O desafio de empreender por necessidade
Desigualdade parece ser a palavra-chave para o desenvolvimento nos próximos anos. O caso do empreendedorismo no país é exemplar.
Houve uma queda brutal, inédita, na taxa de empreendedorismo nesta pandemia, porém desigual.
A queda aconteceu porque muitos saíram do mercado. Só não foi maior porque, na outra ponta, houve um forte crescimento no número de novos empreendedores.
Os novos, porém, são marinheiros de primeira viagem, que empreendem por necessidade, empurrados pelo desemprego e pela precarização do trabalho.
O desafio da qualificação
Um dado curioso que levantamos na Unipool: o SEBRAE não parece estar se beneficiando significativamente com essa onda de novos empreendedores, pois as buscas pelo serviço continuam abaixo dos níveis de 2017 (já vinham caindo desde 2009), reagindo nesta pandemia apenas o suficiente para parar de cair.
Outro dado: a busca por cursos gratuitos do SEBRAE este ano está abaixo da busca no ano passado, assim como a procura pelo serviço de respostas da entidade.
O que será desses novos "empreendedores por necessidade" sem a devida qualificação em meio a uma crise econômica que vem desde 2015 e parece não dar sinais de recuperação substancial nos próximos anos?
O que será deles sem capital de giro? O PRONAMPE e outras medidas tais como o novo sistema do BC para antecipação de recebíveis podem ajudar.
Mas isso depende dos novos empreendedores terem sucesso nas vendas para então poderem pagar mais adiante os empréstimos tomados... Como o consumo das famílias está em queda, qual a perspectiva disso acontecer?
O desafio da inovação
Estamos diante de um grande desafio: apoiar o sucesso desses novos empreendedores, que não parecem tão interessados em se qualificar quanto deveriam, e trazer de volta os que quebraram, para quem fala dinheiro neste momento (e talvez ânimo).
E o emprego, vocês podem me perguntar? Haverá cada vez menos empregos tradicionais devido à digitalização/automação dos serviços e dos negócios (os novos empregos exigem qualificações novas, que ainda faltam para muita gente).
A tarefa é hercúlea e exige de nós um esforço heroico para inovar nessas frentes onde receitas tradicionais parecem não funcionar mais.
Master Coach, Mentor e Palestrante da empresa Rogério De Caro Palestras e Treinamentos & Consultoria Empresarial
3 aEssa é uma fuga do desemprego, esses números já vinham crescendo antes da pandemia depois piorou e devem piorar mais infelizmente. Muitos empreendem pela necessidade e esse mercado não funciona assim, com uma economia instável é difícil.
professor, escritor
3 aParabéns pelo artigo, e por se preocupar com esses brasileiros empreendedores.