O Compliance e os Dinossauros

O Compliance e os Dinossauros

Sabemos que muitas empresas consideram o Compliance como algo novo, inventado e de “moda”. “Agora todos somos compliant" disse-me outro dia um senhor de fato caro e um todo terreno que claramente não podia comprar, ao mesmo tempo que mentia em uma Due Diligence.

Até outro dia, ninguém era punido por corrupção. Pagar subornos ou “gasosas” era o mais normal do mundo, e até parecia que aquele que se escusava de entrar na roda não tinha direito a participar da festa da adjudicação dos contratos. “Quem não sabe jogar não desce pro Play” escutei mais de uma vez…

Agora, as coisas estão a evoluir, a mudar e adaptar-se a realidade, não mais essa realidade tipo “Matrix”, onde nada era o que parecia. Os bois tem nome, e as infrações também. Aquelas empresas e organizações que tinham como “negócio” abrir portas para conseguir contratos, ou actuar de forma ilícita de forma impune, serão extintas como os dinossauros, mas ainda tem uma chance, podem sobreviver e evoluir, se mudarem a sua visão, e se adaptarem aos novos tempos. Algo assim como os fizeram os crocodilos....

Se as empresas que não se adaptarem, e assumirem que o Compliance e a Ética vão de mãos dadas, e são a base para os negócios, pronto estarão submetidas ao Grande Meteorito, este que arrasou com tudo… e onde somente sobreviveram os que puderam adaptar-se. Isto em termos corporativos, é o Compliance.

Mas como aplicar um Modelo de Compliance em empresas e instituições onde o anti-compliance tornou-se parte da sua cultura e de seu core-business?

Antes de nada, de sequer pensar em Compliance, deve-se assumir que, sem o profundo envolvimento da Gestão de Topo, nada disso será possível, e teremos um programa de FAKE COMPLIANCE, com uma simulação da existência de um programa de Compliance, que em realidade, não existe ou não é aplicado. Isto é ganhar tempo, não é solução, pois o meteorito cairá igualmente e a extinção assegurada .

Assim, a organização deve como ponto de saída, ASSUMIR seus erros, e vê-los como tal, sem medo! Fraudes, Lavagem de Dinheiro, Corrupção, Delitos Financeiros, Delitos contra a Segurança Social, Delitos contra o Meio Ambiente, etc… devem ser reconhecidos internamente como delitos cometidos, rastreados, identificados e saneados na medida do possível.

Deve-se PUNIR aqueles que realizaram as infrações, lavar a cara, lavar a imagem, e lavar a empresa, com um excelente detergente, que é a demissão dos infratores que lesaram a instituição, e a divulgação desta.

Deve-se ESTRUTURAR um sistema onde se identifiquem os riscos de estes delitos voltarem a acontecer. Será essencial uma Matrix de Risco, e para tal, ferramentas como Auto-Avaliação, Due Diligence e Auditoria Interna são ideias para conhecer onde e quais são os pontos susceptíveis.

Deve-se DETERMINAR e IMPLEMENTAR Modelos de Gestão de Compliance a seguir, e desenhar e implementar as Politicas e Códigos que correspondam e que devem ser respeitados

Deve-se FORMAR os trabalhadores, para que estes assumam que a Mudança realmente chegou, e como devem proceder se querem seguir na Organização e não ser "extintos" por meio da demissão.

Deve-se CONTROLAR(auditorias/inspeção programada/canal de denúncias). O que não se controla, pronto vira caos. Um caos que normalmente termina com danos a reputação, escândalos e importantes perdas financeiras, e a empresa fecha, ou apenas sobrevive com escassos recursos..…

...Triste fim previsto o teu dinossauro, mais ainda tens tempo de mudar!.


By: Andrea Moreno


Carlos Lima Lôbo🇧🇷

Conselheiro, consultor econômico, compliance, governança corporativa e gestão risco, ex: gerente geral no mercado financeiro durante 35 anos .

2 a

Andrea Moreno Bitteta . Excelente artigo de ponto a ponto do Oiapoque ao Chuí! (*) Oiapoque ao Chuí é dois pontos extremos que corta pais - Brasil.

Nuno Miguel Guita

Managing Partner at Align'in - Compliance Solutions Lda

6 a

recomendo muito este artigo.... aquilo a que a Andrea denomina de  FAKE COMPLIANCE... é aquilo a que muitas administrações designam de: livra-me das chatices mas não do negócio (keep me out of trouble not out of business). Nessa altura há que recordar que as leis da fisica não se vergam e uma causa antecede sempre uma consequencia...

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