O Designer é um curador de conhecimento?
Será que o Designer é um curador de conhecimento?
Era isso que eu estava me questionando neste exato segundo agora de manhã, ao discutir alguns aspectos de comportamento social com duas amigas Relações Públicas (alô Paloma França e Laila Marques ).
Não sei se para você esse questionamento tem uma resposta óbvia, ou viés de novidade, mas vou exemplificar meu raciocínio.
Existe um cara chamado Bruno Latour que fala que os Designers são aqueles profissionais "destinados" a causar uma revolução na forma como entendemos o mundo atualmente.
O Design é um profissional que não olha apenas para a estética, ou apenas para a materialidade das coisas: ele olha para os dois. O seu papel como profissional é compreender o funcionamento das coisas e como entregar essa coisa para a sociedade.
Queria observar que, minhas palavras tem um viés bem simplório em relação ao que Bruno Latour fala. Por isso, os convido a ler seu texto - 'Um Prometeu Cauteloso?' .
Bom, então, em meu entendimento, Latour queria dizer que, seja de forma bem tangível e literal, como na criação de uma cadeira, por exemplo, ou seja no pensar novas estruturas sociais, como a resolução da desigualdade social ou até de problemas climáticos do mundo, o Design é o profissional que tem o poder de ENTENDER o que há por trás de OBJETIVO e SUBJETIVO e transformar isso em soluções para a sociedade.
E essas soluções não precisam - entendo até que nem devem- ser criadas do zero. Elas não são "construídas", e sim "reelaboradas" de coisas que já foram criadas ou já foram ditas.
Então se não há criação e sim, interpretação e readequação, será se há encaixe também com a concepção que temos hoje relacionada a Curadoria?
O que é Curadoria?
O ato de "curar" está relacionado com o zelo, cuidado e atenção com alguma coisa. Etimologicamente, a palavra curadoria tem origem do latim "curator", que quer dizer "aquele que administra", "aquele que tem cuidado e apreço".
Bom, ao que me parece, o curador é aquela pessoa que tem o cuidado de ser o "guardião" de algo. Ele pesquisa, ele estuda, ele seleciona e ele adapta ao que para ele, parece mais adequado aquele tema, aquele contexto e aquele momento.
O Curador, então, precisa entender de muitas coisas para essa pratica e ser muito cuidadoso para não cair em interpretações e escolhas erradas.
Vamos imaginar a internet. Temos hoje um mundo de informações. Mas qual a certa? Qual a mais adequada?
Mais uma vez de forma bem simplória explico que, o Curador de conteúdo é aquele que faz uma análise aprofundada sobre os conteúdos que encontra para achar os que fazem mais sentido para o contexto e o ambiente que ele deseja aplicar. O Curador faz o trabalho da peneira.
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Atualmente, existem diversas empresas que usam do ato de Curadoria de conteúdo para que seus processos e procedimentos sejam muito mais assertivos e, por isso, hoje existem cargos de Gestão, muito predominantes na área de inovação, voltados específicos para essa área. Interessante, né?
Também existem empresas, como a Inesplorato que levam o termo Curadoria para um caminho muito mais profundo. Tratando muito mais como o título dessa matéria "Curadoria de Conhecimento".
O Mundo é muito complexo, e vendo no olhar da Inesplorato, é papel do Curador cruzar informações e trazer respostas para essa complexidade. Bom, eu vejo muito o que o Latour fala sobre o Design com um olhar bem parecido com esse da Inesplorato.
Então acredito que as duas áreas se cruzam e estão ai uma dentro da outra, uma sendo ferramenta da outra (há inversões dependendo do contexto).
Mas o mais importante aqui é que eu amo saber que existem áreas, pessoas e profissões que nos ajudam a entender a complexidade desse mundo.( e isso PRECISA aumentar, visse?) E acredito muito no que o Bruno Latour diz:
Não é mais nosso papel criar coisas novas. Agora precisamos beber de novas águas, precisamos beber do que já existe e usar em contextos que talvez nunca antes foram usados, ou que talvez tenham sido usados de uma forma diferente.
É preciso entender que, como disse Dominique Woton
"A incomunicação é, pois, muitas vezes, o horizonte da comunicação. Para evitar o fracasso, há duas coisas a serem feitas: compreender em que se baseia a incomunicação e construir a coabitação" (Wolton, 2006).
Então... acredito que com tudo isso
...É nosso papel começar entendendo que o não entender faz parte do entender.
...É nosso papel interpretar.
..É nosso papel adaptar.
...É nosso papel ter empatia.
...É nosso papel olhar para a complexidade do mundo.
...É nosso papel fazer Curadoria.
...É nosso papel ser Designer.
e sim, acredito que o profissional de Design precisa ter esse olhar de Curador. Esse olhar de "Designer". Você concorda?