O caos necessário
Há muitas maneiras de tentar entender o mundo. Tentar entender o o esforço que não gera resultado, a injustiça a que somos acometidos, o objetivo que no decorrer do tempo se distancia ao invés de se aproximar.
Joseph Conell, biólogo americano, iniciou uma viagem em busca de desvendar por que algumas partes do mundo abrigavam uma diversidade biológica gigantesca, sendo que em algumas partes das florestas habitavam centenas de espécies de vegetações diferentes e, em poucos metros, a diversidade se resumia em duas ou três espécies, sendo ecologicamente neutras.
Joseph constatou que nas áreas com pouca diversidade haviam árvores grandes, cujas copas bloqueavam a passagem do sol e impediam o aparecimento de outras vegetações diferentes. Já onde havia maior diversidade biológica, constavam resquícios de que estas árvores grandes também ali habitavam, mas haviam morrido ou tinham caído em função de algum raio. Com isso, a luz do sol passava numa quantidade suficiente para que outras espécies ganhassem espaço. Entretanto, se houvesse uma ação muito forte (como lenhadores desmatando, grandes incêndios e inundações), a vegetação era muito menor, só a vegetação mais resistente sobreviveria.
Este trecho resumido do livro "Mais rápido e melhor", de Charles Duhigg, mostra a ideia da teoria do distúrbio intermediário, onde a diversidade local de espécies é maximizada quando distúrbios ecológicos não são nem raros e nem frequentes demais.
Fazendo uma analogia a nossa vida, essa teoria se encaixa em diversas situações. Podemos pensar no comportamento do líder (árvore), que deve saber o momento de se ausentar para que os seus liderados (vegetações) também possam crescer. Também podemos pensar sobre a criatividade: quando ideias fortes se fixam na nossa mente (copa das árvores), não sobra espaço para outras ideias surgirem (luz entre as copas).
Ainda, podemos pensar na nossa vida como um todo. O caos da natureza, inclusive a natureza humana, sempre está por perto, geralmente nem tão raro e nem tão frequente demais. Ele não traz as respostas de todos os nossos anseios, mas é necessário para que novas ideias, novas habilidades e novas superações possam florescer.