O Custo da Conectividade
Nessa modernidade inundada por dispositivos digitais e uma ansiedade extravagante, é cada vez mais comum recebermos reclamações por não “estarmos disponíveis” o tempo todo.
Quando ligo para alguém e essa pessoa não atende, presumo que está ocupada, com o celular no silencioso, ou envolvida em alguma atividade que exige concentração. Pior ainda é quando isso acontece às seis da manhã ou às dez da noite. Entendo que o horário pode ser inconveniente para ela, assim como é para mim. No entanto, fico impressionado quando recebo uma ligação que não posso atender e, em seguida, sou bombardeado com mais chamadas repetidas – muitas vezes para tratar de assuntos supérfluos ou nada urgentes.
O livro “Sociedade do Cansaço”, do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, ajuda a entender esse comportamento. Ele explora como a pressão para sermos sempre produtivos e atender a todas as expectativas, inclusive as nossas, cria uma exaustão coletiva. A constante conectividade e o uso excessivo das redes sociais intensificam essa ansiedade, que já se tornou crônica em nossa sociedade.
Além da ansiedade individual, a constante pressão por estar disponível impacta as relações interpessoais. A expectativa de respostas imediatas e a falta de limites podem gerar conflitos e distanciamento entre as pessoas. É fundamental que aprendamos a estabelecer limites saudáveis, a comunicar nossas necessidades e a respeitar os limites dos outros. A construção de relações mais autênticas e significativas exige tempo e presença, o que nem sempre é compatível com a cultura da hiperconectividade.
O que nos espera no futuro? Não sei ao certo, mas o caminho parece apontar para uma cultura cada vez mais caótica, sem resolução a curto prazo."