O DILEMA DO CONSULTOR EM eSOCIAL
Com os prazos para a implantação do eSocial, de acordo com o faseamento, vão se esgotando faz com que as empresas - que não possuem equipe especializada - contratem consultorias. Nesse momento, embora seja para o consultor a perspectiva de um ótimo negócio, cabe pensar no modelo que melhor se adéqua ao cliente no que tange à implementação do programa. Segundo Shein (2008), há três modelos básicos: Especialista, Médico Paciente e Consultoria de Processos.
Nas empresas de pequeno porte, predomina o modelo “Especialista”, ou seja, a compra de determinada informação ou serviço em que o consultor vende ou recomenda a implementação e execução. O consultor se depara com a necessidade de precisão em seu diagnóstico, principalmente em termos de eSocial. O cliente abre mão do poder de controle e passa ao consultor o que eleva sua responsabilidade. Compete ao consultor analisar as tabelas e os eventos que se enquadram na organização, por exemplo, em um escritório de projetos residenciais, não há necessidade de reportar informações sobre pagamentos de adicionais de insalubridade e periculosidade. Porém, se o escritório presta serviço para empresas com áreas classificadas e as visitas são realizadas com determinada frequência, o modelo de análise altera completamente.
O modelo “Médico Paciente”, também utilizado nas empresas de pequeno porte, parte da premissa de examinar o que adoece ou atrapalha o desenvolvimento das ações. Nesse caso, a dependência do consultor é elevada em relação ao modelo anterior. A empresa depende mais do consultor e daí surge a situação em que o Médico (Consultor) necessita de total transparência do paciente (Cliente) para realizar sua anamnese e fechar o diagnóstico.
Para ilustrar, um caso hipotético, um diagnóstico na folha de pagamento em que o Cliente omite um pagamento “por fora”, informa tudo sobre os pagamentos registrados em carteira e o Consultor toma aquilo como verdade e fecha o diagnóstico que a folha atende e que só lançar as tabelas e rubricas. De repente, em um cruzamento de dados ou em uma ação trabalhista em que o erro é descoberto, há grande probabilidade que, nas consequências, a culpa seja atribuída ao Consultor. Dentre as duas situações supracitadas, a melhor alternativa é a CP Consultoria de Processos.
A Consultoria de Processos é a criação de uma relação com o cliente que permita a ele perceber, entender e agir sobre ambientes progressivos que ocorrem no seu ambiente interno e externo de modo a melhorar a situação tal como definida por esse cliente (SHEIN, 2008). Na definição, percebe-se a necessidade de construção de um relacionamento, principalmente pautado pela confiança. O cliente, dono do problema, deve buscar a solução. O Consultor está ali para auxiliar o cliente e ambos procuram meios para sanar as pendências.
Na implantação do eSocial, o Cliente deve analisar, juntamente com o Consultor, os seus processos. Há situações em que o auxilio de outros profissionais para contemplar os processos do cliente serão necessários. Por exemplo, Contador, Engenheiro ou Técnico de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho, Engenheiro de Processos e Advogados para analisar temas tratados em suas respectivas especialidades.
Compete ao consultor envolver o cliente, visto que, o trabalho conjunto de análise e resolução dos mesmos torna-se indispensável para o sucesso de qualquer melhoria ou implantação de um sistema, no caso, o eSocial. Dialogar com cliente de forma com que ele entenda sua importância no sucesso, bem como em resultados futuros, tornará prospera as perspectivas da empresa, independente do seguimento.
REFERÊNCIAS:
SCHEIN, E. H. Princípios da Consultoria de processos: para construir relações que transformam. São Paulo: Peirópolis, 2008.