecta desde órgãos reguladores nacionais até diferentes corretoras, variados bancos e os clientes finais.

Esse aprendizado permite que, ao ser lançada, o público veja com muito mais praticidade e velocidade o real valor que a nova moeda permite no dia a dia pois como as grandes instituições irão atuar com ela logo no começo no Brasil, isso faz com que sejam criados novos produtos financeiros, integrações, programações prévias entre outras plataformas financeiras e automações de pagamentos em pequena e larga escala, investimentos, títulos imobiliários e serviços financeiros inovadores afins para atender cada vez mais pessoas e de formas cada vez melhores, levando em consideração os diferentes segmentos de clientes finais e suas respectivas necessidades e possibilidades, assim que eles tiverem acesso ao CBDC do Brasil.

Uma coisa vital para todos ficarem cientes nesse novo contexto é que para o usuário final que faz compras, transferências e demais transações entre pessoas e instituições cotidianas, o DREX, a versão digital do Real é transparente. Não haverá grande diferença causada pela nova moeda digital para o consumidor final que realiza transações financeiras cotidianas. O dinheiro será o mesmo. O Real será basicamente o mesmo nesse uso. O que muda é como essa tecnologia permite muitas outras possibilidades e melhorias na estrutura financeira de vários players no mercado, e claro, as inovações que virão deles e refletirão para as pessoas, a partir disso, em um nível diferenciado de ações.

Enquanto o Banco Central do Brasil desenvolve o Real Digital, oficialmente nomeado DREX, na versão que será movimentada pelas grandes instituições bancárias e que terá suas particularidades, como em um modelo de atacado, os usuários finais serão atendidos pela versão do DREX Tokenizado, como em um modelo de varejo, permitindo as mesmas transações à que estamos acostumados hoje, mas com mais otimização e novas soluções nas aplicações, nas infraestruturas e nos processos internos de quem permite e organiza isso para nós.

Para a pessoa física, e até para certas instituições jurídicas, os benefícios estarão nos serviços e produtos financeiros consumidos atualmente e nos novos que irão poder surgir e serem acoplados naturalmente com muito mais agilidade por meio dessa tecnologia, por qualquer que seja o ramo de mercado do player homologado para fazer parte do ecossistema. Contudo, os maiores impactos (positivos, por sinal) serão, em sua maioria, nos processos internos das instituições que intermediam e armazenam todas as informações dessas transações.

O que essa infraestrutura de CBDC promove são custos menores de operação e gastos com tecnologia e auditoria para as instituições, uma quantidade menor de agentes de intermediação para finalizar transações e serviços financeiros, acelerando a cadeia de movimentações e demais outros benefícios de segurança, auditoria e rastreabilidade promovidos pela tecnologia Blockchain, que é o conjunto de tecnologias e redes utilizadas para a construção das plataformas do Real Digital e de várias outras moedas e ativos por todo o mundo.

Cada centavo poupado com essas melhorias técnicas permite investimentos maiores e com maior velocidade em novos negócios que refletirão em benefícios para os clientes do mercado, e até em iniciativas públicas.

E claro, quem está apoiando no planejamento, no desenvolvimento e nas validações técnicas e jurídicas de qualidade dessa empreitada nacional são 16 instituições de tecnologia, finanças e áreas intermediárias de porte internacional, como a gigante global Microsoft, a Mastercard, o Mercado Bitcoin, o Santander, Itaú, a Caixa Econômica Federal, o Nubank e outros nomes com grande experiência técnica para construir e assegurar segurança, qualidade, conformidade e inovação com a CBDC brasileira.

Mais do que uma versão da moeda que já é emitida de forma física e agora também contará com um modelo digital, o DREX (Real Digital) na verdade é um conjunto avançado de tecnologias em uma rede que permite muito mais inovações, participações, integrações e produtos de qualidade para os usuários no ecossistema financeiro e em suas vertentes.

O desejo e a ampla atuação internacional nessas iniciativas que tem muitos benefícios já comprovados e outros ainda surgindo com o avançar do tempo, permitem que o Brasil compreenda como cada nação atuou, quais tecnologias utilizaram e quais processos renderam mais acertos e erros, promovendo, então, o conhecimento para evitar o que precisaria ser evitado, manter o que precisar ser mantido e melhorar o que for requerido, assim como outros países farão depois de nós, aprendendo com as lições que deixarmos.

Claro que as questões culturais, geográficas e até idiomáticas são fortes diferenças particulares entre todos os países, mas a nível das áreas financeiras e bancárias, que possuem vários padrões internacionais já seguidos pelas nações, qualquer inovação, respeitando as regulações comuns já estabelecidas, serve de grande aprendizado para o player que buscar implementar a mesma ação em seu próprio contexto.

Com a digitalização e a presença nessa rede segura e avançada, novas conexões entre moedas, produtos, plataformas e operações financeiras, de compra e até de medicina podem ser feitas, assim como novas automações, tipos de transações financeiras instantâneas por meio dos mais variados dispositivos nas nossas casas, nas ruas e nas nossas roupas, diferentes produtos de investimento, conversões enxutas de câmbio, formas de comprar ou alugar um carro, uma casa ou qualquer outro ativo físico que agora poderá ser contabilizado de forma quase automática para o digital, de modo inteligente, pré-programado e oficialmente regulado e protegido pelos órgãos e instituições do país que implementar seu CBDC (qualquer que seja).


Referências:

Fabio Alexandre Xavier

CEO Nivelartec, 13 anos em gestão de indústria de equipamentos para logística, palestrante em temas relacionados ao empreendedorismo.

1 a

Diferente do PIX que é um meio de pagamento, aqui estamos falando de uma moeda digital. Para mim o risco maior é a centralização e controle estatal. Sendo ainda pior que moedas FIAT tradicionais

Paola Lopes

Talent Acquisition | Tech Recruiter |+30k

1 a

Show Gabriel, muito obg!

Obrigada por trazer esse artigo sintetizando essas novidades! Adorei 😉

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