O DESCONHECIDO E EXPLORADO CONCEITO DO COACHING
"Picaretas" se espalham por todo o país banalizando e prostituindo a prática do Coaching Executivo.
- Abraham Shapiro -
Um importante jornal de negócios do país trouxe, há poucos dias, uma matéria mostrando executivos que contrataram coaching para auxiliá-los a superar situações ou alcançar objetivos e saíram do processo piores do que entraram. O autor do artigo pergunta: “Se o coaching é uma ferramenta poderosa na gestão de pessoas, como isso poderia acontecer?”
A resposta é simples. O coaching está banalizado no Brasil. Existem Coaches – com “c” maiúsculo – e coaches – com “c” minúsculo.
Muitos dos que se anunciam por aí – especialmente nas mídias sociais – são profissionais que, não conseguindo desempenho mínimo em suas áreas, ou o dinheiro que sonhavam ganhar, enxergaram a saída numa área que quase ninguém sabe definir exatamente.
Foi assim também nos tempos em que droguistas vendiam elixires nas ruas da Europa aproveitavam-se da ignorância do populacho. Eles prometiam milagres com suas fórmulas mágicas. Na dúvida, as pessoas sempre testam de tudo para conseguirem algum benefício.
Acontece que quando esses coaches oportunistas não conseguem clientes na nova profissão, passam para o próximo estágio, que consiste em sair de cidade em cidade a oferecer cursos para formar e certificar outros coaches! Em resumo, o antigo diagnóstico: “cegos conduzindo cegos”.
É claro que devo excluir dessa trágica conta os psicólogos, engenheiros, pedagogos, advogados e outros profissionais sérios que, após juntarem experiência útil em suas áreas, qualificaram-se a orientar e a auxiliar executivos, gerentes e outros, tanto na promoção de mudanças, quanto no aperfeiçoamento de competências conforme o desejo ou necessidade. Cada um destes, sim, pode ser considerado, segundo o conceito que advém também dos esportes, como um coach, de fato. A razão evidente é que eles têm referências e são donos de um currículo comprobatório de tudo a que se propõem executar.
Excluindo-os, no entanto, arrisco dizer que, hoje em dia, há, em quase todas as esquinas, “marreteiros” e “picaretas” que se autodenominam coaches em quantidade suficiente para se reduzir o monte Everest a um imenso estoque de brita para a construção civil.
Fuja disso.
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Matéria publicada na Folha de Londrina na data de 28/09/2015
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Abraham Shapiro é consultor empresarial em gestão e sucessão familiar. Atua também como executive coach junto a líderes corporativos. shapiro@shapiro.com.br