O Conselheiro como guardião do futuro das organizações
Introdução
Dentre as missões mais relevantes de um conselheiro está o dever de olhar para o futuro. Isto envolve analisar as incertezas e cenários para recomendar os melhores caminhos. Para compor as recomendações, é necessário trazer referências de negócios, explorar as variações entre o planejado e o realizado e avaliar os resultados obtidos pelas ações executadas. Estas são as bases para o exercício de previsão do futuro e seu planejamento e servem para identificar as fragilidades da organização, avaliar riscos para o negócio, entender as tendências e possíveis movimentos dos mercados onde atua, as tecnologias emergentes, pressões regulatórias, mudanças na sociedade e no cenário concorrencial interno e externo. As leituras do desempenho do negócio e dos projetos em execução que visam guiar o negócio para o futuro compõem a matéria-prima de trabalho constante dos conselheiros para orientar as lideranças na preparação do futuro e garantir a resiliência e persistência do negócio, preparando-o para colher os benefícios de um bom planejamento de futuro, apesar das incertezas mais previsíveis e das mais improváveis.
Visão Estratégica e Inovação
A visão estratégica da organização é um dos elementos de fixação do negócio de mais longo prazo; apesar disto, necessita de ajustes e revisões periódicas. Recomenda-se adotar como uma boa prática ciclos de revisão periódicos para elementos da estratégia, como por exemplo; posicionamento de marcas, portfólio de produtos e estratégia de canais, segmentos de atuação, estratégia financeira e de financiamento, políticas de caixa e distribuição de lucros e dividendos. Estes ciclos de revisão devem estar definidos previamente para garantir a captura de necessidade de mudanças no mercado ou mesmo de alterações macroeconômicas ou geopolíticas. Ainda assim, o conselheiro deve recomendar estas revisões sempre que notar desequilíbrios na entrega de resultados ou ainda movimentações em alavancas não percebidas pela gestão, sem ficar completamente preso a uma dinâmica plurianual de revisão estratégica. Obviamente, o ciclo mais longo de planejamento estratégico deve ser o que norteia a base desenvolvimento da companhia; porém, como os riscos e incertezas se manifestam no decorrer dos ciclos de negócios, ter gatilhos para fazer ajustes é muito importante para a saúde organizacional e para incorporar inovações incrementais ao negócio ou à gestão. Os conselheiros devem observar e apontar se há fatos extraordinários que justifiquem uma mudança de rota e trazer à perspectiva do conselho inovações que possam reposicionar a companhia nos momentos necessários. Como mecanismo de governança, é também uma boa prática manter na companhia um comitê de inovação, que deve avaliar oportunidades e gerir o desenvolvimento dos projetos de inovação. Ao promover a adoção de novas tecnologias e práticas inovadoras, os conselheiros garantem que a empresa esteja sempre à frente da concorrência e pronta para responder às mudanças no mercado de forma proativa ou criando diferenciais competitivos.
Metodologia para pensar no futuro
O planejamento estratégico é uma ferramenta essencial para se utilizar nos ciclos de construção e revisão da visão estratégica, pois deve envolver elementos acionáveis durante a pavimentação do caminho para uma visão estratégica, construindo e discutindo toda a estrutura do negócio. Por este motivo, deve ter rigor para capturar e mapear os elementos de tendências, concorrência, condições macroeconômicas, riscos e incertezas e planejar cenários para a definição da visão estratégica, pela observação dos cenários e escolhas dos sócios, conselho e da alta direção da companhia, pois a visão estratégica envolve também um planejamento para ser atingida e escolhas do que se deve priorizar e como incorporar as inovações pretendidas ao negócio corrente. Neste ponto o rigor metodológico é fundamental e as etapas e blocos de construção passam pela descrição dos elementos abaixo:
Recomendados pelo LinkedIn
Planejamento e Avaliação de Riscos
A capacidade de antecipar e gerenciar riscos é uma competência crucial dos conselheiros. Eles são responsáveis por identificar potenciais ameaças ao futuro da empresa e recomendar planos de contingência robustos para mitigar esses riscos, tais como:
Formação
Os conselheiros têm a responsabilidade de preparar a alta gestão para aplicar as melhores práticas de gestão e apontar ferramentas para apoiar o negócio na tomada de decisões na hora certa e de forma precisa. A introdução de experiências próprias, aporte de networking, a troca de experiências e a apresentação de benchmarks são essenciais para seguir na missão de dar mais resiliência e persistência às organizações. Um dos mecanismos de maior valor para isto é a introdução das lideranças da companhia em novos círculos profissionais. Isto ajuda a compreender o valor da troca de experiências e como ela pode alavancar a performance dos negócios, um elemento chave para preparar a organização para enfrentar desafios futuros. Esse aporte de experiência e conhecimento é crucial para uniformizar a leitura de desempenho da operação e reeducar todos quanto à forma de atuação, seguindo os ritos e processos do modelo de governança.
Conclusão
O papel do conselheiro na antecipação de eventos críticos e construção da visão estratégica vai além de simplesmente supervisionar a gestão da empresa. Eles são os guardiões desta visão estratégica, da inovação e da resiliência organizacional. Ao repensar os negócios e recomendar os elementos para a construção de planos de contingência, os conselheiros asseguram que a organização esteja bem posicionada para enfrentar os desafios do futuro e aproveitar as oportunidades que surgirem.
Head of Digital Transformation
1 mExcelente artigo, Frederico Marquezini. Com a popularização do papel do Conselheiro, como garantir que a empresa está selecionando um Conselheiro minimamente alinhado à sua cultura, valores e necessidades de suporte e direcionamento?