"O CONECTOR"

A intersecção entre Governo, Empresas (setor produtivo) e a Academia, não é um debate recente, no entanto, ainda existe a falta de aproximação entre eles. A abordagem da Hélice Tríplice, desenvolvida por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff, é baseada na perspectiva da Universidade como indutora das relações com as Empresas (setor produtivo de bens e serviços) e o Governo (setor regulador e fomentador da atividade econômica), visando à produção de novos conhecimentos, a inovação tecnológica e ao desenvolvimento econômico.

Hoje, trago uma reflexão de que a Universidade, NÃO possui o DNA para servir como ponto de contato e conectar as partes, portanto, é necessário que tenhamos organizações que façam esta integração. Acredito que as Agências de Inovação e Promoção do Desenvolvimento, podem fazer este papel. CONECTAR as instituições e desenvolver INTELIGÊNCIA e ESTRATÉGIA para aplicar ao desenvolvimento local. 

O Governo do Estado de SP, através da Lei Paulista de Inovação 1049 de 2008, visa incentivar as instituições a participar do processo de inovação tecnológica. O problema que enfrentamos, é a falta de um ecosistema COLABORATIVO, onde as instituições, incluindo empresas concorrentes, trabalhem juntas para de fato, agregar valor e somar esforços, no fomento de tecnologia e inovação para a promoção do desenvolvimento. 

Precisamos avaliar o custo de oportunidade de cada região, a partir do ecosistema já existente em cada cidade e fomentar o crescimento, conforme demanda. É necessário, reconhecer alguns indicadores fundamentais para fomentar o ambiente de negócios.

Vamos aos indicadores:

1- Governo:

  • Políticas públicas de incentivo a pesquisa e inovação;
  • Posição geografica e vias de distribuição;
  • Automação que Desburocratiza e traz eficiência;
  • Grau de cultura colaborativa e pensamento horizontal;
  • Custo de ocupação por m2;
  • Condomínios residenciais;
  • Mobilidade e segurança;

2- Universidades:

  • Número de universidades;
  • Principais cursos;
  • Número de alunos;
  • Número de mestres e doutores;
  • Trabalhos de pesquisa realizados;

3- Empresas:

  • Setores industriais mais relevantes da região;
  • Número de empresas por setor;
  • Empresas dentro da mesma cadeia produtiva;
  • Número de empregos gerados por setor;
  • Salário médio;

Para exemplificar, gostaria de mencionar a nossa cidade de Guarulhos, onde tenho a honra de estar como Secretário de Desenvolvimento Econômico, Tecnológico e Inovação. Temos um parque industrial bastante forte e diversificado, mas com algumas características que podem e devem ser potencializadas. Especialmente na industria de base, precisamos fomentar o desenvolvimento de tecnologias para automação e eficiência de produção. Contamos com a forte presença da industria farmacêutica e farmoquímica, onde podemos contribuir fortemente com a formação de Mao de obra e o desenvolvimento de pesquisa e tecnologia em Biotech e Medtech. A presença do maior aeroporto da América do Sul, permitiu de forma orgânica o crescimento da indústria de transporte e logística, mas não contamos com uma integração desta industria, seja com a cidade ou com as universidades.

Os pontos citados acima, mostram o quanto a livre iniciativa e o empreendedorismo, são capazes de desenvolver uma cidade e região. O fato é, que a falta de um CONECTOR, desta livre iniciativa com o Governo e com a Academia, enfraquece o ecosistema e a prova disso, é o número de mestres e doutores que temos nas Academias, que em geral, não possuem nenhuma sinergia com a industria local, além da falta de políticas publicas especificas a esta realidade. Não estou terceirizando a culpa, estou apenas reconhecendo a nossa fraqueza e evidenciando a oportunidade que temos de construir um grande legado.

Assim como Guarulhos, muitas outras cidades, possuem a mesma oportunidade para fomentar e desenvolver ecosistemas de tecnologia e inovação e para isso, sugiro que entendam, quem será o CONECTOR que deverá ter a iniciativa de fortalecer as instituições através das demandas existentes.

O desenvolvimento do Brasil, passa pelo fomento a TECNOLOGIA e INOVAÇÃO e o fortalecimento dos Estados e Municípios. O fomento a pesquisa, a integração de empresas de uma mesma industria, a integração de universidades relacionadas a necessidade empresarial local e políticas publicas regionais, são essenciais para o nosso futuro. 

Eu acredito no Brasil, em São Paulo e na minha querida Guarulhos. Vamos juntos!


PS: Deverão surgir muitos CONECTORES nos próximos anos...#ficaadica


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