O dia em que Michelangelo mudou minha perspectiva sobre carreira e sucesso
Michelangelo: A criação de Adão. Capela Sistina

O dia em que Michelangelo mudou minha perspectiva sobre carreira e sucesso

Há algumas semanas, por pura obra do acaso, tive a oportunidade de ver uma exibição especial sobre Michelangelo no MET. Nela foram apresentados ao público vários trabalhos do mestre italiano, dos mais diversos tipos, desde rascunhos a esculturas.

O assombro com a obra é natural e decorrente de estar diante da produção de um artista de sua magnitude, mas, após alguns minutos de êxtase, outro aspecto daquilo tudo que via me arrebatou:

Gênios não nascem prontos (bom, talvez não SEMPRE).

Explico: na minha ignorância em termos de produção de arte, até então eu (inconscientemente) supunha que os artistas geniais tomavam seus pincéis de assalto e se punham a produzir, a toque de caixa, essas grandes obras que vemos hoje exibidas nos museus.

E não é isso que normalmente pensamos de nossos colegas de profissão que parecem estar no auge antes mesmo dos 30?

Dá um misto de angústia com sensação de incapacidade e aquela célebre pergunta "onde estou errando?" fica martelando dia e noite na cabeça.

Vivemos tempos de "é pra now", para usar uma expressão que uma amiga ouviu num contexto profissional, em que o sucesso parece estar à distância da leitura de um livro de autoajuda.

Minha geração padece da necessidade/busca de fórmulas prontas para dar certo na vida, o que joga a pressão interna nas alturas. Geração que acha normal tomar ritalina pra melhorar o desempenho, antidepressivo pra conseguir sorrir pras fotos nas redes sociais e ansiolítico pra dormir.

Michelangelo me devolveu a paz. Ao perceber (isto é, trazer para o consciente) naquela exposição que, mesmo para alguém considerado gênio, suas grandes obras foram fruto de meses ou anos de dedicação, que consumiram muitos rascunhos antes do trabalho final e que demandaram dedicação e esforços tremendos, por um instante minha mente desacelerou, meu peito relaxou e tirei um grande fardo dos ombros: estou, profissionalmente falando, exatamente onde deveria estar e meu esforço e dedicação que vão me levar aonde pretendo chegar, no momento certo.

Coincidentemente ou não, pouco tempo depois li numa revista qualquer que Da Vinci teria levado mais de 10 anos para concluir sua Gioconda. 10 anos para produzir a obra que o imortalizou! E ele já tinha passado dos 50 anos ao fazê-lo!

E a gente achando que é um fracasso porque ainda não conquistou o mundo aos 30!

Atribui-se a Thomas Edison uma frase que derruba estantes de autoajuda: "talento é 1% inspiração e 99% transpiração". E isso com certeza demanda tempo.

Foquemos em transpirar, portanto.




Luís Fernando Marques

Advogado I Especialista em Direito Tributário I Sócio na Marques, Martins e Assunção Advogados Associados

6 a

Ótima reflexão!

Leila Martins

Business Intelligence Analyst | PowerBI | DAX | AAS | SSIS | SQL | Tabular Editor | Databricks | Python | PySpark |Tableau

6 a

Adorei!!

Parabéns, gostei do que escreveu, me será útil!

Gabriel Baptista

Gestor | Arquiteto de Software | Professor | Empreendedor | Palestrante | Escritor | MSc | MBA | SQA | Agilista | Especialista em Azure, DotNet e IoT

6 a

Adorei! Parabéns!

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos