O Cérebro Digital: Explorando a Influência da Tecnologia nos nossos Comportamentos

O Cérebro Digital: Explorando a Influência da Tecnologia nos nossos Comportamentos

No mundo atual, a interação entre humanos e tecnologia vai além de simples mudanças comportamentais, é uma conexão harmoniosa que redefine nossa identidade. Vale resaltar como nossas vidas estão entrelaçadas com smartphones, assistentes virtuais e redes sociais - são extensões de nós mesmos.


Quando pedimos conselhos ao “Siri” ou atualizamos nosso status no Instagram, estamos moldando e sendo moldados pela tecnologia. É como se fossemos coautores dessa história digital, onde cada clique, cada busca na internet, contribui para quem somos. Essa interdependência é tão profunda que, muitas vezes, mal percebemos onde terminamos e a tecnologia começa.


Nesse cenário, a presente pesquisa busca explorar os intricados laços entre o digital e os nossos comportamentos, explorando como as inovações tecnológicas não apenas respondem, mas moldam ativamente a forma como vivemos e nos relacionamos.


E por fim também trazer algumas provocações de como podemos usar as tecnologias de uma forma mais consciente e buscando as nossas melhores versões nesse mundo “phygital” (digital + físico).


Para desbravar a influência da tecnologia nos padrões comportamentais, é imprescindível começarmos com um entendimento essencial: como a tecnologia molda a essência de quem somos? Albert Borgmann, ao discorrer sobre a interseção entre tecnologia e identidade, lança luz sobre essa questão ao afirmar: “em outras palavras, que a tecnologia supera sua função como mero reflexo de nossas ações; ela se torna um agente ativo na reconfiguração de nossa identidade e na definição de como nos comportamos (Borgmann, 2017).”


Assim como as emoções sinalizam eventos cruciais para nosso bem-estar, a interação constante com a tecnologia não apenas responde, mas muitas vezes antecipa e é utlizada como referência para as nossas ações, estabelecendo padrões comportamentais que refletem muitas vezes alguns vieses de lucro e interesses que desconhecemos.


Na era contemporânea, somos testemunhas de uma integração exponencial das tecnologias em nossa rotina diária, transformando profundamente nossas interações, escolhas e estilo de vida. Vivemos em uma era onde a tecnologia permeia todos os aspectos de nossas vidas, desde as rotinas diárias até as interações sociais mais profundas. No entanto, o impacto não se limita a uma simples reflexão de nossas ações; a tecnologia se torna uma entidade ativa na determinação de nossos padrões comportamentais.


Filósofos modernos, proporcionam insights intrigantes, sugerindo que a tecnologia não apenas reflete, mas se torna intrínseca à nossa essência, como discutido por Jean Baudrillard  em Simulacra and Simulation. Baudrillard propõe a ideia de "simulacros", ressaltando que nossas interações digitais não são meras representações, mas construções digitais que exercem impactos profundos em nossas experiências diárias. Conforme sugerido por Martin Heidegger, “a tecnologia não é apenas um conjunto de ferramentas, mas uma extensão de nossa própria essência (Heidegger, 2018)”.


Estudos de caso sobre o uso de tecnologias em tantas horas do nosso dia revelam não apenas conexões, mas também a moldagem ativa de nossa identidade digital por essas plataformas. Hoje possuimos diversas conexões que mostram a relação entre o alto tempo de uso nas redes sociais e alguns transtornos como ansiedade e depressão.


Vivemos em uma era de gratificação instantânea, onde a rápida adaptação a novas tendências tecnológicas tornou-se uma parte integral de nosso cotidiano, refletindo a filosofia do consumo instantâneo e a noção de "modernidade líquida" (Bauman, 2013). Este imediatismo constante desafia-nos a equilibrar a incorporação das tecnologias em nossa vida com uma reflexão crítica sobre seus impactos em nossa essência e sociedade. Em resumo, as tecnologias não são meras ferramentas, mas extensões de nossa existência, moldando constantemente quem somos em um mundo em rápida mutação, onde o imediatismo influencia não apenas as nossas ações, mas também a nossa forma de perceber e interagir com o mundo digital.

 

Num mundo onde 'o pão e circo' moderno se desenrola nas redes sociais, a observação atemporal de Juvenal ressoa de forma perturbadora. Vivemos em um universo de ilusões digitais, onde influencers se tornaram os novos protagonistas dessa arena contemporânea. Como Juvenal alertou sobre o entretenimento como uma ferramenta de manipulação, percebemos que muitos desses influenciadores não passam de personagens cuidadosamente elaborados por empresas, orientados por objetivos lucrativos. São como marionetes digitais, moldando gostos, direcionando compras e influenciando comportamentos. Nesse espetáculo virtual, torna-se imperativo questionar: até que ponto somos espectadores ou participantes conscientes desse teatro digital que muitas vezes obscurece a linha entre realidade e ficção?


