O COORDENADOR DE CURSO DO ENSINO SUPERIOR, NOS DIAS ATUAIS: COMO DESENVOLVER UM BOM TRABALHO, COM FOCO NA INSERÇÃO DOS ALUNOS NO MERCADO DE TRABALHO?

Rogério Adriano Bosso - Psicólogo. MBA em Gestão de Pessoas.

As empresas têm mudado constantemente e para acompanhar todos esses processos de mudança, os profissionais, cada vez mais precisam ter claro quais são suas atribuições dentro de uma equipa para poder, cada vez mais, aperfeiçoá-las, criar novas estratégias e desenvolver inteligência emocional para dar contar das inúmeras atividades que estão sob sua responsabilidade, agindo de forma ética e assertiva com todos os envolvidos em seu trabalho, seja direta (equipe) ou indiretamente (consumidor do produto final). Essa atualização não é diferente para os coordenadores e curso do ensino superior. Até pouco tempo atrás, ou até mesmo nos dias atuais, para algumas IES, os coordenadores de curso mantêm um papel de, exclusivamente, realizar processos burocráticos, gastando mais tempo e energia em atividades internas de departamentos que muitas vezes, nem mesmo deveria ser atribuído ao seu escopo de trabalho, deixando de lado articulações com a rede extra muro da IES, que envolvam docentes, alunos e a comunidade. Essa postura, impede a atualização e o progresso curricular, o qual deveria estar cada vez mais, focado no auxílio de criação de habilidades socioemocionais nos alunos, pois essas habilidades serão um diferencial no concorrente mercado de trabalho. A burocracia impede a inovação e melhoria contínua do curso, respingando diretamente na forma como os consumidores irão perceber o curso oferecido em determinadas Instituições de Ensino.

Você coordenador de curso deve estar se perguntando de que forma inovar para que se possa articular docentes, alunos e comunidade e, ainda assim, preparar esse aluno para o mercado de trabalho, não é mesmo? Pois bem, muitos cursos superiores contam com carga horária prática ou estágio em sua matriz curricular. Essa carga horária traz consigo a possibilidade de inovação. Para as aulas práticas, a orientação do coordenador de curso para que o professor crie casos baseados em situações reais vivenciadas no dia a dia da profissão, é essencial, trazendo assim, situações geradoras de aprendizagem, para que o aluno já se perceba incorporado em uma equipe de trabalho, no papel profissional. O coordenador deve também saber alocar, com bom senso, o professor com maior experiência e domínio na disciplina que irá ministrar. Por esse motivo, o coordenador deve conhecer seus professores, a experiência profissional de cada um e seu lattes. Nos estágios, é importante que o coordenador tenha uma visão ampla dos possíveis leques de oportunidades que seu curso traz e possa fazer parcerias com as diferentes áreas de atuação para a vivência do aluno; mais que isso, o coordenador deve organizar os estágios de forma que todos os alunos vivenciem todas as diferentes possibilidades de atuação, para que possam futuramente, fazer escolha consciente sobre quais áreas deseja e quais áreas não desejam atuar, dentro da profissão escolhida. Isso mesmo, tão importante quanto saber com qual área o aluno se identifica dentro da profissão, é saber quais áreas não se identificam, pois todos nós temos nossos limites de atuação. É importante que o coordenador acompanhe o andamento das aulas de seus professores, se disponibilizando para pensar em estratégias de aula, dando dicas e oferecendo sempre feedbacks que direcionem o professor para a melhora da atuação.

O coordenador de curso deve ter um amplo network e ser uma pessoa de fácil relacionamento, tanto no meio acadêmico como na área profissional, pois além das possibilidades já citadas, esse amplo network possibilitará que o coordenador possa elaborar em seu curso, semanas de estudo, trazendo profissionais de sucesso em diferentes áreas de atuação, agregando aos alunos conhecimento e reconhecimento da vivência prática e das interfaces das disciplinas que tem acompanhado ao longo do curso, bem como o trabalho multidisciplinar. Vale lembrar que a experiência profissional não acadêmica é um ponto enfatizado pelo MEC em seus documentos de avaliação dos cursos nas IES. O coordenador de curso que já atuou em atividades profissionais relacionadas ao curso no qual fará a gestão, conseguirá, com facilidade ter visão do mercado de trabalho, tendo a possibilidade assim, de conduzir da melhor maneira os objetivos da matriz curricular do curso, além de gerar credibilidade e confiança por parte de todos, alunos e docentes.

O coordenador dos dias atuais, deve ter ciências de seus pontos fortes e pontos a serem melhorados, para que possa reforçar os pontos forte e aprimorar os pontos a serem melhorados, constantemente.

Para finalizar, vamos falar da experiência docente do coordenador de curso. Como gerenciar uma equipe de professores, sem ao menos um dia ter estado em sala de aula vivenciando essa realidade? É necessária a experiência anterior como docente, e mais que isso, é importante que o coordenador ministre aulas no curso que gerencia. Essa conduta facilitará a condução das reuniões com os professores do curso, pois, estando na linha de frente, o coordenador terá consciência das demandas trazidas pelos professores e terá um maior repertório para auxiliar no planejamento de estratégias para solução de problemas.

Gerenciando o curso dessa maneira, todos saem ganhando, o coordenador de curso que estará constantemente se atualizando, os professores que se sentirão inspirados a constantemente se atualizarem e os alunos, que ao longo de todo o curso, vai tomando doses de realidade de sua futura atuação profissional, saindo preparado e confiante para assumir novos desafios.