O Dia em que a Terra Parou
Por Benedito Villela - 21/03/2020
"Essa noite, eu tive um sonho de sonhador. Maluco que sou, eu sonhei com o dia em que a Terra parou. Foi assim: no dia em que todas as pessoas do planeta inteiro resolveram que ninguém ia sair de casa como que se fosse combinado em todo o planeta naquele dia, ninguém saiu de casa". Foi com essas palavras que o Maluco Beleza Raul Seixas compôs a canção O Dia em que a Terra Parou, em 1977, 50 anos antes da pandemia do Covid19 e da medida de isolamento social, adotada em todo o globo.
A verdade que a Terra não parou, mas deveria. Descobriu-se que a melhor prevenção para a doença era ficar longe e evitar qualquer contato pessoal. O afastamento virou sinal de amor, de querer bem, enquanto beijos e abraços viraram armas. Sorrisos expunham a fragilidade das mucosas ao inimigo invisível, o vilão da terceira guerra mundial, finalmente a guerra biológica a nível global, contra uma nação minúscula e apátrida, que atinge igualmente ricos e pobres, ainda que prefira os mais vulneráveis, como de costume. Como toda guerra, a desinformação foi uma das armas. E como toda guerra, vai destruir países, afastar amigos, dividir família e falir negócios. E levar à inevitável reflexão de valores.
Confinadas em casa, as pessoas redescobrem seus entes amados, os que estão do lado e os que estão longe. Diante do silêncio ensurdecedor, o que é importante volta a ficar em evidência. A tecnologia que servia para esquentar os apetites, agora está sendo usada para manter a fogueira de alguns negócios viva, e aquecer os corações e almas de quem está sozinho. Para se fazer exercícios em isolamento conjunto, happy hours e até mesmo chá de bebês virtuais. A curva de aprendizado perdeu a corrida para a curva de contaminação, na soberba de muitos acharem que se tratava de uma gripe.
E vem à tona o melhor e o pior das pessoas. Pessoas que esgotam produtos que não vão precisar, estocando seu egoísmo e deixando quem não tem condições sofrer, ao mesmo tempo que vizinhos se mobilizam para ajudar os mais atingidos pela crise. Novos golpes criados para roubar enquanto empresas que podem mudam seus modelos de negócio para tentar auxiliar a comunidade. Enxurradas de notícias falsas e notícias importantes se misturam.
Diante das incertezas que se acumulam como os casos das doença, os mais sensíveis olham para o autônomo, para o empreendedor e para o morador de rua. As pessoas estão procurando ver filmes como Contágio, Pandemia e Inferno, quando deveriam estar vendo Avatar. Nunca fomos mais interdependentes do que somos agora. Temos o dever de manter o negócio de bairro funcionando, o vizinho vivo, o sorriso do amigo vivo. Hora de aplaudir diariamente quem deixou a vida de lado para salvar outras vidas e não de gritar contra o opositor. Nunca compartilhamos o mesmo medo em tantas línguas e em tantos credos diferentes antes.
E não se enganem. Estamos atravessando a crise que vai definir nossa geração, separando em antes e depois. Quem entrou nela não será igual a quem saiu, se tiver sorte de sair. Que façamos disso um momento de reflexão e de união de propósito, união econômica e união de caridade com nossos iguais. Uma união no isolamento consciente e auto-imposto, para tentar dar uma chance de luta aos médicos, sistemas de saúde e laboratórios.
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4 aA mais brilhante reflexão! 🙏
Head de Produtos Digitais | Especialista em Desenvolvimento Produtos | Inovação | Machine Learning | Estratégia | Planejamento | Análise de Dados | Gestão de Equipes
4 aExcelente reflexão Benedito Villela ∴
Advogada | Mercado Financeiro | Mercado de Capitais | Reestruturação de Empresas | Insolvência
4 a👏🏻👏🏻👏🏻
Advogada Trabalhista Sênior | Coordenador Jurídico | Supervisor Jurídico
4 aQue texto lindo! Parabéns! Que saiamos fortalecidos, e mais sábios.
Advogada Especialista em Direito Sucessório e Planejamento Sucessório e Patrimonial
4 aPerfeita reflexão