Em um mundo saturado de influências das tecnologias, buscar uma base mais confiável e assertiva para nossas ações é um desafio complexo, mas filósofos oferecem perspectivas valiosas sobre essa busca por verdade e imparcialidade.

 

Sigmund Freud, em 'The Ego and the Id',  ao discutir a importância da introspecção, destaca: "Conhece-te a ti mesmo (Freud, 2019)”. Esta máxima socrática ressoa como um chamado à autorreflexão, sugerindo que a compreensão profunda de nossos próprios motivos e influências é essencial para discernir as verdadeiras razões por trás de nossas ações. Em um mundo digital onde as mídias sociais moldam narrativas, a autorreflexão torna-se uma ferramenta crucial para navegar através das influências externas. Entender realmente quais são nossos objetivos, interesses e assim enfocar nosso tempo de uso para buscar mais sobre esses temas e não deixar se perder em conteúdos mais superficiais criados para atrair nossa atenção.

 

Kant, em seus escritos sobre esclarecimento, por sua vez, nos lembra da importância da autonomia intelectual ao afirmar: "O esclarecimento é a saída do homem de sua auto-inculpada menoridade (Kant, 1993) ". Essa chamada à autonomia destaca a necessidade de não aceitarmos passivamente as informações que nos são apresentadas, mas de questionar, analisar e formar nossas próprias conclusões, independentemente das influências externas. Entender qual realmente é a fonte dessa informação, ela é realmente validada por especialistas do tema e assim conseguimos ter mais veracidade sobre o que está sendo consumido.

 

Portanto, em um contexto contemporâneo, a busca pela verdade e imparcialidade requer uma combinação de autoconhecimento, autonomia intelectual e uma abordagem crítica em relação às informações. Ao compreender nossas próprias inclinações e exercitar o discernimento racional, podemos construir uma base mais sólida e confiável para nossas ações, reduzindo a influência prejudicial das mídias sociais e promovendo uma visão mais imparcial sobre os temas.


Num cenário onde as mídias sociais exercem uma influência dominante, encontrar equilíbrio no seu uso exige não apenas uma compreensão profunda de si mesmo, mas também a aplicação de habilidades como a inteligência emocional e mindfulness. Como discutido por Daniel Goleman, um renomado psicólogo, "Inteligência emocional não é só sobre ser mais agradável. É sobre como gerenciar nossos pensamentos e comportamentos, compreender e lidar eficazmente com nossas próprias emoções, bem como entender e influenciar as emoções dos outros. Ao cultivarmos essa habilidade, não apenas nos tornamos mestres de nossas reações emocionais, mas também construímos um ambiente emocional mais equilibrado ao nosso redor (Goleman, 2017)”


Em resumo, a interação constante entre a tecnologia e nossa vida demanda uma atitude ativa na construção do nosso ambiente digital. Como enfatiza Warren Buffett, "o melhor investimento que você pode fazer é em si mesmo", evidenciando a importância de assumirmos o controle sobre nosso espaço digital, entendendo nossos valores e direcionando nossos esforços para tecnologias que verdadeiramente contribuem para nosso desenvolvimento.


Nessa perspectiva, ao invés de simplesmente testemunhar as mudanças tecnológicas, tornamo-nos arquitetos conscientes de nosso destino digital, moldando não apenas nosso ambiente virtual, mas também reforçando nossa identidade e influenciando nossas escolhas de maneira significativa.

 

Portanto, a escolha consciente, baseada em prioridades e alinhada com nosso autoconhecimento, torna-se um farol para navegar pelas correntes tecnológicas. Como sugeriu Sócrates ao proferir "Conhece-te a ti mesmo", a compreensão profunda de nossas próprias inclinações e necessidades é a chave para a seleção informada das tecnologias que realmente enriquecem nossa existência. Ao adotar uma postura ativa na escolha das tecnologias que incorporamos ao nosso cotidiano, tornamo-nos os mestres de nossa jornada digital, guiando-nos não apenas pelo imediatismo, mas por uma busca consciente da melhor versão digital de nós mesmos.

Parabéns Vitão ! Orgulhoso de você como sempre ! Nota 10 ! 👍👏👏👏👏👏👏

Camila Faraj Chohfi

Corporate Communications @ Oracle

8 m

Parabéns, Vitinho! Ficou incrível!

Renato Caetano

Senior Design & Innovation Strategist

8 m

Parabéns, Salama! Curioso pra saber mais sobre o tema

Fabriccio Oliveira

Startups & ISVs - Sales Account Executive @Oracle | B2B Sales | Business Managment | Program Manager | Partner Sales

8 m

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